Folha
8, 23 agosto 2014
O
“caso” BESA constitui “um exemplo de como pessoas nas vestes de agentes do
Estado utilizam os fundos públicos e a autoridade pública para actos
ilícitos”, afirma Isaías Samakuva.
O
presidente da UNITA classificou o “caso” Banco Espírito Santo Angola (BESA)
como exemplo da utilização de fundos públicos para “actos ilícitos”,
questionando-se sobre o interesse de “tantos bancos” no país.
“O
caso do BESA também levanta sérias questões sobre a integridade do sistema
bancário angolano. Como perguntam os mais ingénuos: porque é que um país de
desempregados, sub-empregados e de trabalhadores mal pagos que não fazem
poupanças tem tantos bancos? O que atrai os bancos para Angola?”, questiona
Isaías Samakuva.
As
dúvidas do líder do Galo Negro aludem aos 25 bancos que operam no país. “São as
oportunidades de ganhar dinheiro fácil através da delapidação do Tesouro
Nacional? Será que os que governam o país precisam dos bancos internacionais,
que são respeitados internacionalmente, para virem cá e receber o produto do
roubo na forma de depósitos?”, interrogou-se ainda Samakuva, acusando o
sistema bancário de não perguntar pela origem do dinheiro.
“Pegam
numa parte desse dinheiro e distribuem a certas pessoas do regime. E outra
parte entra em aviões para destinos desconhecidos. À distribuição que fazem
chamam empréstimos, só que depois nunca mais pagam tais empréstimos”,
enfatizou.
Sobre
o BESA, detido maioritariamente pelo Banco Espírito Santo português (55 por
cento) e agora sob intervenção do Banco Nacional de Angola, o líder da UNITA
afirma que o “caso” constitui “um exemplo de como pessoas nas vestes de agentes
do Estado em Angola utilizam os fundos públicos e a autoridade pública para
actos ilícitos”.
Aludindo
ao crédito malparado naquele banco, que segundo a UNITA poderá atingir os
cinco mil milhões de dólares, Isaías Samakuva recordou que esses empréstimos, alegadamente sem garantias suficientes, serviram o interesse privado.
“Estes
privados ficaram com o dinheiro, ficaram com as casas, ficaram com as empresas
e não querem pagar”, acusa, reclamando a constituição de uma comissão de
parlamentar de inquérito, nomeadamente sobre a emissão de uma garantia soberana
do Estado – cuja revogação foi entretanto anunciada pelo BNA – sobre estas
dívidas. “Quem fala do BESA, fala também dos buracos que existirão nos outros
bancos e das lavagens de dinheiro aí praticadas. Todo o sistema bancário está
minado”, afirma o líder da UNITA.
Retomando
as críticas à liderança de José Eduardo dos Santos, Samakuva afirma que “um
grupo de predadores que se confunde com o Estado” e utiliza o sistema
financeiro nacional “para executar operações ilícitas de branqueamento de
capitais, enriquecimento ilícito e corrupção, dentro e fora de Angola”. “E a
Justiça angolana mostra-se incapaz de investigar e julgar tais crimes”,
remata.
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