segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Polícia timorense reforça segurança em zonas de Díli e em algumas missões diplomáticas




Díli, 19 jan (Lusa) - As autoridades timorenses vão reforçar a segurança em algumas missões diplomáticas em Díli e em pontos da cidade, com "algumas restrições ao movimento" durante a noite e pontos de controlo, disse hoje o comandante da polícia (PNTL).

Estas medidas foram adotadas depois de na noite de domingo um engenho explosivo, que as autoridades suspeitam tratar-se de uma granada artesanal, ter sido lançado para o perímetro de um complexo residencial da embaixada dos Estados Unidos em Díli.

"O reforço vai ser feito de acordo com o grau de ameaça considerado. Vamos reforçar a segurança em algumas embaixadas e missões diplomáticas. Estamos a trabalhar em colaboração estreita com o corpo diplomático", afirmou o comandante da Polícia Nacional de TImor-Leste (PNTL), Longuinhos Monteiro.

O responsável policial falava numa conferência de imprensa conjunta com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, Constâncio Pinto, depois de uma reunião sobre "a situação de segurança" em Timor-Leste relativamente ao corpo diplomático acreditado em Díli.

Os dois responsáveis disseram não haver ainda mais detalhes sobre o incidente de domingo, não estar claro se este caso estará relacionado com incidentes recentes em Díli ou Baucau, sublinhando que a investigação está ainda a decorrer.

Em comunicado enviado aos cidadãos norte-americanos, a embaixada dos EUA explica não ser ainda conhecida a motivação do incidente, que apenas causou danos materiais, explicando que as autoridades locais reforçaram a segurança e estão a investigar o caso.

"Na sequência do que aconteceu domingo à noite (...) vão-se efetuar a partir da noite de hoje algumas restrições de movimento na capital e em algumas zonas onde a polícia, depois de analisar a informação disponível, considera merecer mais atenção no contexto de policiamento de proximidade", afirmou Longuinhos Monteiro, que apelou à população "para colaborar com a ação policial".

O responsável policial explicou que "é um processo de identificação de quem segue nas viaturas, que demora menos de um minuto", e apelou à "colaboração de todos", advertindo que no caso dos que não colaborarem serão tomadas "medidas sérias".

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, Constâncio Pinto, confirmou à Lusa que as autoridades timorenses solicitaram o apoio do FBI para ajudar na investigação do caso e dos incidentes recentes.

O diplomata afirmou que estes casos "fazem crer que há uma ação coordenada" para causar instabilidade em Timor-Leste, desconhecendo-se a origem desses movimentos.

"Há alguém que está a tentar danificar a imagem de Timor-Leste. Desde 2006, a estabilidade tem prevalecido, apesar de alguns pequenos incidentes. Esta é mais uma tentativa. Estamos a investigar", declarou.

Nas últimas semanas têm-se registado vários incidentes de segurança em Timor-Leste, os mais graves no final do ano passado, quando morreram quatro pessoas, três em Baucau e uma em Díli, em confrontos entre grupos rivais de artes marciais.

Na semana passada, o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, o comandante das forças de defesa, Lere Anan Timur, e o comandante das PNTL, Longuinhos Monteiro, deslocaram-se à região de Laga, depois de incidentes envolvendo agentes policiais e elementos do grupo de um antigo comandante da resistência timorense, Paulino Gama ou Mauk Moruk, como é conhecido.

Nesses incidentes ficaram feridos dois agentes da PNTL e foram feitos reféns dois outros, que acabaram por ser entregues a Xanana Gusmão.

A situação na zona está "calma, mas tensa", segundo testemunhos locais, continuando destacado na zona um contingente de efetivos das F-FDTL e agentes da PNTL.

ASP // ARA

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