O
aumento da violência na campanha eleitoral em Moçambique levou a CNE a apelar à
contenção. Neste contexto o presidente da CNE, Sheik Abdul Carimo, decidiu
também conversar com os candidatos dos principais partidos.
Sobre
esta situação de intolerância e violência que tem caraterizado a campanha para
as eleições gerais de 15 de outubro em Moçambique, a DW África entrevistou
Paulo Cuinica, porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
DW
África: O que está a originar o aumento da violência na campanha eleitoral?
Paulo
Cuinica (PC): Uma motivação concreta nós não encontramos. O que
eventualmente poderá estar a provocar o aumento da violência é que à medida que
os dias vão passando a campanha também vai aumentando de intensidade. Então,
assim se tem verificado alguns incidentes, caraterizados por violência, temos
acidentes de viação, temos a tradicional sobreposição de cartazes, a
danificação, mas também, um pouco por toda a parte, foram detidas algumas
pessoas como forma de desencorajar essas violências.
DW
África: E qual é a província que regista o maior índice de violência?
PC: Está
equitativamente distribuído. O que estamos a notar é que a cada dia que passa
tem vindo a aumentar, mas todas as províncias têm estado a verificar um
incidente aqui e acolá e o que nos preocupa é isso... estar a aumentar e não a
reduzir.
DW
África: Comparativamente a outros processos eleitorais, este será o pior ou não?
PC: Pelo
contrário, tem sido o melhor. Até aqui temos registado índices de violência
menores que nos atos anteriores, isso mercê a atuação da polícia, da própria
atuação dos candidatos e dirigentes das formações envolvidas na campanha.
Deixa-me também dizer que o presidente da Comissão Nacional de Eleições, Abdul
Carimo, já inciou contatos com os candidatos das três principais forças
políticas no sentido de os apelar com uma mensagem de paz, tranqulidade, ou
seja, uma mensagem de campanha ordeira e pacífica e que seja caraterizada, de
facto, por momentos de festa, porque o que se pretende é que as eleições sejam
extamente isso e não o contrário. Portanto, ele já conversou com o presidente
da RENAMO, Afonso Dhlakama, vai, neste fim de semana, encontrar-se com o líder
do MDM, Davis Simango, e logo que possível irá encontrar-se com Filipe Jacinto
Nyussi da FRELIMO, exatamente para abordar esta questão. Importa também dizer
que desta vez tivemos, também, alguns exercícios de formação e reciclagem com
os agentes da República de Moçambique e isso está a contribuir sobre maneira
porque, para além de termos aprovado um código de conduta, era preciso
socializar este código entre os policiais, que afinal de contas são os maiores
responsáveis pela segurança. Então, isso tem ajudado a minimizar a escalada da
violência.
DW
África: A CNE já projetou algum trabalho com os líderes comunitários para
ajudarem a contribuir para o fim da violência na campanha eleitoral?
PC: Claro,
temos estado a trabalhar nisso desde que o processo iniciou. Temos estado a
trabalhar com eles a vários níveis, temos trabalhado também com os líderes
religiosos que têm, de uma ou de outra maneira, procurado sensibilizar as
pessoas sobre a necessidade de uma campanha ordeira. Portanto, esta mensagem
tem sido espalhada nos cultos, escolas e nas rádios comunitárias, isto tem sido
divulgado com bastante frequência. Não só, também os media têm estado a
contribuir significativamente no sentido de desencorajar as práticas que possam
constituir ilícitos eleitorais.
DW
África: Com o aproximar das eleições a violência tende a aumentar. Que medidas
extras a CNE, juntamente com a polícia, pensa implementar para que a situação
melhore?
PC: A
medida é, efetivamente, fazer um apelo às pessoas para que não enveredem pela
vioência. As outras medidas são de lei. A própria lei prescreve sanções para as
pessoas quando cometem ilícito eleitorais. Mas o mais importante é o apelo que
temos estado a fazer no sentido de desencorajar a ocorrência de ilícitos
eleitorais.
Nádia
Issufo – Deutsche Welle
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