domingo, 21 de setembro de 2014

Em Moçambique CNE dialoga com candidatos às presidenciais por causa da violência




O aumento da violência na campanha eleitoral em Moçambique levou a CNE a apelar à contenção. Neste contexto o presidente da CNE, Sheik Abdul Carimo, decidiu também conversar com os candidatos dos principais partidos.

Sobre esta situação de intolerância e violência que tem caraterizado a campanha para as eleições gerais de 15 de outubro em Moçambique, a DW África entrevistou Paulo Cuinica, porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE).

DW África: O que está a originar o aumento da violência na campanha eleitoral?

Paulo Cuinica (PC): Uma motivação concreta nós não encontramos. O que eventualmente poderá estar a provocar o aumento da violência é que à medida que os dias vão passando a campanha também vai aumentando de intensidade. Então, assim se tem verificado alguns incidentes, caraterizados por violência, temos acidentes de viação, temos a tradicional sobreposição de cartazes, a danificação, mas também, um pouco por toda a parte, foram detidas algumas pessoas como forma de desencorajar essas violências.

DW África: E qual é a província que regista o maior índice de violência?

PC: Está equitativamente distribuído. O que estamos a notar é que a cada dia que passa tem vindo a aumentar, mas todas as províncias têm estado a verificar um incidente aqui e acolá e o que nos preocupa é isso... estar a aumentar e não a reduzir.

DW África: Comparativamente a outros processos eleitorais, este será o pior ou não?

PC: Pelo contrário, tem sido o melhor. Até aqui temos registado índices de violência menores que nos atos anteriores, isso mercê a atuação da polícia, da própria atuação dos candidatos e dirigentes das formações envolvidas na campanha. Deixa-me também dizer que o presidente da Comissão Nacional de Eleições, Abdul Carimo, já inciou contatos com os candidatos das três principais forças políticas no sentido de os apelar com uma mensagem de paz, tranqulidade, ou seja, uma mensagem de campanha ordeira e pacífica e que seja caraterizada, de facto, por momentos de festa, porque o que se pretende é que as eleições sejam extamente isso e não o contrário. Portanto, ele já conversou com o presidente da RENAMO, Afonso Dhlakama, vai, neste fim de semana, encontrar-se com o líder do MDM, Davis Simango, e logo que possível irá encontrar-se com Filipe Jacinto Nyussi da FRELIMO, exatamente para abordar esta questão. Importa também dizer que desta vez tivemos, também, alguns exercícios de formação e reciclagem com os agentes da República de Moçambique e isso está a contribuir sobre maneira porque, para além de termos aprovado um código de conduta, era preciso socializar este código entre os policiais, que afinal de contas são os maiores responsáveis pela segurança. Então, isso tem ajudado a minimizar a escalada da violência.

DW África: A CNE já projetou algum trabalho com os líderes comunitários para ajudarem a contribuir para o fim da violência na campanha eleitoral?

PC: Claro, temos estado a trabalhar nisso desde que o processo iniciou. Temos estado a trabalhar com eles a vários níveis, temos trabalhado também com os líderes religiosos que têm, de uma ou de outra maneira, procurado sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de uma campanha ordeira. Portanto, esta mensagem tem sido espalhada nos cultos, escolas e nas rádios comunitárias, isto tem sido divulgado com bastante frequência. Não só, também os media têm estado a contribuir significativamente no sentido de desencorajar as práticas que possam constituir ilícitos eleitorais.

DW África: Com o aproximar das eleições a violência tende a aumentar. Que medidas extras a CNE, juntamente com a polícia, pensa implementar para que a situação melhore?

PC: A medida é, efetivamente, fazer um apelo às pessoas para que não enveredem pela vioência. As outras medidas são de lei. A própria lei prescreve sanções para as pessoas quando cometem ilícito eleitorais. Mas o mais importante é o apelo que temos estado a fazer no sentido de desencorajar a ocorrência de ilícitos eleitorais.

Nádia Issufo – Deutsche Welle

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