01
de Novembro de 2014, 00:48
O
parlamento da Birmânia vai discutir uma emenda à Constituição do país que
impede a líder da oposição, Aung San Suu Kyi, de ser presidente, anunciou,
nesta sexta-feira, o porta-voz da presidência, citado pela agência AFP.
"No
que se refere à alteração da Constituição, [as partes reunidas esta
sexta-feira] concordaram em discutir no parlamento, tal como exige a
legislação", disse o porta-voz, Ye Htut, no final de uma cimeira sem
precedentes, realizada na sexta-feira em Naypyidaw, entre o Presidente Thein
Sein e os seus rivais, incluindo Aung San Suu Kyi, prémio Nobel da Paz e líder
histórica da oposição birmanesa.
De
acordo com a AFP, está prevista a discussão e votação de várias mudanças
constitucionais, incluindo a norma que proíbe a candidatura à presidência de
qualquer pessoa que tenha contraído matrimónio com um cidadão estrangeiro ou
com descendentes de outras nacionalidades.
A
norma é vista como especificamente desenhada para boicotar a atividade política
de Aung San Suu Kyi, que é viúva de um cidadão britânico e tem dois filhos da
mesma nacionalidade.
Thein
Sein convocou para esta sexta-feira uma reunião com as mais altas patentes do
exército e com Aung San Suu Kyi - as primeiras conversações deste tipo no país,
poucos dias depois de as autoridades da Birmânia, que adotou o nome oficial de
Myanmar, anunciarem que as próximas eleições se vão realizar na última semana
de outubro ou na primeira de novembro de 2015.
A
situação está a ser seguida de perto pelos Estados Unidos, com o Presidente,
Barack Obama, a sublinhar "a necessidade de um processo inclusivo e
credível na realização das eleições de 2015", enfatizando o "firme
compromisso" de Washington no apoio aos birmaneses "para que possam
ter uma nação mais livre, aberta e próspera".
País
independente desde 1948, a
Birmânia foi um Estado democrático até um golpe de Estado em 1962 ter colocado
no poder uma junta militar que instaurou uma ditadura repressiva, que suprimiu
toda a oposição politica e manteve Aung San Suu Kyi, filha do herói da
independência Aung San, em prisão domiciliária durante 15 anos.
A
junta militar abandonou o poder em 2011 e a Birmânia iniciou um lento processo
de democratização.
Lusa,
em Sapo TL –
foto: EPA@ Nyein Chan Naing
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