sábado, 20 de junho de 2015

Um ano depois, ninguém sabe quem ficou com os milhares de milhões do BES Angola




Foi há um ano que se tornou conhecido o descontrolo na concessão de crédito do Banco Espírito Santo Angola (BESA), um dos factores que levaria à implosão do banco português. Milhares de milhões de euros desapareceram, alegadamente em empréstimos a elementos da elite angolana. Hoje, o BESA é controlado pelo Estado e é provável que nunca venham a ser conhecidos os nomes de todos os beneficiários.

Se os nomes continuam envoltos em mistério, os esforços das autoridades angolanas para os manter longe da praça pública são hoje claros. Na quinta-feira, o Correio da Manhã relatava em Lisboa que o ex- governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano, mandou calar os presidentes de bancos portugueses com negócios em Angola sobre o assunto.

Em carta datada de 27 de março de 2014, Massano afirmava que os banqueiros não estavam autorizados, sob nenhuma forma, a identificar as contas ou revelar o nome de clientes com quem trabalhassem. Caso o fizessem, quebrando o dever se sigilo, a autorização para trabalhar em Angola poderia caducar imediatamente.

Massano ia ainda mais longe, segundo a mesma fonte. Se o Banco de Portugal quisesse apurar algo junto das instituições, teria de comunicá-lo ao BNA. O facto é que até hoje, e mesmo depois de em agosto de 2014 o Banco de Portugal ter avançado para a resolução do BES, o supervisor bancário português não conseguiu lista dos principais beneficiários de créditos do BESA.

Em fevereiro de 2014, o assunto foi discutido no conselho superior do BES, presidido por Ricardo Salgado. O crédito malparado estava avaliado em 5,7 mil milhões de euros. E a liderança do banco acreditava que mais de 500 milhões de euros tivessem sido distribuídos pela elite angolana, em troca de apoio e favores. Tudo na gestão de Álvaro Sobrinho, que presidiu durante anos ao BESA.

As ligações do BESA à elite angolana são bem conhecidas. Segundo o site Club K, entre os beneficiários dos créditos estão “figuras do regime, com destaque para membros do Bureau Político do MPLA”

África Monitor

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