Jacarta,
18 fev (Lusa) -- As autoridades da ilha das Flores, na Indonésia, querem
aprender com a experiência de Fátima na captação de peregrinos de modo a
potenciar o turismo religioso na principal ilha cristã do maior país muçulmano
do mundo.
Em
declarações à Lusa, pouco antes de embarcar para Portugal, onde irá participar
num simpósio em Fátima sobre turismo religioso, o regente de Flores Oriental
Joseph Lagadoni Herin espera colher ensinamentos para promover a Semana Santa
de Larantuca, capital do regência, junto de novos mercados.
O
encontro em Fátima, "é muito importante para nós, porque entendemos que a
Semana Santa ainda não é muito popular para atrair pessoas de todos os
países" mas "penso que poderemos atrair muitos turistas para virem a
Larantuca", justificou o regente.
Além
do regente, participam no III Workshop Internacional de Turismo Religioso, que
se realiza a partir de sexta-feira em Fátima, o bispo de Larantuca, Franciscus
Kopong Kung.
O
workshop é promovido pela Associação Empresarial Ourém/Fátima (ACISO) e junta
75 operadores de vários países.
Joseph
Lagadoni Herin quer aproveitar o encontro para tentar promover Larantuca como
um destino de "viagens de peregrinações" entre "operadores
turísticos de todo o mundo".
A
também conhecida como a "Roma da Indonésia", a Larantuca atrai
milhares de pessoas durante a Semana Santa, mas as autoridades locais pretendem
tornar a capital regional numa cidade mariana, até pela forte veneração que
existe entre a população.
Nesse
sentido, as autoridades colocaram no ano passado a primeira pedra do futuro
santuário de Fátima.
Na
comitiva seguem também o presidente do parlamento regional, Yoseph Sani Betan,
e o responsável máximo da cultura e do turismo nas Flores Oriental, Andreas
Ratu Kedang, entre outros empresários e responsáveis administrativos.
Na
agenda está igualmente um encontro com o autarca de Ourém para discutir
pormenores do acordo de cooperação de geminação de cidades assinado em 2011
entre Larantuca e Ourém.
O
acordo prevê a cooperação no turismo religioso e na economia, a promoção de
intercâmbios na área da educação, com oferta de bolsas de estudo, e pesquisas
conjuntas sobre a cultura e a história que une as duas regiões.
O
regente das Flores Oriental tenciona ainda obter fundos para construir o futuro
santuário de Fátima nos próximos dois a três anos, atrair investimento na área
da eletricidade e tentar vender o atum da região de Larantuca em Portugal.
Durante
a viagem de oito dias a Portugal, a comitiva vai reunir-se com a Fundação
Calouste Gulbenkian, que já ofereceu "muita ajuda" a Larantuca,
destacou João Carvalho, funcionário do departamento de cultura da regência
indonésia.
De
acordo com o mesmo responsável, está também agendada uma reunião com o Instituto
Marquês de Valle Flôr, que implementou um projeto da Cooperação Portuguesa de
distribuição de água a 12.372 pessoas de aldeias remotas das Flores Oriental e
que a regência local deseja agora ver replicado noutras localidades da região.
A
comitiva tenciona também desenvolver contactos com a Universidade Nova de
Lisboa, que foi a entidade responsável por uma investigação sobre
etnomusicologia em Larantuca em 2006, e com um especialista em planeamento para
desenvolver a cidade de modo sustentável.
Os
portugueses foram os primeiros europeus a aventurarem-se na Indonésia e, além
de aproveitarem para fazer negócios, introduziram a religião católica naquele
que é hoje o maior país muçulmano do mundo.
Em
Larantuca, existem 254.958 católicos, o que corresponde a cerca de 85 por cento
da população da população.
AYN//
PJA
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