Tiago
Mota Saraiva – jornal i, opinião
Sete
dias depois de se instalar na sua cadeira em Bruxelas, Marinho e Pinto percebeu
que o Parlamento Europeu de nada serve. Pelo meio conseguiu não cumprir a sua
promessa eleitoral votando em Juncker para a presidência da Comissão Europeia e
ver recusada a sua entrada no grupo parlamentar no qual se havia anunciado em
virtude das suas declarações homofóbicas e apoio a um neonazi preso. Ufano com
a sua descoberta sobre o único órgão de eleição directa na União Europeia, não
se conteve a declarar a sua ineficácia a sete ventos. Inchado, anunciou a sua
demissão e denunciou os altos salários dos eurodeputados; contudo, mais
mansinho, disse não abdicar do seu. Confrontado com a aparente incoerência,
Marinho não nos poupou ao insulto de voltar a ouvir outro titular de funções de
representação que aufere um salário mensal de milhares de euros perorar sobre
as suas parcas finanças. Na verdade isto faz sentido para quem entende as
eleições como a forma de decisão sobre um tacho e para quem não pretende muito
mais que acompanhar o ritmo dos eurodeputados mais mandriões. Mas o
ex-bastonário dos advogados não se ficou por aqui. No espaço de uma semana
anunciou-se candidato a primeiro-ministro, à Presidência da República, declarou
vontade de ser ministro da Saúde e de viabilizar governos do PS ou do PSD.
Aquele que um dia Manuel António Pina ilustrou como "junky de
protagonismo" não deve ser tido como o bobo da corte. Marinho diz o que a
maioria quer ouvir e faz o que mais lhe convém. Usa e abusa do seu espaço mediático
para lançar acusações de pirataria - normalmente tão genéricas quanto primárias
- no que é tido como uma atitude corajosa, ainda que o próprio vá revelando a
sua ânsia de saltar para dentro do barco dos piratas.
O
seu posicionamento político será uma mistura azeda entre Alberto João Jardim e
José Sócrates - sem carnavais e engenharias - e o seu autoproclamado pensamento
de esquerda diz-nos tanto sobre a sua conduta como o benfiquismo de Vale
Azevedo.
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