segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Associações internacionais censuram chefe do Governo de Macau por adiar fecho do canídromo



Macau, China, 20 set (Lusa) - Organizações internacionais de defesa dos animais criticaram o chefe do Governo de Macau que, na semana passada, disse que "não é justo" encerrar "de um dia para o outro" o canídromo, cujo contrato de concessão termina em dezembro.

"Compreendo que Chui Sai On tem de ter muitos fatores em consideração, mas a história das corridas de cães em Macau deve, de facto, ser um dos motivos mais fortes para apoiar o encerramento do canídromo", afirmou, em resposta à agência Lusa, Lyn White, representante da Animals Australia, uma das nove organizações envolvidas na campanha para encerrar a pista de corrida de galgos.

Lyn White reagia às palavras do líder do executivo de Macau que, na quinta-feira, sugeriu que o canídromo pudesse não ser encerrado no final do ano, ao fim de 50 anos de funcionamento.

"A indústria de jogo foi sempre a indústria principal de Macau. As corridas de galgos têm a sua história e são uma componente importante para a diversificação do setor. Não é de um dia para o outro que vamos suspender as corridas de galgos, isso também não é justo", disse aos jornalistas, indicando, ao mesmo tempo, que foi encomendado um estudo sobre o assunto a uma universidade local.

A representante da maior organização de defesa dos animais da Austrália, de onde chegam a maioria dos cães que correm em Macau, lembrou que "há mais de quatro décadas que [o canídromo] mantém dezenas de milhares de cães em condições miseráveis e inapropriadas, ao mesmo tempo que matou milhares de animais cujo único 'crime' foi não correrem rápido o suficiente".

Lyn White disse ainda que, mesmo sabendo que o prazo da concessão estava a chegar ao fim, os operadores do canídromo, a Companhia de Corridas de Galgos de Macau (Yat Yuen), "falharam em apresentar uma única razão legítima para que continue a operar" e, assim sendo, "a não renovação da concessão não pode ser vista como súbita ou injusta".

"O facto de o canídromo continuar descaradamente a importar cães, sabendo que as instalações podem vir a fechar, revela como não se importam com as vidas e o bem-estar destes animais. Pedimos a Chui Sai On que suspenda imediatamente a importação de mais galgos para Macau, enquanto os estudos encomendados pelo Governo estão a ser conduzidos", apelou.

Reação semelhante teve a presidente da Grey2K USA, Christine Dorchak: "O canídromo é a pior pista de corrida de cães do mundo porque nenhum cão sai de lá vivo".

Reafirmando os esforços da organização norte-americana para o encerramento do canídromo, Dorchak lembrou a vigília que se realiza no dia 30 deste mês, em homenagem aos galgos de Macau e que vai decorrer em 26 cidades mundiais.

Nestas vigílias, será lida uma carta do presidente da associação local Anima, Albano Martins.

O documento indica que cerca de 30 animais são mortos por mês no canídromo, quando deixam de ser competitivos. "Só nos últimos dez anos, estimamos que o número de animais mortos chegou aos 4.000", lê-se na carta, que termina com um pedido de apoio à petição que insta o Governo de Macau a não renovar a concessão, uma campanha já com 340 mil apoiantes.

Além das questões do bem-estar animal - a Anima estima que só este ano tenham sido abatidos 160 a 170 cães -, Albano Martins invocou ainda motivos de ordem financeira e comunitária.

O canídromo está localizado na zona norte da cidade, a mais densamente populosa do mundo, onde escasseiam espaços públicos. "Qual é a razão para que uma área daquelas, que não tem equipamentos sociais, que não tem zonas verdes, continue a ter às suas portas animais a ganir a noite inteira e, sobretudo, instalações totalmente degradadas, e uma das pistas consideradas das piores do mundo", questionou.

O canídromo paga também menos impostos que os outros espaços de jogo, disse Martins: 25% ao invés de cerca de 40%. Para o presidente da Anima, só com esta benesse é que o espaço pode operar.

ISG // VM

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