O presidente do
Movimento para a Democracia (MpD, oposição cabo-verdiana) insistiu hoje nas
críticas à política económica do Governo, defendendo um "novo rumo"
para que o partido chegue ao poder em 2016 e "salve" o país.
Ulisses Correia e
Silva falava na abertura da Direção Nacional do MpD, órgão máximo entre
convenções, onde destacou o "fraco" crescimento económico (1,2% em
2012), alta taxa de desemprego (16,7%) e elevados índices de pobreza (25%), que
têm provocado a deterioração da segurança e endividado o país (98% do PIB).
"Mais de
130.000 pessoas (de uma população estimada em meio milhão de habitantes) vivem
com menos de 150 escudos (1,36 euros) por dia e mais de 90.000 estão no
desemprego ou no subemprego", afirmou Correia e Silva, criticando os 13
anos de sucessivos governos do Partido Africano da Independência de Cabo Verde
(PAICV).
"Que conceito
é este de progresso que arrasta as pessoas para o desemprego, que coloca as
famílias e os trabalhadores na pobreza, que coloca mais de 30% dos jovens fora
do sistema escolar por falta de rendimento dos pais, que arrasta as empresas
para a falência, que tem o país endividado e classificado como alto risco e
lixo", elencou.
Para o líder do
MpD, eleito na convenção de junho de 2013 e que se mantém como presidente da
Câmara da Cidade da Praia, o Governo de Cabo Verde "já deu sobejas
provas" de que não vai conseguir mudar de rumo, uma vez que, disse, tem um
conceito de desenvolvimento "desfocado das pessoas".
"O momento
económico e social é de grande responsabilidade. Entidades reputadas, como o
Banco Mundial (BM), Grupo de Apoio Orçamental (GAO) e União Europeia (UE)
caracterizam a situação económica e social atual como a mais crítica na
história económica de Cabo Verde", salientou.
Nesse sentido,
afirmou que o MpD deve preparar-se para a tripla votação de 2016 -
presidenciais, legislativas e autárquicas - para a vencer para que, depois,
possa alterar as políticas e colocar Cabo Verde na lista dos primeiros dez
pequenos países insulares avaliados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
das Nações Unidas.
Acusando o
executivo de José Maria Neves, à frente dos sucessivos governos desde 2001, de
ter "partidarizado" a administração pública, Correia e Silva afirmou
que o primeiro-ministro "açambarcou" e "partidarizou" as
agendas internacionais, como a da ONU Pós-2015, para promover a transformação
económica de Cabo Verde até 2030.
Salientou que, com
o MpD no poder - já foi Governo entre 1991 e 2001 -, haverá uma "nova
geração de políticas económicas", visando a redução do défice orçamental,
a reavaliação da estratégia para criar impacto do investimento público no
crescimento económico e o aumento da produtividade e da eficácia no setor
público.
A aposta, insistiu,
tem de ser no capital humano, mas também no Turismo, sustentabilidade
ambiental, em que terá de prevalecer um Governo "reformista", dando
prioridade ao emprego e à focalização das políticas públicas na família e no
país.
"A pobreza e a
pobreza extrema, o desemprego elevado, a falta de rendimentos, a baixa
competitividade, o abandono escolar e as altas taxas de mortalidade infantil
não são fatalidades, mas resultados de atitudes e políticas concretas do
Governo", concluiu.
A Direção Nacional
do MpD, de 51 membros, só apresentará os resultados da reunião, que prosseguiu
à porta fechada, numa conferência de imprensa marcada para segunda-feira.
Lusa, em Notícias
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