Macau,
China, 11 set (Lusa) - A introdução dos chamados 'cheques saúde' pelo Governo
de Macau, que permitem gastar 600 patacas por ano (58 euros) em médicos
privados, levou a uma redução de 24% nas mortes por doenças cardiovasculares,
conclui um estudo.
Zhang
Jing Hua, docente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, explicou
hoje à agência Lusa ter verificado que há uma "robusta ligação entre a
data de implementação do programa de cheques de saúde e uma diminuição
significativa da mortalidade por doenças do sistema circulatório em
Macau".
A
investigadora adiantou ter analisado a taxa de mortalidade destas doenças ao
longo de 144 meses (entre 2001 e 2012), observando, a partir de 2010 - quando
os cheques foram introduzidos - uma descida significativa.
"A
taxa anual de mortalidade por doenças do sistema circulatório registou uma
descida significativa de 24%, comparando com o período entre 2001 e 2009, o que
equivale a evitar 123 mortes por ano", conclui o estudo a que a agência
Lusa teve acesso.
Para
estabelecer esta ligação, a equipa de Zhang analisou também as chamadas
"variáveis de confusão" como a evolução do número de médicos e
enfermeiros disponíveis, rácio de camas nos hospitais por número de população,
taxa de envelhecimento ou atividades de promoção da saúde.
A
investigadora optou por estudar o efeito da medida nas doenças cardiovasculares
pois estas funcionam como um "indicador" do estado de saúde da
população.
"Para
este tipo de doença a prevenção é muito importante. É uma boa forma de medir o
sistema de saúde", esclarece.
Segundo
a investigadora, o 'cheque saúde' serve de incentivo à realização de exames e
consultas de rotina, que de outra forma não seriam feitas. "O cheque é
gratuito. [Se não o usarem] as pessoas sentem que estão a perder dinheiro.
Mesmo quando se sentem bem, vão [ao médico]", explica Zhang.
Antes
da introdução do cheque, "as pessoas não estavam a ser acompanhadas o
suficiente", acredita a docente universitária.
Zhang
Jing Hua elogia criação dos 'cheques saúde', mas sugere que o Governo avance
agora para uma segunda fase do programa, atribuindo um segundo montante aos
grupos de risco.
"Encorajo
o Governo a dar mais aos que precisam, como os idosos, as pessoas com doenças
crónicas, as que sofrem de obesidade", exemplificou para salientar os mais
vulneráveis.
A
investigadora acredita que, após o primeiro exame, devia ser criada uma base de
dados que catalogasse a população e permitisse um apoio mais personalizado.
Zhang
Jing Hua sugere ainda que o cheque deixe de ser apenas para residentes
permanentes e possa ser alargado a todos os trabalhadores do território.
"Se
Macau quiser ser mais progressista devia atribuir [os cheques] a todos os
trabalhadores, para que tenha uma população ativa saudável", conclui.
ISG//
PMC - Lusa
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