Órgãos
de comunicação social do Estado usados “para minorar ou até diabolizar as
acções da oposição”. Comícios da UNITA e Bloco Democrático (BD) infiltrados
pelos serviços secretos e mesmo interrompidos por “militantes afectos ao
regime, em conluio com agentes da autoridade”. Justino Pinto de Andrade, líder
do BD, denunciou na abertura do 6º Conselho Nacional do partido o que qualifica
de “cerco político e mediático à oposição”.
“Os
que nos governam temem o desenvolvimento de forças políticas alternativas, por
isso, buscam a todo custo asfixiar as suas iniciativas. Na realidade, o que
eles querem é ficar sozinhos, sob uma aparência multipartidária”, afirmou Pinto
de Andrade. Nos últimos meses, têm sido assinalados focos de crescente
recrudescimento do ambiente político em Angola, conforme noticiou o África
Monitor Intelligence.
Além
dos ataques através dos órgãos de comunicação social do Estado, adiantou, agora
o regime “assenhorou-se de boa parte” dos privados também, que serviam de
“verdadeiro respiradouro para o resta da sociedade”. Hoje “temos uma verdadeira
censura a funcionar… É indisfarçável o cerco político mediático à oposição,
afirmou o político angolano, histórico dissidente do MPLA.
Pinto
de Andrade evoca o caso sucedido há poucos dias na Província do Huambo, quando
militantes afectos ao regime, “em conluio com agentes da autoridade, agrediram
selvaticamente” militantes da UNITA. Trata-se, afirma, de uma “prática
reiterada”, sem que responsáveis locais ou mesmo nacionais tomem providências.
Também
o BD já registou casos de repressão, durante ações de campanha na Província do
Bié. “Fomos ostensivamente infiltrados e acompanhados por agentes de
espionagem”. Estes "também vasculham, espionam e reprimem actividades da
sociedade civil não obediente ao regime. Por exemplo, "os jovens que
pretendem manifestar-se por uma qualquer razão, são agredidos, espancados,
encarcerados e levados a tribunal”. Mais recentemente, depois de agredidos são
deixados em local ermo e perigoso, a dezenas quilómetros de Luanda”.
“Clara
desaceleração no crescimento da economia”
Para
Pinto de Andrade, é a “fragilidade das opções de política económica do regime”
que explica o abrandamento económico em Angola. O país debate-se com dificuldades em
diversificar a economia para além da exploração dos recursos naturais. Esta,
afirma, tem beneficiado apenas a elite política e económica.
“Os
nossos oligarcas têm se apoderado de uma fatia cada vez mais suculenta do bolo
nacional. Eles condicionam as opções nacionais aos seus próprios interesses.
(…) E fazem-no, hipocritamente, em nome do interesse nacional, com o qual
querem que se confundam as suas pessoas”, disse o líder do BD. Deixou críticas
ainda aos “parceiros internacionais”, que “partilham os resultados do saque”.
“Com
corrupção não é possível construir uma sociedade desenvolvida. A corrupção
encarece os custos e penaliza os mais pobres. A corrupção premeia os mais
incompetentes e deteriora os alicerces democráticos de uma sociedade. Trata-se
de um cancro económico, social e político”, adiantou.
África Monitor, em Angola 24 Horas
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