O
alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, disse
hoje que deixa Bruxelas com um "duplo sentimento", de frustração por
a União Europeia tardar em responder à atual crise, mas de determinação em
encontrar soluções alternativas.
Em
declarações após um encontro com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude
Juncker, António Guterres, que hoje já participara numa audição no Parlamento
Europeu, disse ter sido "muito desagradável ver que o Conselho Europeu de
ministros dos Assuntos Internos não foi capaz de tomar um conjunto de decisões
absolutamente essenciais, que estariam longe aliás do desejável, mas que seriam
a base mínima para haver uma resposta europeia à crise que a Europa enfrenta de
movimentos de refugiados e de imigrantes".
"Mas
ao mesmo tempo, (com um sentimento) de determinação, na medida em que não
podemos assistir a este impasse sem agir, e por isso a proposta que fiz ao
presidente da Comissão, aos diferentes comissários e à Alta Representante (da
UE para os Negócios Estrangeiros) é que se passe imediatamente a um plano
B", apontou.
Preconizando
então um plano alternativo que passe pela criação e capacitação de centros de
receção, sobretudo na Grécia, e através de um acordo com a Sérvia, e
"imediata recolocação" de refugiados -- dos 40 mil já aprovados
formalmente, mas também eventualmente antecipando já quotas dos países
"que já disseram que aceitariam participar" no acolhimento de mais
120 mil -, Guterres disse acreditar que desse modo se crie finalmente uma dinâmica
europeia.
"Se
começarmos a agir imediatamente, eu estou convencido que depois o processo de
decisão acabará por ratificar este movimento e que a Europa será capaz de
responder. Mas essa determinação neste momento é absolutamente indispensável.
Não podemos esperar porque vivemos numa situação de caos e confusão que causa
enorme sofrimento às pessoas e dá uma péssima imagem da Europa", insistiu.
Segundo
o responsável da ONU, "as divisões no seio da UE começam infelizmente a
repetir-se a propósito de muitos temas e essa é uma tragedia para a
Europa".
"Se
a Europa não for capaz no mundo de hoje", com tantos desafios de vária
ordem, "de agir unida, a Europa perderá cada vez mais relevo na comunidade
internacional e acabará por ter uma influência cada vez menor naquilo que se
passa no mundo", advertiu.
Lusa,
Notícias ao Minuto
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