quinta-feira, 7 de agosto de 2014

BES. Portugueses acham que BdP e Procuradoria agiram tarde - sondagem



Carlos Diogo Santos – jornal i

Segundo a sondagem i/Pitagórica, as declarações do governo e do Banco de Portugal sobre o BES não inspiraram confiança

A grande maioria dos portugueses está convencida de que o Banco de Portugal (BdP) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) deveriam ter actuado mais cedo nos problemas do Banco Espírito Santo. De acordo com uma sondagem i/Pitagórica, realizada poucos dias antes de ser anunciado o fim do BES e a sua divisão em duas partes, metade dos inquiridos disseram também não ter confiado nas mensagens de tranquilidade que governo e BdP foram transmitindo desde a saída de Ricardo Salgado do banco.

Nos últimos meses, o Banco de Portugal levou a cabo várias diligências para tentar minimizar as consequências dos problemas económicos do Grupo Espírito Santo no BES e no sistema financeiro português. Mas para grande parte dos portugueses a pressão feita para a saída de Salgado, em Junho, ou mesmo a imposição de uma reunião do conselho de administração do BES - no mês passado - para cooptação de Vítor Bento foram medidas que tardaram a chegar.

Cerca de 70% consideram que o Banco de Portugal deveria ter agido mais cedo. De acordo com os resultados desta sondagem apenas 14,9% acham que as diligências levadas a cabo pelo supervisor bancário nos últimos meses aconteceram no tempo certo. Por outro lado, 2,2% defenderam que Carlos Costa deveria ter aguardado mais tempo antes de tomar qualquer medida. Da amostra, apenas 13,7% disseram não saber ou não querer responder.

Os portugueses, contudo, não apontam culpas apenas à supervisão e consideram que o Ministério Público também agiu demasiado tarde neste caso. Dois em cada três inquiridos defendem que a Procuradoria-Geral da República demorou muito tempo a tomar decisões.

Esta sondagem i/Pitagórica que aconteceu já depois de a PGR ter confirmado - a 18 de Julho - a existência de investigações criminais em curso sobre o caso BES concluiu, ainda assim, que para 18,5% dos inquiridos a intervenção aconteceu na altura certa. Apenas 2,6% defenderam que o órgão que governa o Ministério Público deveria ter esperado mais algum tempo antes de agir e 15,4% não sabem ou não quiseram responder.

Até ser anunciada a solução encontrada para contornar os problemas do Banco Espírito Santo, o BdP e vários membros do governo afirmaram que o banco não oferecia problemas de liquidez e que estava blindado às dificuldades financeiras do Grupo Espírito Santo (GES). Mas as várias mensagens transmitidas através dos meios de comunicação social não convenceram os portugueses: só 8,8% disseram ter "total" ou "muita confiança" nas garantias dadas pelo executivo de Pedro Passos Coelho e pelo BdP. Mais de metade dos inquiridos disseram que não ficaram convencidos com essas declarações públicas. Dos entrevistados, 26,2% disseram não ter "nenhuma confiança" e 28,4% adiantaram ter "pouca confiança". Ainda assim, 28,4% asseguram ter tido "alguma confiança" nessas afirmações que davam conta de que o país não seria afectado.

A 30 de Julho - durante a realização desta sondagem -, um comunicado do Banco de Portugal reconhecia que afinal o banco não era impermeável aos problemas do GES e antecipava já a necessidade de recurso à linha de recapitalização pública financiada com fundos da troika.

FUTURO DO BANCO 

No último domingo, o governador do BdP, Carlos Costa, anunciou que o velho BES seria dividido em duas partes: uma capitalizada com 4,9 mil milhões de euros e expurgada de activos tóxicos que passaria a denominar-se Novo Banco; e outra que, perdendo a licença bancária, ficaria com todos os problemas do BES. O também chamado "banco mau" mantém-se nas mãos dos actuais accionistas do BES e vai para liquidação. Já o Novo Banco irá manter a actividade bancária, com os clientes, funcionários e agências do antigo Banco Espírito Santo e a intenção das autoridades é que seja vendido até final do ano a investidores privados.

sondagens_bes_1.pdf no jornal i

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