domingo, 20 de outubro de 2013

INCURSÃO DE TROPAS DE ANGOLA NO CONGO

 

Deutsche Welle
 
Apesar de existir um pacto de não agressão entre Angola e a República do Congo, militares angolanos entraram no país vizinho e fizeram reféns. Fontes em Cabinda confirmaram a incursão em território do Congo Brazzaville.
 
Pelo menos 20 militares do país vizinho foram capturados e depois de dois dias restituídos à liberdade, a meio da tarde de quinta-feira (17.10) por ordens oriundas de Luanda para o enclave angolano rico em petróleo.
 
Uma outra fonte ligada à sociedade civil disse que o número é superior e entre eles estava um coronel, cujo nome não foi revelado.
 
Tensão mantém-se após libertação

O jornalista Cristóvão Luemba, o primeiro a narrar ao mundo o ataque à seleção do Togo em 2010, antes do Campeonato Africano das Nações (CAN), disse que essas pessoas foram libertadas, mas o clima de tensão continua.
 
“Os militares da República do Congo terão entrado em território angolano e isso levou a que as Forças Armadas angolanas fizessem uma incursão de resposta. Os militares angolanos também acabaram por entrar no território congolês. O que circula por aqui é que foram detidos alguns militares do exército congolês, mas depois de terem estado em Cabinda dois dias terão regressado ao seu país", disse o jornalista à DW África.

A incursão militar de Angola no Congo Brazzaville acontece cerca de um mês depois de os dois países terem feito uma avaliação dos marcos fronteiriços, como forma de limitar uma situação do género. O comissário Eusébio Domingos da Costa é o comandante da polícia em Cabinda de onde tudo partiu. "Isso vai ajudar Angola a debruçar-se ainda mais sobre a questão da segurança da sua fronteira, no interesse dos dois países, bem como sobre o problema da circulação de pessoas e mercadorias ao longo da fronteira entre os dois países".
 
Detidos são acusados de terrorismo
 
O ex-coronel da FLEC e hoje membro de uma facção do Fórum Cabinda para o diálogo, Kalabobo Vítor Gomes, disse que a situação atual é grave. A desculpa de Angola continua a ser a FLEC. “Houve invasão e algumas pessoas foram raptadas em território congolês e trazidas para Angola. Acho que a desculpa continua a ser sempre a mesma: a FLEC”.

Os militares da Republica do Congo, segundo soube a DW Africa, terão sido capturados com a intenção de soldados da guerrilha da FLEC (Frente de Libertação de Cabinda) de serem levados à cadeia, devido a actos de subversão contra o Estado angolano na visão de Luanda. Eles são acusados de actos de terrorismo.
 
O jornalista Cristóvão Luemba diz que percebe que em local militar seja difícil definir quem é quem. “Para poder estancar esta situação. Os militares angolanos ter-se-ão deparado com militares do Congo e como ninguém consegue identificar ninguém nessas situações, talvez os tenham confundido com elementos da FLEC”.

Kalabobo Victor Gomes que está em Luanda para, segundo ele, "encetar contactos com o governo e sectores críticos sobre a situação de Cabinda", deve haver uma posição mais firmes dos dois Congos (República Democrática do Congo e República do Congo).
 
As Forças Armadas angolanas negaram falar à DW África sobre o assunto. O mesmo aconteceu com o governo provincial de Cabinda.
 
Autoria: Manuel Vieira (Luanda) – Edição: António Rocha / Maria João Pinto
 
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