Banguecoque,
19 fev (Lusa) -- A antiga primeira-ministra tailandesa Yingluck Shinawatra foi
hoje formalmente acusada de negligência no âmbito do caso do programa de
subvenção do arroz, implementado durante o seu mandato, arriscando até dez anos
de prisão.
"Hoje
imputamos a antiga primeira-ministra Yingluck Shinawatra (...) por ter falhado
com o seu dever" no que diz respeito ao programa de ajuda aos produtores
de arroz, declarou Chutichai Sakhakorn, do gabinete do Procurador-Geral,
durante uma conferência de imprensa.
O
Supremo Tribunal Tailandês vai decidir, a 19 de março, se aceita ou não dar
seguimento ao caso.
A
ex-chefe do Governo tailandês declarou-se inocente das acusações relacionadas
com o plano de subvenções, que consistia na compra de arroz aos agricultores a
preços acima dos praticados no mercado.
Segundo
as autoridades tailandesas, o plano resultou em prejuízos na ordem de 518
milhões de baht (cerca de 14 milhões de euros), fomentou a corrupção e causou
danos aos agricultores devido ao atraso nos pagamentos.
O
presidente da Comissão Nacional Anticorrupção, Panthep Klanarongran, sugeriu
esta semana ao Ministério da Economia que interponha uma ação contra Yingluck e
que lhe exija o valor equivalente às perdas causadas pelo plano de ajudas.
Yingluck
Shinawatra, que dirigiu o governo tailandês até ser destituída pelo Tribunal
Constitucional no início de maio do ano passado, chegou a estar detida depois
do golpe militar de 2014.
Irmã
do antigo chefe do Governo Thaksin Shinawatra, deposto em 2006 por um golpe de
Estado, Yingluck Shinawatra foi a primeira mulher a ocupar o cargo de
primeira-ministra na Tailândia.
A
junta militar é acusada de querer eliminar a influência do clã Shinawatra e,
segundo analistas, a interdição da vida política contra Yingluck, aprovada
recentemente pelo parlamento, fará parte do processo.
A
Tailândia, profundamente dividida entre apoiantes e adversários dos Shinawatra,
vive uma crise política recorrente desde o golpe militar de 2006, que derrubou
Thaksin, que se encontra no exílio.
Thaksin
e os seus aliados ganharam todas as eleições desde 2001.
Os
militares tailandeses protagonizaram 19 tentativas golpistas, das quais 12
consumadas, desde a queda da monarquia absoluta em 1932.
DM
(FV/EJ) // JPS
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