Verdade
(mz) - Editorial
Filipe
Nyusi, novo inquilino da Ponta Vermelha, desde 15 de Janeiro em curso, proferiu
um discurso de esperança para o povo e fez-lhe entender que o contrato social
com ele firmado representa uma nova caminhada para a prosperidade.
Para
um país que ainda enferma de diversos problemas – dos básicos aos mais bicudos,
sobretudo a pobreza que está acima de 50 porcento e o analfabetismo que ronda
os 48 porcento – e que passou 10 anos a ser governado por um Presidente que na
opinião de muitos estava mais interessado nos negócios do que com a penúria de
quem o colocou no poder, não havia outra alternativa: Filipe Nyusi só podia ser
ovacionado como um Messias e as suas palavras recebidas como bênção divina. Os
moçambicanos, leigos e esclarecidos, sentiram-se pecaminosos redimidos.
Nyusi
prometeu vivamente que em nenhum momento se irá esquecer de que o povo é o seu
único e exclusivo patrão. Nenhuma novidade existe nisso. Armando Guebuza também
estava ciente disso. Contudo, ele não se coibiu de ser o Presidente mais
envolvido em negociatas comparativamente aos seus predecessores, Samora Machel
e Joaquim Chissano.
Ao
longo de 10 anos da sua governação, Guebuza chamou a si a decisão sobre os
principais negócios do Estado e tirava excessivos benefícios pessoais. Nos
corredores da viabilização de grandes negócios ele era apelidado de “Mr. five
percent”. Diz-se por aí, à boca grande, que tinha o hábito de exigir cinco
porcento de comissão em alguns negócios sobre os quais tinha a prerrogativa de
dar o seu parecer favorável para a respectiva concretização. Tornava-se
accionista à força. Por isso, deixou tentáculos em quase tudo o que é business.
Segundo
Nyusi, a criminalidade e a corrupção são outros exemplos dos problemas com que
a Nação se debate. E vós sabeis que 2013 e 2014 foram anos difíceis no que diz
respeito à segurança e tranquilidade públicas. Os raptos deixaram todos sem
norte e não é mentira que estes eram perpetrados com o conhecimento da nossa
Polícia. Esperamos que na sua governação messiânica haja uma política clara
contra este mal.
Certos
dirigentes continuam a delapidar o erário e colocam em causa a funcionalidade
dos sistemas informáticos sabiamente criados pelo Governo para o controlo desta
situação. O roubo de dinheiros é pela medida grande no meio rural, sobretudo, e
todos sabemos que o Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) não age como
tal. É uma fantochada. Em ressonância às palavras de Nyusi, “Vamos, todos
juntos, construir um país à medida dos nossos sonhos. Ninguém está acima da lei
e todos são iguais perante ela”.
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