sexta-feira, 20 de junho de 2014

Mais de 200 mil já votaram em referendo à democracia em Hong Kong




Hong Kong, China, 20 jun (Lusa) -- Mais de 200 mil pessoas já participaram no referendo sobre a reforma eleitoral em Hong Kong, uma votação não oficial lançada num clima de tensão, com a ala democrata a temer que Pequim recue na sua promessa de sufrágio universal.

Às 17:00 locais (10:00 em Lisboa), ou seja, cinco horas depois da abertura 'online' das urnas, 200.928 pessoas tinham participado no "referendo civil" informal que pede aos residentes para escolherem um de três métodos de votação para o próximo chefe do Executivo de Hong Kong, em 2017.

O "Occupy Central", um movimento local pró-democracia que organiza a votação, a qual decorre até ao próximo dia 29, considera que uma elevada taxa de participação iria demonstrar a determinação de Hong Kong em conquistar o "verdadeiro" sufrágio universal para a Região Administrativa Especial chinesa.

A implementação do sufrágio universal para a eleição do chefe do executivo, em 2017, e para o Conselho Legislativo (parlamento), em 2020, figura como o grande "cavalo de batalha" da ala pró-democrata da antiga colónia britânica.

O chefe do executivo de Hong Kong é escolhido por um colégio eleitoral formado por 1.200 membros, representativos dos vários setores da sociedade, dominado por elites pró-Pequim.

A China prometeu sufrágio direto nas próximas eleições para o chefe do Executivo em 2017, mas condicionadas a uma triagem, ou seja, a população poderá escolher o seu representante máximo mas apenas entre o universo de candidatos escolhidos numa pré-seleção por um comité.

Muitos democratas em Hong Kong temem que Pequim escolha os candidatos a fim garantir a eleição de alguém do seu agrado.

"Se conseguíssemos uma boa taxa de participação isso mostraria que as pessoas de Hong Kong estão realmente comprometidas com a verdadeira democracia", disse hoje Benny Tai, um dos fundadores do movimento "Occupy Central", no lançamento do referendo informal.

Os residentes têm exercido o seu voto 'online' e através de aplicações de 'smartphones', mas a organização planeia espalhar urnas em toda a cidade no próximo domingo.

As autoridades chinesas sustentam que qualquer referendo em Hong Kong sobre o método de eleição do seu líder não terá qualquer base jurídica, pelo que será considerado ilegal e inválido, refere um despacho da agência oficial chinesa Xinhua.

Para 01 de julho, data da transferência de soberania de Hong Kong para a China, está prevista, como habitualmente, uma manifestação.

Os organizadores da marcha pró-democracia, que decorre todos os anos, esperam a participação de pelo menos 100 mil pessoas.

A Frente Civil de Direitos Humanos considera 2014 um ano crucial para Hong Kong por causa da reforma política, pelo que apenas uma elevada adesão ao protesto pode garantir que o desejo do povo por verdadeira democracia é recebido em Pequim.

DM // VM - Lusa

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