Carlos
Diogo Santos – jornal i
Segundo
a sondagem i/Pitagórica, as declarações do governo e do Banco de Portugal sobre
o BES não inspiraram confiança
A
grande maioria dos portugueses está convencida de que o Banco de Portugal (BdP)
e a Procuradoria-Geral da República (PGR) deveriam ter actuado mais cedo nos
problemas do Banco Espírito Santo. De acordo com uma sondagem i/Pitagórica,
realizada poucos dias antes de ser anunciado o fim do BES e a sua divisão em
duas partes, metade dos inquiridos disseram também não ter confiado nas mensagens
de tranquilidade que governo e BdP foram transmitindo desde a saída de Ricardo
Salgado do banco.
Nos
últimos meses, o Banco de Portugal levou a cabo várias diligências para tentar
minimizar as consequências dos problemas económicos do Grupo Espírito Santo no
BES e no sistema financeiro português. Mas para grande parte dos portugueses a
pressão feita para a saída de Salgado, em Junho, ou mesmo a imposição de uma
reunião do conselho de administração do BES - no mês passado - para cooptação
de Vítor Bento foram medidas que tardaram a chegar.
Cerca
de 70% consideram que o Banco de Portugal deveria ter agido mais cedo. De
acordo com os resultados desta sondagem apenas 14,9% acham que as diligências
levadas a cabo pelo supervisor bancário nos últimos meses aconteceram no tempo
certo. Por outro lado, 2,2% defenderam que Carlos Costa deveria ter aguardado
mais tempo antes de tomar qualquer medida. Da amostra, apenas 13,7% disseram
não saber ou não querer responder.
Os
portugueses, contudo, não apontam culpas apenas à supervisão e consideram que o
Ministério Público também agiu demasiado tarde neste caso. Dois em cada três
inquiridos defendem que a Procuradoria-Geral da República demorou muito tempo a
tomar decisões.
Esta
sondagem i/Pitagórica que aconteceu já depois de a PGR ter confirmado - a
18 de Julho - a existência de investigações criminais em curso sobre o caso BES
concluiu, ainda assim, que para 18,5% dos inquiridos a intervenção aconteceu na
altura certa. Apenas 2,6% defenderam que o órgão que governa o Ministério
Público deveria ter esperado mais algum tempo antes de agir e 15,4% não sabem
ou não quiseram responder.
Até
ser anunciada a solução encontrada para contornar os problemas do Banco
Espírito Santo, o BdP e vários membros do governo afirmaram que o banco não
oferecia problemas de liquidez e que estava blindado às dificuldades
financeiras do Grupo Espírito Santo (GES). Mas as várias mensagens transmitidas
através dos meios de comunicação social não convenceram os portugueses: só 8,8%
disseram ter "total" ou "muita confiança" nas garantias
dadas pelo executivo de Pedro Passos Coelho e pelo BdP. Mais de metade dos
inquiridos disseram que não ficaram convencidos com essas declarações públicas.
Dos entrevistados, 26,2% disseram não ter "nenhuma confiança" e 28,4%
adiantaram ter "pouca confiança". Ainda assim, 28,4% asseguram ter
tido "alguma confiança" nessas afirmações que davam conta de que o
país não seria afectado.
A
30 de Julho - durante a realização desta sondagem -, um comunicado do Banco de
Portugal reconhecia que afinal o banco não era impermeável aos problemas do GES
e antecipava já a necessidade de recurso à linha de recapitalização pública
financiada com fundos da troika.
FUTURO
DO BANCO
No
último domingo, o governador do BdP, Carlos Costa, anunciou que o velho BES
seria dividido em duas partes: uma capitalizada com 4,9 mil milhões de euros e
expurgada de activos tóxicos que passaria a denominar-se Novo Banco; e outra
que, perdendo a licença bancária, ficaria com todos os problemas do BES. O
também chamado "banco mau" mantém-se nas mãos dos actuais accionistas
do BES e vai para liquidação. Já o Novo Banco irá manter a actividade bancária,
com os clientes, funcionários e agências do antigo Banco Espírito Santo e a intenção
das autoridades é que seja vendido até final do ano a investidores privados.
sondagens_bes_1.pdf
no jornal i
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