O
primeiro-ministro demitido da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, afirmou
hoje num comício popular de apoio ao seu Governo, destituído pelo Presidente da
República, que "ninguém pode parar a vontade do povo".
Falando
perante milhares de pessoas, Domingos Simões Pereira disse que os líderes do
país devem ouvir o povo no seu pronunciamento porque, frisou, o povo é o
detentor do poder.
"Ninguém
pode parar a vontade do povo. É ao povo que pertence o poder. Expressou essa
vontade e nós temos a obrigação de aceitar a vontade do povo", destacou o
dirigente guineense, presidente do PAIGC.
Expressando-se
em crioulo antes de falar para os jornalistas, Domingos Simões Pereira disse
que "a moldura humana" que afluiu à Praça dos Heróis Nacionais,
"mesmo debaixo da chuva" é sinal de "confiança nas ações do
Governo", entretanto, demitido.
"Obrigado
pelo vosso apoio. Este vosso gesto só pode ser retribuído com o desenvolvimento
que vos prometi. Ninguém pode travar isso", destacou Simões Pereira.
Vários
dirigentes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC)
enalteceram a determinação de as pessoas "só abandonarem a Praça dos Heróis
Nacionais no dia em que o Presidente (José Mário Vaz) voltar atrás com a sua
decisão".
"Só
vamos sair daqui e voltar para os nossos afazeres no dia em que o Presidente
anunciar um novo decreto a confirmar Domingos Simões Pereira como nosso
legítimo primeiro-ministro", notou Botche Candé, antigo ministro do
Interior.
Sob
o olhar atento de dezenas de polícias que guardavam o portão principal de
acesso ao Palácio da Presidência, o comício decorreu sem qualquer incidente.
Depois
de os dirigentes do PAIGC saírem do palco, a animação prosseguiu com atuação de
músicos guineenses.
O
Presidente da República, José Mário Vaz, demitiu na quarta-feira o Governo
liderado por Domingos Simões Pereira, apesar dos apelos lançados dentro e fora
do país para que não o fizesse.
O
Executivo estava em funções há um ano, depois de o PAIGC vencer as eleições com
maioria absoluta e de ter recebido duas moções de confiança aprovadas por
unanimidade no Parlamento - para além de ter o apoio da comunidade
internacional.
Depois
da demissão e nos termos da Constituição, Vaz pediu ao PAIGC na qualidade de
partido vencedor das últimas eleições que indicasse um nome para
primeiro-ministro e aquela força política voltou hoje a propor Simões Pereira.
Lusa,
em Notícias ao Minuto - ontem
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