Vitor
Rainho - Sol, opinião
Raramente
se fala em censura em Portugal e damos por adquirido que o lápis azul se partiu
definitivamente com o 25 de Abril de 1974.
Os
governos não exigem os textos antes de estes serem publicados (seria engraçado
imaginar os sites à espera da aprovação de um qualquer exame prévio…), e
ninguém, supostamente, ‘corta’ prosa por questões ideológicas, desde que estas
não violem a Constituição.
Mas
a verdadeira censura, que se mantém e a tudo resiste, é económica. Muitos meios
de comunicação inibem-se de publicar determinadas matérias para não correrem o
risco de perderem a publicidade deste ou daquele cliente a quem tais matérias
possam desagradar. Nos últimos dias, um tema tem enchido as primeiras páginas
dos jornais: os escândalos e a iminente sucessão de liderança no BES. Seria
muito curioso alguém estudar os jornais de há meia dúzia de meses para ver quem
teve a coragem de denunciar esses mesmos problemas e a história do homem que
comanda os destinos do banco há tantos anos. A história é antiga, mas poucos,
raros mesmo, a denunciaram para não perderem as campanhas de publicidade do
banco (e de algumas grandes empresas a ele associadas).
Há
volta a dar? Sim, se os meios de comunicação social não estiverem tão
dependentes das tais receitas publicitárias. E se, acima de tudo, honrarem os
princípios de independência e rigor que asseguram uma informação livre.
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