Romano Prates
Portugal, 2013. Último ano de subvida para muitos portugueses. Vem aí o Natal
Segundo o constante
nos cânones da Wikipédia foi há 49 anos e meio que veio ao mundo um tal Pedro
Manuel Mamede Passos Coelho. Coimbrão de nascimento (Sé Velha) foi
tenrinho para Vila Real (Trás-os-Montes), passando a infância em Angola - onde
o pai foi médico. De Angola veio em 1974 ao arrepio engrossar o exército de retornados na
Pátria Lusa. Desconhece-se se ele ou a família receberam subsídios e outras
benesses do organismo (IARN) que apoiava os retornados refugiados de Angola e de
outros país africanos chamados colónias mas que não passavam de territórios
ocupados por colonos e pelo exército português. E cá está, este Pedro Coelho. O Passos Boa Vida.
Há quase meio século
que este Coelho anda pelo mundo e ainda era muito imberbe quando aderiu ao PPD/PSD, daí
foi um pulo e um festival de expedientes e malabarismo para se guindar a chefe
da Juventude Social Democrata – entretanto o PPD passou a PPD/PSD – diga-se em
abono da verdade que de social-democrata não tem quase nada. No decorrer dos
anos na política, quase mais nada fez, de malabarismo em malabarismo, de
expediente em expediente, de mentira em mentira, o certo é que este Coelho
malandro – conhecido como o Passos – conseguiu ser eleito presidente do
seu partido em 2010 e em 2011 viu o PSD ser o partido mais votado nas eleições
legislativas, guindando-se a primeiro-ministro (por tanto prometer e mentir)
também com os votos do aliado CDS de Paulo Portas. Só assim conseguindo mairia
parlamentar. Entretanto em Belém estava um seu apaniguado partidário, Cavaco
Silva, Presidente da República. A direita portuguesa conseguiu assim
concretizar um antigo sonho, que também era do falecido Sá Carneiro e,
sobretudo, um Presidente da República, uma maioria, um governo. Finalmente, ao
fim de quase 40 anos de democracia, a direita mais retrógrada, concretizava o
seu sonho. O resultado está à vista e o desastre nacional também. Assim como o
regresso da exploração selvagem dos trabalhadores, o desemprego, a fome, a
miséria, a destruição da cultura, da educação, do Serviço Nacional de Saúde, da
Segurança Social. A agravar tudo, inflação e aumento de impostos. Subserviência
antipatriótica ao neoliberalismo que raza em muitos aspetos o fascismo de há décadas
atrás. Para Portugal tem sido o descalabro total. Em pouco mais de dois anos o
país regrediu mais de dez na economia, no desenvolvimento… em quase tudo. De
referir que todo o descalabro também tem acontecido sob a batuta da UE dominada
pela neoliberal Merkel, rodeada de títeres como Durão Barroso, entre outros. Portugal
afunda-se e a outros países da Europa está a acontecer o mesmo.
Volvidos mais de
dois anos de “austeridade”, uma santa esfingica que é o ídolo de Passos, de Cavaco
e de Portas, em Portugal – e de inúmeros dirigentes europeus – dizem eles que “estamos
a recuperar”. Portugal está a recuperar, a Europa também. Mas que grandes
mentirosos. Acenam com estudos, estatísticas, e outras panóplias em números que
só estão certas (se estiverem) nas suas páginas de canhenhos, mas a verdade é
que a vida dos portugueses piora de dia para dia. O desemprego sobe (eles dizem
que baixa porque a juventude e os de meia-idade está a emigrar, não contando
com os que já nem se inscrevem ou foram alienados pelos Centros de Emprego), as
prestações sociais são eliminadas em pouco tempo aos desempregados, muitos
outros não preenchem os condicionalismos para usufruírem esses direitos devido à
barreiras criadas pelo governo. As famílias, perdem a capacidade de suportar
despesas que lhes garantam a possibilidade de pagarem as contas de
eletricidade, de gás, de água ou telefone. Os transportes são “luxo”
inacessível para imensos portugueses, mesmo para procurarem emprego… Um drama.
Drama quotidiano agravado,
que se arrasta no tempo e no desespero, é o que vivem cerca de dois milhões de
portugueses. Outros dois milhões estão um pouco melhor… Mas estão mal. E
caminham para pior. Depois há os remediados e envergonhados. É a pobreza
envergonhada. Estimam-se em três milhões. Esses vão fintando a miséria, a fome,
o descalabro, mas estão a rebentar pelas costuras e não vão suportar muito mais
tempo a “santa austeridade”. Somando isto e lembrando que são pessoas,
portugueses, existem sete milhões de portugueses na miséria ou à beira da miséria.
E os idosos, desses é melhor nem falarmos. Deixem-nos morrer, para se livrarem
desta miséria provocada pelos políticos, banqueiros e associados do grande
capital, pelos mercados… Descansem em paz.
E então, perante
este panorama que vimos todos os dias, como é que é possível dizerem que
Portugal está a recuperar? Mentiras. Mentira de um Coelho malandro que se
arrisca a acabar misturado com arroz na caçarola. Mentiras de um bando de
mentirosos que todos os dias e a toda a hora são desmentidos pela realidade. Eles
bem podem dizer isto e aquilo, fazer promessas, querer vender esperanças
fraudulentas, que o certo é que cada vez a miséria é maior em Portugal e entre
os portugueses. Insuportável. Tanto que para muitos a saída é o suícidio. Vejam
as estatísticas e leiam nas entrelinhas os encobrimentos que possam existir. Quando
um país apresenta aos seus cidadãos o suícidio como a luz ao fundo do túnel o
que merecem esses dirigentes?
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