Capalandanda
fala de perseguição
Jornalista
angolano pediu asilo na África do Sul. As autoridades deverão anunciar a
decisão a 30 de Setembro.
Amarílis
Borges – Rede Angola
O
jornalista angolano António Capalandanda pediu asilo na África do Sul por
temer pela sua segurança, afirmou o próprio em conversa por telefone com o Rede
Angola. A decisão das autoridades sul-africanas deverá ser anunciada a 30
de Setembro.
O
jornalista explicou que a decisão de sair de Angola foi tomada depois de
receber ameaças porque estava a escrever, em 2013, um artigo jornalístico sobre
o envolvimento de um procurador provincial com o tráfico de drogas.
“A
minha saída de Angola tem a ver com uma investigação sobre o trafico de drogas
em que estava envolvido um procurador. Havia recebido muitas ameaças por parte
de supostos membros das secretas. Não foi por causa da China. Foi por causa da
investigação sobre o tráfico de drogas.”
Esta
manhã, o RA noticiou que o jornalista saiu do país devido às
restrições que sentiu desde que havia publicado a matéria “Chineses
ocupam terras para arrozais e contratam crianças no Kuando Kubango“, em
Outubro de 2012.
Apesar
de afirmar que também foi ameaçado nessa altura, foi durante as investigações
para a outra reportagem que Capalandanda decidiu sair de Angola. O artigo
estava a ser editado por Rafael Marques que, entretanto, adiantou aoRA que
o mesmo não chegou a ser publicado por falta de provas.
António
Capalandanda disse que conversou com “uma fonte que acusava o procurador de
estar envolvido”, entregou o material a Rafael Marques e na altura decidiram
“prolongar a investigação, exactamente porque algumas coisas não estavam muito
bem claras. Pedimos um esclarecimento à procuradoria sobre o assunto, a
procuradoria disse que iria abrir um inquérito”, afirmou.
“Comecei
a receber as ameaças muito antes disso. Todo o meu passado foi sempre de
investigação, mas começaram a intensificar-se, já não vinham só de funcionários
que se diziam da segurança do Estado, mas também de certos grupos informais que
me perseguiam e abordavam-me, ameaçavam-me, diziam que o meu trabalho era
perigoso e que me estava a meter onde não devia”, acrescentou.
Questionado
sobre a forma em que como eram feitas as ameaças, Capalandanda contou que o modus
operandi era o mesmo sempre. “Alguns indivíduos não se identificavam,
outros se identificavam como agentes da segurança do Estado. O mais preocupante
para mim foi quando uma dessas vezes, estava a caminhar na rua, quando
apareceram dois carros, por volta das 19h, com os faróis ligados ao máximo, e
bloquearam-me no meio da rua. Não disseram nada, depois foram-se embora”.
“Esse
tipo de ameaças foram feitas antes de começar a investigação, isso resulta de
todo o meu trabalho, as tentativas de aliciamento para parar com a minha
actividade jornalística em Angola, mas elas foram se intensificando quando fui
à cadeia conversar com este antigo passador de drogas, antigo suposto
funcionário do procurador no tráfico. Ele afirmou isso em tribunal e as
autoridades registaram essa queixa. A procuradoria [da província] disse que
iria abrir um inquérito para investigar o caso mas não houve mais informações
sobre o resultado deste inquérito”.
A
viver em Durban desde Abril, o jornalista actualmente divide um quarto com dois
amigos do Malawi. “Estou a tentar recomeçar a minha vida com retribuições que
recebo em função dos trabalhos que vou fazendo. Não é grande coisa”, contou.
“Continuo a trabalhar com a Voz da América, ainda continuo membro do Maka Angola
e tenho colaborações com publicações internacionais”
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