quinta-feira, 11 de setembro de 2014

POVO MORRE DE FOME ENQUANTO REGIME ESBANJA 35 MILHÕES EM FESTA PRESIDENCIAL




ANIVERSÁRIO MILIONÁRIO

William Tonet – Folha 8, 06 setembro 2014

O culto de personalida­de, a bajula­ção, a ido­latria nunca haviam che­gado tão longe como em 2014, altura em que Eduar­do dos Santos completou 72 anos de idade.

O dia de aniversário de um cidadão, independen­temente, das suas fun­ções, em qualquer país normal ou democrático é uma data privada, mas em Angola sob o regime do MPLA, tornou-se no dia nacional de bajulação.

O regabofe, rebentou as costuras com a orquestra a atingir a perfeição da bestialidade. Quando a ba­julice é demais até as mos­cas se recusam a poisar na porcaria e isso acontece, numa altura em que o re­gime tem noção de estar a caminhar para uma fragi­lidade maior, pese alguns, acreditarem estar a chave da salvação na figura do seu líder. Ledo engano.

Verdade ou mentira os gastos astronómicos ava­liados em 40 milhões de dólares, saídos da reserva pública, para o aniversá­rio presidencial, são uma ofensa a maioria dos au­tóctones angolanos.

É hora do povo desper­tar. É hora do povo dizer, basta nesta podridão go­vernamental, que cada dia mais nos assassina.

Escrever, denunciar, gri­tar, bater com as panelas e tampas, liberta.

Em homenagem a Ka­mulingue e Cassule, que apesar de terem preser­vado a vida do Presidente da República, por muitos anos, enquanto militares da UGP, foram cobarde­mente assassinados, é a prova mais evidente da in­tolerância do regime.

Se nada fizermos, hoje, seremos o próximo alvo, amanhã.

A táctica do regime não mudará nunca, pois a sua melhor arma para além da discriminação, são os assassinatos selectivos, 27 de Maio de 1977 é o maior exemplo.

É preciso mudar, fazendo tudo para não se perder a crença na democracia. Se isso acontecer a porta será a dos que melhor navegam na guerra, para gaúdio da corrupção, da violação das leis, da fome, etc.

Continuemos a gritar, ain­da que as balas assassinas deste regime nos e me perseguiam. Nunca me ca­larei, mesmo que me reti­rem todos os diplomas, até mesmo os de cidadania.

Tenho plena convicção que a semente da revolta dos milhões discrimina­dos e assassinados, ger­minará um dia e eles, para nosso alento colectivo, também morrerão, muitos quiçá, pior do que nós.

O seu refrão predilecto: assassinar e atirar os cor­pos aos jacarés do Dande, não durará para sempre.

Eu acredito no fim desta podridão se formos capa­zes, em todas as barrica­das, absolutamente, todas, sem excepção, incluindo a dos verdadeiros militantes do MPLA, que a mudança para a implantação de uma verdadeira democracia re­presentativa, com institui­ções de Estado imparciais e cidadãs, são a melhor via para se construir uma An­gola nova, onde jamais ad­mitiremos a consagração do culto de personalidade, da corrupção institucio­nalizada, com protecção de uma justiça submissa e vergonhosamente desca­racterizada.

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