Luís
Reis Ribeiro – Jornal de Notícias
Entre
2008 e 2014, os contribuintes portugueses foram chamados a gastar o equivalente
a 11,3% do produto interno bruto para ajudar e salvar bancos. Gastámos 19,5 mil
milhões de euros - o equivalente a 1950 euros por português -, diz o Banco
Central Europeu, num novo estudo sobre o "impacto orçamental do apoio ao
setor financeiro durante a crise".
Não
sendo das maiores proporções da Zona Euro - na Irlanda, o custo financeiro para
os contribuintes atingiu 31,1% do PIB, na Grécia chegou a 22,1% e em Chipre foi
de 18,8%, só para citar os casos mais impressionantes -, a verdade é que o BCE
dá nota muito negativa a Portugal. Razão? Os governos falharam redondamente na
recuperação dessas ajudas, muitas delas injeções de dinheiro (empréstimos) por
conta de ativos bancários ilíquidos ou sem quase valor nenhum.
A
taxa de recuperação de ativos (do dinheiro público empatado nos bancos ou com
os bancos) - que no fundo é a diferença entre o custo bruto dos ativos
financeiros comprados aos bancos e o custo líquido - é "particularmente
baixa na Irlanda, em Chipre e Portugal, ao passo que é relativamente alta na
Holanda", refere o estudo, que faz parte do boletim económico do BCE.
Portugal falhou, basicamente. A taxa de recuperação é quase nula.
"A
maioria dos governos da Zona do Euro apoiaram o setor financeiro com um
conjunto de medidas", mas estas foram variando de país para país. O
sucesso em reaver o dinheiro público também.
O
BCE dá exemplos. Comprando os ativos ilíquidos dos bancos, dando empréstimos
diretos às instituições; comprando ativos, incluindo ações, títulos de dívida e
outros, tendo os governos dado em troca dinheiro ou outros colaterais a preços
de mercado; injetando capital nas instituições em dificuldades comprando ativos
"bem acima do seu valor de mercado".
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