Sydney,
Austrália, 02 out (Lusa) -- Uma dezena de requerentes de asilo coseram os
lábios em protesto contra o acordo selado entre a Austrália e o Camboja, que
prevê a transferência de pessoas com estatuto de refugiado, informaram os
'media' locais.
Segundo
um grupo de ativistas, as tentativas de suicídio também têm aumentado no centro
de detenção australiano na ilha de Nauru, desde que o ministro da Imigração,
Scott Morrison, e o seu homólogo do Camboja, Sar Kheng, assinaram o acordo.
Com
frases como "Estou cansado, por favor mata-me", "o suicídio é
mais doce do que a suja política da Austrália" ou "os nossos
cadáveres poderão ir para o Camboja", os requerentes de asilo têm-se
reunido para protestar várias vezes ao dia, segundo fotografias publicadas no
portal do canal de rádio local SBS.
"Disseram-nos:
'por favor, conta ao povo australiano o que está a acontecer connosco'",
afirmou Victoria Martin-Iverson, diretora da Rede de Ação pelos Direitos do
Refugiado.
Um
grupo de senadores australianos instou, na terça-feira passada, as autoridades
a abrirem uma investigação para apurar a veracidade das denúncias de alegados
abusos sexuais sistemáticos cometidos contra mulheres e crianças no centro de
detenção de Nauru.
A
Austrália envia os imigrantes indocumentados que tentam alcançar as suas costas
para centros de detenção fora do seu território continental, incluindo dois na
ilha de Manus, na Papua Nova Guiné, e o de Nauru, no Pacífico, enquanto
tramitam os seus pedidos de asilo.
No
início de setembro, o novo alto comissário da ONU para os Direitos Humanos,
Zeid al-Hussein, aproveitou o seu discurso inaugural, em Genebra, para criticar
a forma como a Austrália lida com os requerentes de asilo, advertindo que a sua
política está a conduzir a uma série de violações, as quais incluem a detenção
arbitrária e eventual tortura após o seu repatriamento.
À
luz da política de 'linha dura' de Camberra, os imigrantes que chegaram à
Austrália desde julho de 2013 -- incluindo menores -- têm sido enviados para os
referidos centros de Manus e Nauru.
O
ministro da Imigração australiano refutou as alegações das Nações Unidas.
DM
// ARA - Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário