O
líder da Renamo, Afonso Dhlakama, recebeu na segunda-feira à tarde um convite
formal do Presidente moçambicano para "uma reflexão sobre a paz no
país", disse à Lusa o porta-voz do principal partido de oposição, António
Muchanga.
"Já
recebemos um convite do Presidente da República [Filipe Nyusi] para um encontro
de reflexão sobre a paz, o presidente (Afonso) Dhlakama irá responder ainda
hoje", afirmou Muchanga.
O
porta-voz da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) considerou o convite
"muito vago", adiantando que o chefe de Estado não indica a agenda da
reunião, nem a data e o lugar onde se quer encontrar com Afonso Dhlakama.
O
convite for formulado depois de Filipe Nyusi ter dito no domingo que ia propor
formalmente, na segunda-feira, um encontro com o líder da Renamo para discutir
a paz no país, tendo o principal partido de oposição condicionado a reunião a
uma agenda concreta.
"Se
for um encontro para um chá, o presidente da Renamo dispensa, porque ele tem
açúcar quanto baste. Só irá acontecer a reunião se houver uma agenda
concreta", afirmou na segunda-feira, em declarações à Lusa, António
Muchanga.
O
porta-voz da Renamo declarou também que o partido suspendeu a sua participação
no diálogo de longo-prazo que mantém com o Governo, devido à alegada falta de
seriedade por parte do executivo moçambicano.
"A
Renamo está a implementar a decisão [anunciada na sexta-feira por Afonso
Dhlakama] de suspender as negociações com o Governo por falta de
seriedade", afirmou António Muchanga.
O
Gabinete de Informação, adstrito ao gabinete do primeiro-ministro moçambicano,
comunicou, também na segunda-feira, o cancelamento da sessão das negociações
entre o Governo e a Renamo, sem especificar as razões do adiamento.
Na
semana passada, as duas partes realizaram a 114.ª ronda do processo negocial,
entrando no ponto sobre "questões económicas", o quarto da agenda,
sem terem conseguido acordo em relação ao tema mais importante das negociações,
que tem a ver com o desarmamento do braço armado da Renamo.
No
âmbito das negociações, iniciadas em abril de 2013, as duas partes chegaram a
acordo sobre a aprovação de um novo pacote eleitoral, assinaram o entendimento
sobre o fim das hostilidades militares e aprovaram um acordo sobre a
despartidarização do Estado.
A
Renamo não reconhece os resultados das últimas eleições gerais ganhas
oficialmente pela Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e exige governar
nas províncias onde reivindica vitória, sob ameaça reiterada de tomar o poder
pela força.
Nas
últimas semanas, as partes têm estado envolvidas em confrontos na província de
Tete, os últimos dos quais, segundo a Polícia da República de Moçambique, no
sábado, com cinco emboscadas atribuídas a homens armados da Renamo contra uma
unidade policial.
Num
encontro com desmobilizados da Renamo na sexta-feira em Quelimane, Zambézia, o
partido de oposição anunciou que ia criar um novo quartel para o seu braço
armado nesta província e reiterou a sua intenção de criar a sua própria polícia.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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