Público - DIRECÇÃO EDITORIAL
A troca de palavras
entre Barroso e Constâncio vem reavivar um caso há muito adormecido.
A comissão de
inquérito ao caso BPN chegou à conclusão de que o banco tinha custado 3405
milhões aos cofres do Estado e que, no pior dos cenários, o custo poderia
atingir os 6509 milhões. É a dimensão desta factura, que ainda hoje os
portugueses estão a pagar com austeridade, que fez com que o caso BPN fosse
alvo de um intenso escrutínio, não só por parte da opinião pública como também
por parte do Parlamento, que realizou duas comissões de inquérito para tentar
apurar o que falhou, nomeadamente ao nível da supervisão.
As conclusões das
comissões não foram esclarecedoras e continua ainda muito por explicar. E mais
há ainda a explicar quando aparece Durão Barroso a revelar que quando era
primeiro-ministro chamou “três vezes o Vítor Constâncio a São Bento para saber
se aquilo que se dizia do BPN era verdade”. O anterior governador do Banco de
Portugal veio ontem responder, dizendo que não se recordava de ter sido
convocado para falar “expressamente” sobre o caso BPN.
São revelações, de
ambas as partes, que vêm acrescentar ainda mais dúvidas ao já de si duvidoso
caso BPN. Mais do que dar resposta sobre o que se passou, o que disseram
Constâncio e Barroso levanta novas interrogações. Tais como: por que é que só
agora, passada uma década sobre o suposto encontro, é que Barroso se lembra de
divulgar uma informação que, a ser verdadeira, poderia ser relevante para os
trabalhos da comissão de inquérito? E depois de chamar Constâncio, as suas
dúvidas ficaram esclarecidas? E Vítor Constâncio, se não se recorda dos encontros,
o que veio acrescentar à discussão ao falar ontem com os jornalistas? E se
Constâncio foi realmente a São Bento, que diligências fez ou deixou de fazer?
Infelizmente no
caso BPN, passados todos estes anos, a única certeza é a conta que todos os meses
chega aos contribuintes para pagarem.
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