Jornal
de Angola, editorial - 18 de Outubro, 2014
A
eleição de Angola para membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU,
em função da magnitude da votação, representa um desafio e ao mesmo tempo um
reconhecimento da estratégia política e diplomática em África e no seio das
organizações de que faz parte.
Embora
fosse uma eleição sem oponentes ao nível do grupo regional da candidatura
angolana, ainda assim, a diplomacia angolana empreendeu esforços bem sucedidos
para garantir os dois terços dos votos que assegurassem o lugar de membro
não permanente do Conselho de Segurança da ONU. O processo que culminou com a
eleição de Angola foi precedido de uma intensa campanha diplomática e reforçada
pelo crescente papel de Angola nas questões que envolvem o uso do diálogo e
concertação para a solução dos problemas africanos.
Foi um grande feito em termos diplomáticos na medida em que reuniu o maior número de votos conseguidos entre os sete candidatos que concorreram aos cinco assentos de membros não permanentes do Conselho de Segurança. Trata-se da segunda vez que o nosso país experimenta o convívio junto do órgão executivo das Nações Unidas, numa altura em que o mundo enfrenta problemas e desafios de resolução complexa.
Caucionada pela União Africana, a candidatura angolana representa a vontade e esperança de numerosos Estados africanos
Outros desafios prevalecem em África, nomeadamente o surto do vírus do ébola, o extremismo religioso que se transforma em ideologia com potencial militar, os crimes transnacionais, o tráfico de seres humanos, de drogas, entre outros problemas que afectam os Estados, acentuam os desafios para os membros não permanentes do Conselho de Segurança. Fora de África, os membros não permanentes do Conselho de Segurança deverão olhar para desafios com dimensão global, tais como as pandemias que se expandem a uma velocidade superior aos esforços para a sua contenção. A busca de soluções para os conflitos no Médio Oriente, as respostas para os desafios que resultam do crescente aquecimento global, entre outros, deverão ser enfrentados pelos membros do Conselho de Segurança da ONU.
Orgulhamo-nos por saber que o nosso país tem reunido numerosos factores que o colocam na primeira linha quando se trata de processos de busca, construção, manutenção da paz, bem como da imposição de resoluções vinculativas do Conselho de Segurança da ONU.
A paz e estabilidade em África dependem essencialmente de factores que fazem parte da estratégia de actuação da diplomacia angolana, nomeadamente o diálogo e a concertação. Assim tem sido ao nível da sub-região e pelo continente, onde Angola vai continuar modestamente a proporcionar a sua experiência, à semelhança do que ocorre há já largos anos. Como reafirmou o Vice-Presidente da República, Manuel Domingos Vicente, aquando da sua intervenção na 69ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, “continuaremos a cumprir as nossas obrigações na arena internacional, com especial ênfase para o continente africano e para os agrupamentos regionais nos quais estamos inseridos, nomeadamente a SADC, a CEEAC, os PALOP, o Golfo da Guiné e os Grandes Lagos, para a definição de mecanismos que visem a materialização das formas de cooperação com as Nações Unidas, União Africana, CPLP, e outros parceiros internacionais”.
Como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, Angola vai
transformar o aumento da sua visibilidade política numa importante ferramenta a
favor de causas nobres com as quais se confrontam África e o mundo. Fazer parte
dos esforços continentais e globais para a busca de soluções para os problemas
da paz, aquecimento global, crises políticas e militares, entre outros
desafios, vai ser bom para o país. Afinal, na solução dos problemas globais
encontram-se o fundamento para a paz e estabilidade dos Estados individualmente
e agregados em blocos. Há
muito que passou para a História a ideia segundo a qual os problemas locais não
têm relevância e impacto noutras regiões do globo. O vírus do ébola constitui
um exemplo claro de como os Estados devem actuar de forma coordenada, trocando
informações e experiências, para a busca de soluções de problemas que são de
todos.
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