Modelo
das escolas de referência em Timor-Leste deve ser alargado - Fretilin
Díli,
4 mar (Lusa) - O modelo das escolas de referência timorenses, onde o português
é ensinado desde o pré-escolar, deveria ser ampliado para fortalecimento das
duas línguas oficiais, tétum e português, disse hoje o secretário-geral da
Fretilin, Mari Alkatiri.
"Se
temos escolas de referência que estão a ter bons resultados, porque é que não
ampliamos lentamente esse tipo de escolas, com o mesmo sistema de educação onde
a língua portuguesa é usada como língua simultaneamente de ensino e de
instrução desde a pré-escolar. É isso que tem que ser, língua portuguesa e
tétum", disse à agência Lusa.
As
onze escolas de referência a funcionarem em igual número de distritos
timorenses e as duas que deverão ser abertas este ano são um dos projetos
centrais na cooperação entre Portugal e Timor-Leste.
Sediadas
em 11 capitais de distrito - Bacau, Same, Maliana, Oe-cusse, Ermera, Aileu,
Liquiçá, Lospalos, Suai, Dili e Manaauto - e com mais de 3.500 alunos
timorenses, deveriam ter cerca de 150 professores, ainda que cerca de 50
continuem por chegar a Timor-Leste.
O
projeto prevê ainda a abertura, durante o presente ano letivo, de novas escolas
em Viqueque e Ainaro, permitindo que todos os distritos do país fiquem dotados
com estas escolas de referência, mas o processo está dificultado pelo atraso no
envio dos professores que deveriam ter chegado no ano passado Timor-Leste.
Alkatiri
falava à Lusa no Parlamento Nacional, onde a sua bancada, a Fretilin, pediu
hoje o adiamento para a próxima quarta-feira do debate da Apreciação Parlamentar
sobre dois polémicos decretos curriculares do Governo, no intuito de
"procurar consensos" sobre o assunto.
Mari
Alkatiri recordou que as ideias de introduzir o ensino das línguas maternas tem
vindo a ser defendidas por várias agências internacionais, que desde a
assembleia constituinte, em 2000, continuam "a insistir no mesmo
ponto".
"Eles
nunca virão com argumentos políticos. Apresentarão sempre argumentos técnicos. Temos que ser capazes de ver nos argumentos técnicos o que corresponde à
verdade, porque não podemos ignorar ou negar a verdade, mas temos que manter a
coerência com a política que foi defina constitucionalmente: de reforçar,
reintroduzir a língua portuguesa e afinar o tétum", defendeu.
Afirmando
que várias organizações ativas na promoção da agenda das línguas maternas
"estão interessados em dividir", Mari Alkatiri insistiu que a
necessidade e vontade de preservar e proteger a riqueza cultural timorense não
pode condicionar o objetivo de desenvolvimento educativo.
"Quando
se pretende desenvolver um sistema educativo visando a assimilação da ciência,
da técnica, da teoria, da filosofia, devemos ser claros de que isso não pode
ser feito proliferando línguas na educação", disse.
ASP
// ARA
Debate
sobre decretos educativos timorenses adiado pela Fretilin para procurar
consenso
Díli,
04 mar (Lusa) - A bancada do segundo maior partido timorense, a Fretilin, pediu
hoje o adiamento para quarta-feira do debate da Apreciação Parlamentar sobre
dois polémicos decretos curriculares do Governo, no intuito de "procurar
consensos" sobre o assunto.
"Temos
esperança que haja consenso, um acordo sobre este assunto. Precisamos de tempo
para falar", disse Aniceto Guterres, chefe da bancada da Fretilin.
"Defendemos
o adiamento e pedimos para adiar o segundo dia de debate para a próxima
segunda-feira. Pedimos tempo para que os líderes das bancadas tratem do
assunto", considerou.
O
pedido de adiamento foi feito no arranque do segundo dia de debate, no
parlamento nacional, de uma Apreciação Parlamentar para cessar a vigência de
dois polémicos diplomas que colocam o português como língua principal apenas no
3.º ciclo e introduzem o uso de outras línguas maternas timorenses, não
oficiais, no ensino.
O
primeiro dia de debate ficou marcado pela polémica com o maior partido
timorense com assento parlamentar, o CNRT, a abandonar o plenário depois de uma
declaração política em que rejeitou debater os decretos, que disse apoiar na
totalidade.
Aniceto
Guterres considerou que este é "um debate sobre um assunto
importante" onde um debate amplo é necessário.
"Estamos
no segundo dia, onde deveríamos continuar o debate. Mas a bancada do CNRT, a
maior no parlamento, a bancada do Governo, abandonou o plenário e hoje continua
sem estar presente", disse.
"Este
assunto é um assunto de interesse nacional. O senhor presidente sugeriu que os
líderes parlamentares conversem. Vamos tentar procurar consenso", disse.
Lurdes
Bessa, líder da bancada do PD e Jorge Teme, líder da bancada da Frente Mudança,
concordaram com o adiamento.
Mari
Alkatiri, deputado da Fretilin, sugeriu que nos próximos dias as ideias e
sugestões de consenso sejam remetidas ao Governo para que possam ser discutidas
na reunião da próxima terça-feira do Conselho de Ministros, antes do debate ser
retomado no Parlamento Nacional na quarta-feira.
Fernando
La Sama de
Araújo, ministro da Educação, que estava presente no plenário, reconheceu a
importância do debate e a vontade de "convergir ideias" que ajudem a
consolidar "o futuro da geração mais nova".
"A
prática da democracia faz parte do Estado. O irmão Xanana e o irmão Mari
Alkatiri conseguiram convergências, a bem do Estado", disse, mostrando
orgulho na democracia timorense que aposta na busca de consensos e em soluções
conjuntas para os problemas.
Os
líderes das bancadas parlamentares reúnem-se já hoje para debater os decretos.
ASP
// JCS
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