domingo, 1 de junho de 2014

Portugal: A VERDADEIRA CENSURA



Vitor Rainho  - Sol, opinião

Raramente se fala em censura em Portugal e damos por adquirido que o lápis azul se partiu definitivamente com o 25 de Abril de 1974.

Os governos não exigem os textos antes de estes serem publicados (seria engraçado imaginar os sites à espera da aprovação de um qualquer exame prévio…), e ninguém, supostamente, ‘corta’ prosa por questões ideológicas, desde que estas não violem a Constituição.

Mas a verdadeira censura, que se mantém e a tudo resiste, é económica. Muitos meios de comunicação inibem-se de publicar determinadas matérias para não correrem o risco de perderem a publicidade deste ou daquele cliente a quem tais matérias possam desagradar. Nos últimos dias, um tema tem enchido as primeiras páginas dos jornais: os escândalos e a iminente sucessão de liderança no BES. Seria muito curioso alguém estudar os jornais de há meia dúzia de meses para ver quem teve a coragem de denunciar esses mesmos problemas e a história do homem que comanda os destinos do banco há tantos anos. A história é antiga, mas poucos, raros mesmo, a denunciaram para não perderem as campanhas de publicidade do banco (e de algumas grandes empresas a ele associadas).

Há volta a dar? Sim, se os meios de comunicação social não estiverem tão dependentes das tais receitas publicitárias. E se, acima de tudo, honrarem os princípios de independência e rigor que asseguram uma informação livre.

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