quinta-feira, 19 de novembro de 2015

BIFURCAÇÃO OU CONVERGÊNCIA?




1 – O episódio sangrento de sexta-feira 13 de Novembro de 2015 em Paris, tendo em conta o estado do mundo e as complexas situações que vão estalando na “periferia” asiática e africana sobretudo, indiciam que o surgimento da multipolarização emergente é um parto sangrento que tem a partir deste momento a maior oportunidade de afirmação.

De facto uma multipolarização excludente dos Estados Unidos e da União Europeia é impraticável, mas para isso particularmente os membros da NATO têm de fazer uma “conversão” que até agora não tinham demonstrado disposição.

As conversações no G-20 podem entreabrir um postigo na direcção da multipolarização de que se espera!

2 – É evidente que tendo como fulcros a Síria e o Iraque, é imenso o inventário das perspectivas a abordar pelos mais diversos intervenientes, até por que os Estados Unidos demonstraram até agora ser refractários em relação ao desmantelamento do auto-proclamado Estado Islâmico.

De facto o que os Estados Unidos por via da administração democrata de Barack Hussein Obama têm reflectido em relação aos artifícios do Estado Islâmico, da Al Qaeda e dos respectivos apêndices espalhados pelo mundo, é um exercício de ambiguidade muito similar ao que por exemplo praticou em relação à África Austral e Angola (muito particularmente, antes do reconhecimento de Bill Clinton): zelosamente produziu o “efeito dominó” de forma a prolongar o exercício do “apartheid” e com isso prolongar o abuso de mão-de-obra barata (para não dizer escrava) nas estratégicas minas de ouro, platina e diamantes sujeitas ao velho estro imperialista de Cecil John Rhodes!

Com um tabuleiro pejado de “efeitos dóminó” no Oriente Médio, os Estados Unidos vão assumindo a velada geo estratégia de Israel, dividindo e dividindo o campo adversário para melhor garantir a sobrevivência dos falcões sionistas, enquanto manipulam peões ao nível duma Arábia Saudita e de outras avassaladas monarquias arábicas, que sabem que estão a lutar num tudo por tudo no que diz respeito à sua própria sobrevivência!

3 – O pesadelo de petróleo barato serve de poderoso cacete e tacitamente o auto-proclamado Estado Islâmico tem servido de argumento encoberto já com um poder de tal ordem que é extremamente útil à Arábia Saudita em relação à OPEP… é ela que tem a voz mais activa sobre os valores do barril e por isso é ela que está a chocar também aí com outros interesses fora da aliança que foi decidida no Tratado Quincy no fim da IIª Guerra Mundial, forjada entre o Presidente Roosevelt e o Rei Ibn Saud em pleno Suez!

A própria Rússia percebe isso e está a levar a cabo uma arriscada estratégia de bifurcação, que não tem outra alternativa de ir para a frente tendo em conta as experiências traumatizantes do dobrar do século com a Chechénia:

A – Ou os Estados Unidos, a NATO e os aliados arábicos convergem no sentido da vontade de multipolarização…

B – Ou continuam indefinidamente com a disseminação do caos a ponto de na União Europeia assistirem à emergência fascista, ou mesmo nazi, numa tendência que se espalhará também pelo mundo…

C – Ou estão a caminho duma conflagração que pode chegar à hecatombe nuclear em relação à qual pode haver um ponto de não retorno para a vida no planeta e para a Terra tal qual a conhecemos!

A reunião do G-20 foi importante no sentido da multipolarização, todavia há imensas provas de fogo que vêm a caminho, em busca dum consenso carregado de armadilhas, de vulnerabilidades, de constante tensão e de múltiplas vulnerabilidades!

As próximas eleições nos Estados Unidos nesse sentido, nunca foram tão dramáticas como as que irão ocorrer em 2016…

Foto do encontro Putin – Obama em Antália (reunião do G-20).

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