Foi
desactivada a partir da manhã de ontem a escolta das Forças de Defesa e
Segurança que acompanhava diariamente a coluna de viaturas ao longo da Estrada
Nacional Número Um (N1) num perímetro de 110km no troço compreendido entre o
posto administrativo de Muxúnguè, no distrito de Chibabava, em Sofala, e a Vila
Franca do Save, em Govuro, na província de Inhambane.
Tal
deve-se à assinatura na noite de domingo do acordo de cessação das hostilidades
entre o Governo e a Renamo, sendo que a vida voltou já à normalidade com o
pleno funcionamento de todas as instituições públicas e privadas com o registo
de intenso movimento de pessoas e bens naquela única rodovia que liga o país do
Rovuma ao Maputo.
A
Reportagem da nossa Delegação da Beira, que propositadamente se posicionou logo
pela manhã de ontem na vila de Muxúnguè, testemunhou que o primeiro dia foi
caracterizado pelo regresso massivo das pessoas que no então período de tensão
político-militar se haviam deslocado para locais mais seguros, como maior destaque
para as cidades da Beira, Chimoio e Inhambane.
Funcionários
de vários estabelecimentos, com realce para as unidades sanitárias e escolares,
estavam envolvidos até ao princípio da tarde de ontem em jornadas de limpeza e
ornamentação dos seus tradicionais locais de actividade.
O
facto, que também coincide esta semana com o calendário escolar nacional do
início das aulas neste terceiro trimestre, excitou sobremaneira a actividade de
ensino/aprendizagem.
Cenário
semelhante estendeu-se na reabilitação das bancas e barracas fixas, incluindo
residências que
se encontravam completamente abandonadas. O ananás e a amêndoa da castanha de
caju, que constituem o cartaz do produto de rendimento em Muxúnguè, voltaram à
ribalta, enquanto, paradoxalmente, estabelecimentos de indústria hoteleira e
similares estavam ainda a dar os primeiros passos para o reinício da actividade
normal.
No
geral, o custo de vida contínua alto, mas autoridades administrativas,
operadores económicos e residentes de Muxúnguè esperam que gradualmente os
preços de produtos da primeira necessidade venham a estabilizar-se até baixar
nos próximos dias.
Desde
o dia 4 de Abril do ano passado até esta quarta-feira a circulação de pessoas e
bens estava condicionada entre Muxúnguè e rio Save a duas colunas por dia,
sendo uma de manhã e outra no período da tarde, expondo os viajantes a riscos
de vida com ataques de homens armados da Renamo, culminando com o luto,
mutilações e avultados danos materiais.
Consequentemente,
isto criava pânico no seio dos utentes da rodovia e quase que todos os
moradores de Muxúnguè e ao longo do traçado da Estrada Nacional Número Um,
anteriormente crítico, incluindo Machanga, pernoitavam nas matas, conforme
relataram ontem ao nosso repórter no terreno. Porém, desejaram a manutenção da
paz para impulsionar cada vez mais a economia e o bem-estar de todos.
Horácio
João - jornal Notícias (mz)
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