quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Protestos contra plano australiano de transferir refugiados para o Camboja




Sydney, Austrália, 02 out (Lusa) -- Uma dezena de requerentes de asilo coseram os lábios em protesto contra o acordo selado entre a Austrália e o Camboja, que prevê a transferência de pessoas com estatuto de refugiado, informaram os 'media' locais.

Segundo um grupo de ativistas, as tentativas de suicídio também têm aumentado no centro de detenção australiano na ilha de Nauru, desde que o ministro da Imigração, Scott Morrison, e o seu homólogo do Camboja, Sar Kheng, assinaram o acordo.

Com frases como "Estou cansado, por favor mata-me", "o suicídio é mais doce do que a suja política da Austrália" ou "os nossos cadáveres poderão ir para o Camboja", os requerentes de asilo têm-se reunido para protestar várias vezes ao dia, segundo fotografias publicadas no portal do canal de rádio local SBS.

"Disseram-nos: 'por favor, conta ao povo australiano o que está a acontecer connosco'", afirmou Victoria Martin-Iverson, diretora da Rede de Ação pelos Direitos do Refugiado.

Um grupo de senadores australianos instou, na terça-feira passada, as autoridades a abrirem uma investigação para apurar a veracidade das denúncias de alegados abusos sexuais sistemáticos cometidos contra mulheres e crianças no centro de detenção de Nauru.

A Austrália envia os imigrantes indocumentados que tentam alcançar as suas costas para centros de detenção fora do seu território continental, incluindo dois na ilha de Manus, na Papua Nova Guiné, e o de Nauru, no Pacífico, enquanto tramitam os seus pedidos de asilo.

No início de setembro, o novo alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid al-Hussein, aproveitou o seu discurso inaugural, em Genebra, para criticar a forma como a Austrália lida com os requerentes de asilo, advertindo que a sua política está a conduzir a uma série de violações, as quais incluem a detenção arbitrária e eventual tortura após o seu repatriamento.

À luz da política de 'linha dura' de Camberra, os imigrantes que chegaram à Austrália desde julho de 2013 -- incluindo menores -- têm sido enviados para os referidos centros de Manus e Nauru.

O ministro da Imigração australiano refutou as alegações das Nações Unidas.

DM // ARA - Lusa

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