segunda-feira, 30 de junho de 2014

STANDARD BANK ANGOLA. IRREGULARIDADES E GESTÃO DANOSA?



Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Irregularidades e ilegalidades cometidas por entidades bancárias têm sido do conhecimento público de modo praticamente global, talvez com maior incidência nos EUA e na Europa. Mais ainda desde que foi despoletada a crise mundial que tem tido por alvo dominar governos e explorar as populações.

Operações dúbias e “mistérios” bancários são frequentemente denunciados na comunicação social, com maior incidência na Internet. Lembremos o caso já aqui abordado por diversas vezes sobre o Banco Espírito Santo Angola (BESA), de onde “desapareceram misteriosamente” mais de 5,7 mil milhões sem que até hoje o dito “mistério” tenha sido desvendado. O que se sabe são pormenores muito menores, como o facto de haver registos considerados caricatos de levantamentos parciais da referida importância “desaparecida”, em dinheiro, de 500 milhões. Grandes bolsos tiveram de ter, quem fez tais levantamentos, para acomodar tantas notas.

O mesmo BES, em Portugal, anda há umas quantas semanas nas bocas do mundo e no arrasto de processo obscuro para a grande maioria dos que assistem à já chamada novela Espírito Santo – família que anda às cabeçadas entre eles e mais quem vier – decerto embriagados com a tomada de poderes e a ocultação de uns quantos “podres”. Já não bastava o “desaparecimento” dos milhares de milhões em Angola…

O que se pode perguntar nesta economia e finanças a que chamam de moderna é se o cidadão comum pode confiar nos bancos. Poderá? Parece que não. Como bola de neve o pouco que se sabe de podridão e desonestidade vai caindo na praça pública. Desde a passada sexta-feira a atividade bancária na Bulgária está a ocupar manchetes porque parece que tudo vai mal na oculta nebulosa do sistema daquele país. Ao ponto de se verificar que a corrida aos bancos para efeitos de levantamentos levou o poder político a intervir e afirmar que tudo está bem e controlado. Verdade? Dificilmente será verdade. Os governos, os políticos nos poderes, não são mais nem menos que funcionários dos banqueiros e dos que dominam o sistema capitalista. Fazem o que lhes ordenam, dizem o que lhes ordenam. Já lá vai o tempo de um eleito servir o país e as populações. A tudo e a todos sobrepõe-se a pátria do cifrão.

Ainda em Angola, outro banco está a ser assinalado em práticas de “diversas irregularidades”, assim como “gestão danosa”. Quem o refere é um grupo de colaboradores que contactou o Página Global e que de sua lavra publicamos o texto que imediatamente se segue sem pôr mais na escrita. Cada um dispense a credibilidade que considerar. Por aqui ficamos à espera dos próximos capítulos.

Os bancos e os banqueiros, ai os banqueiros!

Carta de denúncia relativo a actividade da Standard Bank em Angola

Exmos. Senhores,

Com esta carta temos como objectivo dar a conhecer diversas irregularidades, bem como a gestão danosa do Standard Bank em Angola, e acreditamos expressar o sentimento da generalidade dos trabalhadores angolanos desta instituição. Há três anos já tinhamos feito um primeiro relato, e com este manifesto pretendemos denunciar publicamente práticas sócio-laborais discriminatórias, bem como irregularidades da direcção.

Todos conhecemos pela comunicação social dos desmandos e atropelos à Lei que o Standard Bank tem vindo a fazer em relação aos seus funcionários em todos os países onde tem presença, onde Angola não tem sido exepção. Os tribunais da África do Sul estão “entupidos” com processos de trabalho que ex-funcionários reclamam por práticas laborais ilegais.

Estranhamos como é que o Sr. Pinto Coelho, um ex-quadro de topo do banco BANIF, esteve envolvido numa enorme fraude contra o Estado Angolano no valor de USD 150 milhões, e que foi frustrada pelas “artimanhas” dos negociadores dos Administradores destes, e seus advogados, passou a ser o CEO desta instituição em Angola. Advinha-se o tipo de operações financeiras e em que maus lençóis o banco poderá estar, havendo conversas de corredor e comparações com o BESA.

Este senhor nunca teve experiência de trabalho nem em África nem muito menos em Angola, assim como também nunca geriu uma operação bancária de A a Z.

Apesar de existirem quadros cuja função deveria ser vigiar a legalidade do funcionamento da instituição, foram efectuadas no decurso dos últimos dois anos operações financeiras que merecem a atenção do Banco Nacional, assim como da casa mãe na África do Sul. No quadro de angolanização, é de estranhar como é que este senhor ainda se encontra em funções após tantos anos.

Nos casos em que a naturalização dos supostos “regressados” foi recente, nem se percebe qual o laço familiar angolano, sendo que a diferença de condições mantém-se em relação aos colegas verdadeiramente angolanos, com vencimentos somente vistos nas petrolíferas, onde a taxa de abstinência são muito superiores devido frequentes viagens para obtenção de vistos, deslocações por razões médicas, etc…

Um caso que foi silenciado para proteger a reputação deste banco, mas que nos corredores foi muito comentado, foram as fraudulentas acções do responsável de património, com uma relação muito próxima ao CEO.

Este ex-colega tem-se envolvido nos últimos dois anos em negociações de contratação de espaços para balcões no mínimo duvidosas. No que respeita as manutenções e equipamentos tem-se percebido que houve igualmente direito a benefícios vindo dos fornecedores. No momento em que os rumores começaram a circular, este elemento foi graciosamente afastado para não criar uma imagem negativa em torno da gestão/liderança deste banco sul-africano. Nota negativa tanto para a direcção geral como para os recursos humanos. Esperamos que o sucessor, que subiu internamente, não dê continuidade a estas práticas.

Não compreendemos como é que o Standard Bank não contrata funcionários angolanos para funções de responsabilidade – como se não houvesse quadros nacionais com as qualidades humanas e técnicas de elevado potencial!

Não compreendemos porque é que confrontam a Lei laboral e continuam na impunidade. Não compreendemos como é possível ter uma liderança, com uma pessoa de competência técnica muito questionável, e sem a mínima sensibilidade para os recursos humanos que gere, e tão pouco respeite a Lei e as instituições angolanas.

Somos funcionários desta instituição e queremos que o sucesso da empresa será o nosso sucesso. Não gostaríamos de fazer parte das estatísticas de mais um fracasso do investimento sul-africano em Angola. É necessário que o Standard Bank reconheça que o desenvolvimento de uma instituição sustentável em Angola, passa necessariamente por centrar-se na valorização do capital humano.

Este é um manifesto de revolta, mas também um apelo desesperado às autoridades competentes para que ponham cobro a esta situação!

Atentamente,

Grupo de Colaboradores Anónimos

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