segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Manifestação em Bissau contra a demissão do Governo de Domingos Simões Pereira




Milhares de pessoas oriundas das nove regiões da Guiné-Bissau participaram nesta segunda-feira (17.08) na capital guineense numa manifestação contra a demissão do Governo liderado por Domingos Simões Pereira.

Dirigindo-se aos manifestantes, o deposto primeiro-ministro, destacou que com a mobilização da sociedade civil e dos partidos políticos as instituições da República devem respeitar a vontade do povo.

”Mais do que o PAICV, é a sociedade civil que se mobiliza e todos os partidos políticos. Esta moldura humana fala por si, ou seja, deixa bem clara qual é a vontade do povo. Sei que as instituições da República vão ouvir esse desejo porque ninguém pode criar obstáculos à vontade do povo. É ao povo que o poder pertence, o povo expressou essa vontade e portanto temos a obrigação de respeitar a vontade do povo. E sei que é isso que vai acontecer ” sublinhou Domingos Simões Pereira.

PAIGC propõe novamente Domingos S. Pereira

O Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) entregou nesta segunda-feira uma carta na secretaria-geral da Presidência onde propõe novamente o nome de Domingos Simões Pereira como próximo primeiro-ministro.

Segund fontes contactadas pela DW África, de acordo com os Estatutos do partido, é o nome de Domingos Simões Pereira que o PAICG teria que apresentar ao chefe de Estado para ocupar a chefia do governo.

Os Estatutos do PAIGC, dizem que em caso de vitória eleitoral, o presidente do partido é automaticamente chefe do governo.

Presidência pede a funcionários públicos para continuarem a trabalhar

A Presidência da República da Guiné-Bissau emitiu um comunicado em que pediu aos funcionários públicos guineenses que continuem a trabalhar, apesar da destituição do Governo.

No documento indica-se que "não obstante a queda do Governo, os trabalhos na administração pública continuam a decorrer normalmente".
O ministro das Finanças cessante, Geraldo Martins, referiu na sexta-feira (14.08) em conferência de imprensa que a demissão do executivo pelo Presidente e o ambiente que a antecedeu fazem com que o país esteja "parado, bloqueado" desde "há duas semanas".

A situação está a ter um "impacto negativo" ao nível das receitas do Estado, sublinhou Geraldo Martins.

CEDEAO pede diálogo para resolver crise política

O Presidente do Senegal e da Autoridade de Chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Macky Sall, pediu uma solução através do diálogo para a crise política na Guiné-Bissau.

"O Presidente [Sall] está confiante e acredita que é possível encontrar uma solução pacífica e sustentada para a crise, através de um diálogo concertado envolvendo todos os atores políticos da Guiné-Bissau, em estreita colaboração com os parceiros regionais e internacionais", refere uma nota publicada no portal da CEDEAO.

No comunicado, o líder senegalês mostrou-se "preocupado" com o facto de os desentendimentos entre o Presidente Vaz e o primeiro-ministro Simões Pereira terem levado o chefe de Estado a demitir o Governo.

Sall lamentou que os esforços da CEDEAO e da restante comunidade internacional no sentido de resolver a crise não tenham tido resultado.

De acordo com o comunicado, o Presidente Sall considera que a crise "pode afetar os compromissos dos doadores da Guiné-Bissau” que numa mesa redonda realizada em março, em Bruxelas, anunciaram mil milhões de euros de intenções de apoio.

Apesar de "aplaudir a atmosfera pacífica observada até agora no país", Macky Sall "apelou aos líderes políticos para continuarem a explorar formas pacíficas para resolver o atual impasse e instou as forças de defesa e de segurança a manterem o compromisso de ficarem fora da política".

Fátima Tchumá (Bissau)  / Lusa, em Deutsche Welle

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