Paula
Santos – Expresso, opinião
Nos
últimos dias vieram a público novas suspeições sobre o primeiro-ministro que se
juntam a anteriores ainda por esclarecer no caso da Tecnoforma e do CPC.
O
facto de o primeiro-ministro não ter cumprido com os descontos obrigatórios
para a Segurança Social é um elemento que se junta a muitos outros que
descredibilizam o primeiro-ministro e o Governo PSD/CDS.
O
incumprimento das promessas eleitorais, a violação da palavra dada, as falsas
afirmações de preocupação com os portugueses ao mesmo tempo que tomava medidas
que os penalizavam, o desprezo revelado pelos mais pobres, excluídos ou
doentes, tudo isso são marcas do Governo PSD/CDS a que se junta um conjunto de
elementos de descredibilização dos seus protagonistas, tornando há muito tempo
injustificável a sua manutenção no poder.
Além
da questão central de contestação a este Governo, que são as suas opções
políticas, não se pode deixar de ter em consideração as atitudes e
comportamentos de alguns dos seus membros que revelam a falta de condições e de
legitimidade para continuar em funções, como o PCP já há muito alertou.
É
inaceitável que este Governo tenha perseguido e punido de forma implacável os
portugueses pelo incumprimento das suas responsabilidades para com a Segurança
Social e venha agora o primeiro-ministro justificar-se com o desconhecimento da
lei ou a falta de notificação para não ter efetuado o pagamento referente às
remunerações que auferiu.
É
inadmissível a existência de dois pesos e duas medidas no tratamento dos
portugueses. As desculpas dadas pelo primeiro-ministro são ofensivas para todos
aqueles trabalhadores, em especial os trabalhadores em situação de falsos
recibos verdes, sujeitos a imensas dificuldades para efetuar os pagamentos à
Segurança Social e para os quais não houve nenhuma compreensão da parte do
Governo PSD/CDS.
As
justificações dadas pelo primeiro-ministro até ao momento não esclarecem
cabalmente a situação, designadamente quanto ao contacto para apurar a
existência das referidas dívidas; quanto à informação que foi prestada pela
Segurança Social sobre os montantes em dívida, sobre as condições de
regularização da situação e sobre a prescrição da dívida; quanto ao pagamento
que foi efetuado e ao período a que se referem as remunerações que lhe deram
origem; quanto ao momento em que foi efetuado esse pagamento e porque não foi
efetuado no prazo devido; ou porque não foi efetuado o pagamento integral à
Segurança Social e quais as entidades responsáveis pelas remunerações que
auferiu no período em
questão. Estas foram algumas das perguntas que o PCP dirigiu
ontem ao primeiro-ministro e que espera que de uma vez por todas sejam cabalmente
respondidas para esclarecimento dos portugueses.
Esperemos
que desta vez o primeiro-ministro opte por esclarecer as dúvidas que perduram
em vez de manter a nebulosa, como fez no passado.
Mais
do que uma questão pessoal, estamos perante um problema político que exige
esclarecimento político mas que deixa evidente a evidente derrota do Governo
PSD/CDS.
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