Nações
Unidas, Nova Iorque, 27 set (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana
Gusmão, disse hoje à agência Lusa, em Nova Iorque , que "a comunidade internacional
esta a enveredar pelo caminho errado para resolver os problemas do mundo."
"A
comunidade internacional está a enveredar pelo caminho errado para resolver os
problemas do mundo. Em vez de resolver a exclusão e desigualdades sociais e
económicas, sempre que há um pequeno conflito, enviam logo uma forca
militar", disse o primeiro-ministro timorense.
Impõem-se
"os direitos humanos fazendo guerra, impõe-se a paz fazendo guerra e às
vezes impõe-se uma democracia, como foi o caso da Líbia, do Egito e do
Iraque", sublinhou Xanana Gusmão.
Já
na sexta-feira, o timorense tinha criticado, durante o seu discurso na 69.ª
Assembleia-geral das Nações Unidas, o funcionamento ONU e pedido uma agenda de
desenvolvimento transformadora.
"Sempre
defendemos que os meios militares não resolvem os problemas. Não resulta. É
preciso ver qual é a causa real dos problemas, se não estamos apenas a adotar
as leis medievais de olho por olho dente por dente", disse o
representante.
Xanana
Gusmão defende também uma alteração radical na organização das instituições
internacionais, nomeadamente na forma como gerem os seus orçamentos.
O
político entende que "é preciso mudar a forma como as doações estão a
funcionar, porque, de um milhão, nem 30% chega [às pessoas]. 70% vai para
salários de consultores e gestores de projeto, salários enormíssimos."
"Temos
de mudar isso tudo, se não há muito dinheiro que se pensa que vai para algum
sítio diminuir a pobreza e isso não acontece, a migalha que se recebe não
chega", disse.
O
primeiro-ministro percebeu, em Timor-Leste e nos países que visitou, que
"as pessoas que vão para os locais muitas vezes não têm qualquer
experiência, passam de organização para organização, de quatro em quatro
semanas estão de licença e ganham muito dinheiro."
"Tudo
isto faz com que muitas organizações não funcionem bem. A intenção é muito boa,
os programas são fantásticos. Ensinam-nos sustentabilidade, transparência,
muita coisa, mas a atuação de muitas organizações não corresponde ao que
ensinam", concluiu o timorense.
AYS
// VC - Lusa
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