terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Portugal – BES: Ricardo Salgado diz que "ninguém se apropriou de um tostão"




O líder histórico do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, garantiu hoje que nem os administradores, nem a família, nem os quadros diretivos se apropriaram de dinheiro da instituição, ao contrário das suspeitas que têm sido levantadas.

Questionado sobre o alegado esquema de compra de obrigações através da Eurofin, e do 'desaparecimento' de mais de 700 milhões de euros de mais-valias realizadas com o mesmo, já na última fase da antiga equipa de gestão do BES, Salgado afastou qualquer tipo de atos ilegais de gestão.

"Os ganhos que o intermediário fez foram reinvestidos em dívida do grupo que estava nas mãos de clientes que não estavam protegidos pela provisão dos 700 milhões de euros. Eram clientes na sua maioria do exterior e o objetivo foi retirar-lhes esse risco", afirmou Salgado na comissão de inquérito parlamentar ao caso BES.

"O objetivo foi dar a proteção máxima dos clientes [internacionais]. A provisão de 700 milhões de euros foi aplicada ao papel comercial vendida no retalho em Portugal", garantiu.

"Foi essa operação que foi realizada. Foi com esse objetivo e ninguém se apropriou de um tostão. Nem na administração, nem na família nem nos quadros diretivos", assegurou.
E reforçou: "Eu não tenho conhecimento de capitais que tenham saído do banco para terceiros".

Assim, segundo Salgado, "os reembolsos feitos foram para os clientes que tinham dívida do grupo [Grupo Espírito Santo] num banco internacional. Se esses clientes não tivessem sido reembolsados dessa dívida, ela teria ficado nas suas mãos".

Ora, de acordo com o responsável, estes "eram clientes de retalho, também, e poderiam ter o direito de exigir o mesmo tratamento que os clientes de retalho do banco [em Portugal] tiveram com a proteção da provisão dos 700 milhões de euros".

Lusa, em Notícias ao Minuto

Salgado "Durante meses a fio, a minha família e eu fomos julgados"

Ricardo Salgado começou há momentos a prestar declarações na Assembleia da República. Na intervenção, o antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) quis destacar os “22 anos de reconhecimento nacional e internacional” em que esteve à frente do banco e apontou três fatores que terão contribuído para o colapso da instituição.

Ricardo Salgado chegou ao Parlamento às 9h00 e começou a sua prestação de esclarecimentos na comissão de inquérito ao BES com a manifestação de “total disponibilidade” para regressar à Assembleia da República se os deputados o entenderem.

O antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) reservou os primeiros minutos da sua intervenção para explicar o motivo pelo qual não se pronunciou até ao agora sobre a queda do banco.

“Depois dos factos que aconteceram no início de agosto, nunca tive oportunidade de falar, remeti-me ao silêncio, e apenas num determinado momento – e por insistência dos jornalistas – fiz uma referência de que estava a trabalhar para defender a honra da minha família e minha”, disse, citando um ditado chinês que diz que 'um leopardo quando morre perde a sua pela' para afirmar que "um homem quando morre, deixa a sua reputação".

Salgado apresenta esta manhã aos deputados “um trabalho de profunda reflexão feito nestes quase seis meses”, e que durará mais de uma hora. Na intervenção, na Comissão de Inquérito, irá enumerar alguns “factos” que ocorreram “antes de 13 de julho”, data em que cessou funções na instituição.

“Nos 22 anos em que fui presidente da comissão executiva do BES foi sempre exemplar e inequívoca a solidariedade entre todos os membros (…) nunca foi necessária uma votação para consensos. O mesmo aconteceu até 13 de julho”, começou por explicar, sublinhando que “no plano do GES havia uma igualdade de estatutos respeitada”.

Ricardo Salgado não quis deixar de destacar que “durante semanas e meses a fio, a minha família e eu próprio fomos julgados na praça pública”, mas que quer “acreditar” que estes "últimos seis meses e 13 dias não irão manchar os 22 anos de reconhecimento nacional e internacional”.

Relativamente às explicações do que poderá ter acontecido ao banco, Salgado enumerou três factos marcantes entre o final de 2013 e julho de 2014. São eles: a crise financeira, a repercussão que esta teve no país e a intervenção da troika em Portugal.

Para o banqueiro, “a crise no GES [Grupo Espírito Santo] não se pode dissociar da crise europeia e portuguesa”, mas não descartou qualquer responsabilidade: "Em 22 anos de presidente executivo do BES poderei ter tomado decisões que podem nem sempre ser acertadas".

Durante a sua intervenção, Salgado negou ainda a retirada de milhares de milhões de euros do banco para benefício próprio. O antigo líder do banco disse que se tratam “histórias totalmente falsas” e apontou o dedo para as notícias que o acusaram se ser o responsável por "fugas em escassas semanas de milhares de milhões de euros" que teriam sido utilizados para comprar "vivendas em Miami e castelos na Escócia".

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