quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Angola - SAMAKUVA ACUSA: BESA ESTÁ AO SERVIÇO DE ACTOS ILÍCITOS



Folha 8, 23 agosto 2014

O “caso” BESA cons­titui “um exemplo de como pessoas nas vestes de agentes do Estado uti­lizam os fundos públicos e a autoridade pública para actos ilícitos”, afirma Isaías Samakuva.

O presidente da UNITA classificou o “caso” Ban­co Espírito Santo Angola (BESA) como exemplo da utilização de fundos pú­blicos para “actos ilícitos”, questionando-se sobre o interesse de “tantos ban­cos” no país.

“O caso do BESA também levanta sérias questões sobre a integridade do sis­tema bancário angolano. Como perguntam os mais ingénuos: porque é que um país de desemprega­dos, sub-empregados e de trabalhadores mal pagos que não fazem poupan­ças tem tantos bancos? O que atrai os bancos para Angola?”, questiona Isaías Samakuva.

As dúvidas do líder do Galo Negro aludem aos 25 bancos que operam no país. “São as oportunida­des de ganhar dinheiro fácil através da delapida­ção do Tesouro Nacional? Será que os que governam o país precisam dos ban­cos internacionais, que são respeitados interna­cionalmente, para virem cá e receber o produto do roubo na forma de depó­sitos?”, interrogou-se ain­da Samakuva, acusando o sistema bancário de não perguntar pela origem do dinheiro.

“Pegam numa parte desse dinheiro e distribuem a certas pessoas do regime. E outra parte entra em aviões para destinos des­conhecidos. À distribuição que fazem chamam em­préstimos, só que depois nunca mais pagam tais empréstimos”, enfatizou.

Sobre o BESA, detido maioritariamente pelo Banco Espírito Santo por­tuguês (55 por cento) e agora sob intervenção do Banco Nacional de Angola, o líder da UNITA afirma que o “caso” constitui “um exemplo de como pessoas nas vestes de agentes do Estado em Angola utili­zam os fundos públicos e a autoridade pública para actos ilícitos”.

Aludindo ao crédito mal­parado naquele banco, que segundo a UNITA po­derá atingir os cinco mil milhões de dólares, Isaías Samakuva recordou que esses empréstimos, alegadamente sem garantias suficientes, serviram o in­teresse privado.

“Estes privados ficaram com o dinheiro, ficaram com as casas, ficaram com as empresas e não querem pagar”, acusa, reclamando a constituição de uma co­missão de parlamentar de inquérito, nomeadamente sobre a emissão de uma garantia soberana do Es­tado – cuja revogação foi entretanto anunciada pelo BNA – sobre estas dívidas. “Quem fala do BESA, fala também dos buracos que existirão nos outros ban­cos e das lavagens de di­nheiro aí praticadas. Todo o sistema bancário está minado”, afirma o líder da UNITA.

Retomando as críticas à liderança de José Eduar­do dos Santos, Samakuva afirma que “um grupo de predadores que se con­funde com o Estado” e uti­liza o sistema financeiro nacional “para executar operações ilícitas de bran­queamento de capitais, enriquecimento ilícito e corrupção, dentro e fora de Angola”. “E a Justiça angolana mostra-se inca­paz de investigar e julgar tais crimes”, remata.

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