terça-feira, 15 de setembro de 2015

Refugiados. António Guterres deixa Bruxelas frustrado mas determinado




O alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, disse hoje que deixa Bruxelas com um "duplo sentimento", de frustração por a União Europeia tardar em responder à atual crise, mas de determinação em encontrar soluções alternativas.

Em declarações após um encontro com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, António Guterres, que hoje já participara numa audição no Parlamento Europeu, disse ter sido "muito desagradável ver que o Conselho Europeu de ministros dos Assuntos Internos não foi capaz de tomar um conjunto de decisões absolutamente essenciais, que estariam longe aliás do desejável, mas que seriam a base mínima para haver uma resposta europeia à crise que a Europa enfrenta de movimentos de refugiados e de imigrantes".

"Mas ao mesmo tempo, (com um sentimento) de determinação, na medida em que não podemos assistir a este impasse sem agir, e por isso a proposta que fiz ao presidente da Comissão, aos diferentes comissários e à Alta Representante (da UE para os Negócios Estrangeiros) é que se passe imediatamente a um plano B", apontou.

Preconizando então um plano alternativo que passe pela criação e capacitação de centros de receção, sobretudo na Grécia, e através de um acordo com a Sérvia, e "imediata recolocação" de refugiados -- dos 40 mil já aprovados formalmente, mas também eventualmente antecipando já quotas dos países "que já disseram que aceitariam participar" no acolhimento de mais 120 mil -, Guterres disse acreditar que desse modo se crie finalmente uma dinâmica europeia.

"Se começarmos a agir imediatamente, eu estou convencido que depois o processo de decisão acabará por ratificar este movimento e que a Europa será capaz de responder. Mas essa determinação neste momento é absolutamente indispensável. Não podemos esperar porque vivemos numa situação de caos e confusão que causa enorme sofrimento às pessoas e dá uma péssima imagem da Europa", insistiu.

Segundo o responsável da ONU, "as divisões no seio da UE começam infelizmente a repetir-se a propósito de muitos temas e essa é uma tragedia para a Europa".

"Se a Europa não for capaz no mundo de hoje", com tantos desafios de vária ordem, "de agir unida, a Europa perderá cada vez mais relevo na comunidade internacional e acabará por ter uma influência cada vez menor naquilo que se passa no mundo", advertiu.

Lusa, Notícias ao Minuto

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