A
medida, segundo o Governo e a empresa, visa evitar o despedimento em massa dos
trabalhadores, face à queda do preço do carvão metalúrgico no mercado
internacional.
O
governador da província de Tete, Paulo Auade que anunciou há dias a decisão de
reduzir os salários bonificados aos operários da mineradora brasileira, revelou
que a empresa pagava salários astronómicos que punham em causa a realidade
salarial do país.
"Nós
negociamos com a empresa Vale Moçambique para passar dos 18 salários para 13, e
já está a fazer arranjos para diminuir o desemprego e os despedimentos",
avançou Auade.
Os
salários em causa foram acordados na sua maioria em 2013, entre a mineradora e
os trabalhadores. O acordo tinha o seu término previsto para 2017.
Trabalhadores
e sindicato condenam decisão
Em
entrevista à DW África, um dos operários da mineradora Vale Moçambique, que
pediu o anonimato, lamenta a posição do Governo provincial de apoiar a redução
dos benefícios dos trabalhadores.
"Se
o Governo incentiva o corte, numa altura que as coisas estão difíceis, e nós
saímos de um lugar para o outro à procura de melhorias, e querem cortar os
bónus, para nós é pesado", lamentou. Por outro lado, o entrevistado
entende que "o patronato deveria indemnizar as pessoas e depois abrir o
novo contrato".
Fernando
Raice, Secretário Provincial do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da
Indústria de Construção Civil, Madeira e Mina de Tete (SINTICIM), considera
infundada a justificação da mineradora brasileira Vale."A Vale quando
chegou fez um estudo, sabia que o carvão tem destas situações da queda e subida
do preço", explica.
No
pacote dos cortes da Vale Moçambique está o pequeno-almoço que a empresa serve
aos trabalhadores. No entanto, Fernando Raice diz que decorrem negociações no
sentido de convencer a empresa a recuar na decisão.
Mineradora
acumula prejuízos
Uma
nota da Vale Moçambique indica que a retirada dos benefícios se deve à drástica
queda do preço do carvão metalúrgico no mercado internacional, que ronda
actualmente os 85 dólares por tonelada, cerca de 78 euros.
Na
mesma nota, a empresa avança que no ano passado acumulou prejuízos na ordem dos
240 milhões de dólares, aproximadamente 220 milhões de euros.
O
presidente da Autoridade de Moçambique, Rosário Fernandes, desdramatiza a
situação. "Quer a ICVL [consórcio indiano International Coal Ventures
Private Limited] como a Vale estão com condições de estabilidade mínimas
para garantir os postos de trabalho e a produção".
Amós
Zacarias (Tete) – Deutsche Welle
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