Hong
Kong, China, 20 jun (Lusa) -- Mais de 200 mil pessoas já participaram no
referendo sobre a reforma eleitoral em Hong Kong , uma votação não oficial lançada num
clima de tensão, com a ala democrata a temer que Pequim recue na sua promessa
de sufrágio universal.
Às
17:00 locais (10:00 em Lisboa), ou seja, cinco horas depois da abertura
'online' das urnas, 200.928 pessoas tinham participado no "referendo
civil" informal que pede aos residentes para escolherem um de três métodos
de votação para o próximo chefe do Executivo de Hong Kong, em 2017.
O
"Occupy Central", um movimento local pró-democracia que organiza a
votação, a qual decorre até ao próximo dia 29, considera que uma elevada taxa
de participação iria demonstrar a determinação de Hong Kong em conquistar o
"verdadeiro" sufrágio universal para a Região Administrativa Especial
chinesa.
A
implementação do sufrágio universal para a eleição do chefe do executivo, em
2017, e para o Conselho Legislativo (parlamento), em 2020, figura como o grande
"cavalo de batalha" da ala pró-democrata da antiga colónia britânica.
O
chefe do executivo de Hong Kong é escolhido por um colégio eleitoral formado
por 1.200 membros, representativos dos vários setores da sociedade, dominado
por elites pró-Pequim.
A
China prometeu sufrágio direto nas próximas eleições para o chefe do Executivo
em 2017, mas condicionadas a uma triagem, ou seja, a população poderá escolher
o seu representante máximo mas apenas entre o universo de candidatos escolhidos
numa pré-seleção por um comité.
Muitos
democratas em Hong Kong
temem que Pequim escolha os candidatos a fim garantir a eleição de alguém do
seu agrado.
"Se
conseguíssemos uma boa taxa de participação isso mostraria que as pessoas de
Hong Kong estão realmente comprometidas com a verdadeira democracia",
disse hoje Benny Tai, um dos fundadores do movimento "Occupy
Central", no lançamento do referendo informal.
Os
residentes têm exercido o seu voto 'online' e através de aplicações de
'smartphones', mas a organização planeia espalhar urnas em toda a cidade no
próximo domingo.
As
autoridades chinesas sustentam que qualquer referendo em Hong Kong sobre o método
de eleição do seu líder não terá qualquer base jurídica, pelo que será
considerado ilegal e inválido, refere um despacho da agência oficial chinesa
Xinhua.
Para
01 de julho, data da transferência de soberania de Hong Kong para a China, está
prevista, como habitualmente, uma manifestação.
Os
organizadores da marcha pró-democracia, que decorre todos os anos, esperam a
participação de pelo menos 100 mil pessoas.
A
Frente Civil de Direitos Humanos considera 2014 um ano crucial para Hong Kong
por causa da reforma política, pelo que apenas uma elevada adesão ao protesto
pode garantir que o desejo do povo por verdadeira democracia é recebido em
Pequim.
DM
// VM - Lusa
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