segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O jornalismo cabo-verdiano continua a ser manipulado pelo poder político nacional




Viajando pelas ilhas, podemos constatar e identificar factos reais de que o jornalismo cabo verdiano está, quase na generalidade, dependente das opiniões dos políticos da capital.

Carlos Fortes Lopes, M.A.

Assistindo e acompanhando as reportagens apresentadas nos meios da comunicação social nacional, verifica-se claramente que a classe jornalística nacional ainda carece da necessária ousadia e determinação profissional para poderem-se livrar do receio das represálias políticas ainda presentes nesta politizada sociedade.

Os jornalistas nacionais precisam sair do conforto das cadeiras das redações e procurarem recolher os factos noticioso e de reportagem existentes nos bairros periféricos e localidades distantes e dependentes, exclusivamente, da agricultura, além de passar a serem mais selectivos quanto às conferências de imprensa e comunicados dos partidos políticos.

A Comunicação Social Pública é suportada pelos contribuintes nacionais e estes precisam ter voz e espaço para reivindicarem as suas insatisfações. Os senhores (as) jornalistas precisam entender de que o jornalismo público é uma profissão nobre e abrangente mas de uma caris exigente a nível social.

Convém que não esqueçam de que o Estado de Cabo Verde é pertença exclusiva do povo eleitor e não dos governantes eleitos por este povo para nos representar politicamente.
Portanto, os jornalistas exercer as suas funções de forma a fazer com que as coisas mudem e que os políticos mudem de atitude.

A Direccao da Comunicação Social terá que apostar num estilo de informação que possa ser capaz de criar e manter um modelo de jornalismo independente, audacioso e destemido.

Precisa-se de um grupo de jornalistas capazes de produzir reportagens de fôlego pautadas pelo interesse público, sobre as grandes questões do país do ponto de vista da população, visando o fortalecimento do direito à informação, à qualificação do debate democrático e à promoção dos direitos humanos.

Como é do conhecimento de todos, existe material em abundância, sobre o desemprego, a violência urbana, a violência contra as crianças e contra as mulheres, lavagem de capitais, roubos institucionais, corrupções político governamentais, etc., etc..

Essas crises sociais são resultado da gestão partidarizada deste governo, com ênfase na má gestão dos parcos recursos nacionais que têm vindo a ser utilizados, ilegalmente nas campanhas e propagandas partidárias do partido que sustenta o Governo deste país de todos nós.

Penso que chegou a hora de os jornalistas todos juntarem num padrão único de funcionamento e profissionalismo, com a total liberdade jornalística exigente e uma demanda acertada do acesso aos documentos que dizem respeito às ilegalidades das instituições públicas nacionais e dos membros do governo e seus colaboradores.

Pois, exige uma postura diferente dos órgãos de informação em massa pagas com o dinheiro do povo sofredor destas ilhas.

Ao assistirmos um JORNAL DA TARDE da TCV e ter que engolir imagens e sons de conferências de imprensa/publicidades político-partidárias sentimos desrespeitados e tudo isso causa-nos uma revolta de todo tamanho, sabendo nos de que este órgão da Comunicação Social é suportada com o dinheiro de todos os cabo verdeanos contribuintes e eleitores deste país.

Caros senhores Directores e chefes dos departamentos da informação da Comunicação Social Pública, por favor tenham em conta de que o complexo paradigma da relação entre o campo jornalístico e a sociedade democrática tem uma especial importância no contributo para a "regeneração" de um espaço público local, potenciando a capacidade racional e ação cívica dos cidadãos sobre assuntos da república e deixem os jornalistas trabalharem sem represálias políticas.

Sabemos que corresponder às necessidades da opinião pública, no âmbito do dever da cidadania de qualquer órgão da Comunicação Social Nacional, alimentar o mercado das informações a favor das audiências e cativar a atenção dos cidadãos de todas as camadas sociais é um dos mais importantes desafios a conquistar numa sociedade tão partidarizada como esta em que vivemos.

Contudo, não devem esquecer que a Comunicação Social convencional, seja local ou nacional, já não tem o exclusivo da mediação informativa, pois as redes sociais estão sendo melhor e mais utilizadas do que a Televisão, a Rádio e a imprensa escrita.

Concluindo, a sociedade Cabo Verdeana está carente de um jornalismo destemido e com brio profissional para produzir reportagens que espelhem a triste e dolorosa realidade do país.

Pois, o jornalismo precisa estar sempre em renovação, para o bem da classe e da sociedade em geral.

A Voz do Povo Sofredor, em A Semana (cv)

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