sexta-feira, 30 de maio de 2014

Murteira Nabo critica falta de coordenação da CPLP no setor económico




Lisboa, 30 mai (Lusa) - O economista português Francisco Murteira Nabo criticou hoje a falta de coordenação da CPLP no setor económico, considerando que a área foi a que menos cresceu desde a criação da organização em 1996, se comparada à cultura.

Falando numa conferência sobre o "Espaço Lusófono (1974-2014): Trajetórias económicas e políticas", Francisco Murteira Nabo defendeu uma mudança da estratégia dos oito estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) visando o reforço da cooperação económica.

"Passados 18 anos já não se justifica certas coisas", disse na intervenção feita no painel que discutiu a Cooperação, Empresas e Investimentos nos países lusófonos.

Francisco Murteira Nabo considerou, por exemplo, que Portugal perdeu uma "enorme oportunidade" de negócio ao voltar as costas ao Atlântico, nomeadamente o Brasil.

Contudo, criticou a atitude de certas empresas portuguesas que ignoram os riscos de investimentos no Brasil, por achar que a língua é um fator de aproximação.

Citando o caso da Portugal Telecom, na altura em que era dirigida pelo próprio economista português, Murteira Nabo reconheceu que a empresa ignorou o risco do mercado ao se instalar no Brasil baseando-se no fator língua, quando, neste campo de telefonia móvel, o mercado brasileiro é tradicionalmente virado para as regras de negócios norte-americanas.

Para Murteira Nabo, verifica-se "negligência de análise dos novos mercados" por parte de certas empresas portuguesas.

"A língua é igual, mas a realidade é diferente. O fator de proximidade, por vezes, leva à negligência por aspetos técnicos", pelo que "o risco tem que ser avaliado", afirmou.

Na opinião do economista, as empresas portuguesas devem procurar uma integração mais fácil nos países de língua portuguesa, porque no "espaço lusófono" existe "oportunidade para todos".

MMT // EL - Lusa

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