quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Moçambique. CINCO EX-GUERRILHEIROS DA RENAMO RENUNCIAM AS MATAS



Maputo, 12 Nov (AIM) O Ministério dos Combatentes apresentou publicamente hoje, em Maputo, um grupo de cinco homens que se afirmam ser guerrilheiros desertores da Renamo, maior partido da oposição, que decidiram abandonar as matas para integrar os processos de desenvolvimento de Moçambique.

Trata-se de Horácio Sabonete (sargento) de 47 anos; Ribeiro Namanga (sargento) 51 anos; Afonso Simon (49 anos); Ernesto Gecomia (49 anos) e João Charles (47 anos) todos soldados e naturais das províncias Zambézia, Tete e Sofala cuja história de entrada nas fileiras da Renamo tem quase a mesma descrição.

Os guerrilheiros desertores descreveram, durante a apresentação pública, histórias de muito sofrimento nas matas, primeiro durante a guerra dos 16 anos terminada em 1992, e depois no reagrupamento que resultou nos últimos confrontos que amainaram com a assinatura do Acordo de Cessação das Hostilidades.

Horácio Sabonete, que se filiou à Renamo desde os 18 anos de idade, disse ter perdido a sua juventude nas matas e que está muito arrependido, mas alegre de estar hoje na cidade, onde juntamente com os seus colegas quer levar uma vida diferente.

Apesar de nenhum deles apresentar quaisquer documentos comprovativos da sua ligação ao ex-movimento rebelde, Sabonete disse estar cansado de estar nas matas, até porque quando foram reagrupados a informação que lhes foi dada não tinha nada a ver com a guerra, mas sim dinheiro.

Muitos dos meus colegas que nada estão a fazer, senão estar no mato, querem regressar a vida civil, mas receiam o pior, disse o guerrilheiro, apontando que durante muito tempo teve o mesmo sentimento, mas decidiu ganhar coragem e se entregar.

João Charles, também sargento e natural de Sofala, disse, por seu turno, que trabalhou em Marrúnguè, província de Sofala, mas não está interessado em voltar a pegar em armas depois de 16 anos de provas difíceis, por isso, a sua entrega é a melhor opção.

O ex-guerrilheiro, que disse ser esposo e pai de seis filhos, deixa uma mensagem apelativa aos seus companheiros de trincheira no sentido de renunciarem a vida das matas e se juntarem a vida nova que as autoridades estão dispostas a oferecer a todos.

O porta-voz do Ministério dos Combatentes, Horácio Massangai, disse que a amostra de hoje é a terceira e visa essencialmente demover os outros concidadãos ainda nas matas a abandonarem a opção tomada e se juntarem ao processo de integração promovido pelo governo.

Para este caso, foi uma amostra de cinco guerrilheiros, mas existem outros que se estão a entregar a nível das províncias, disse a fonte, apontando que todos desejam ser registados como combatentes, fixar as suas pensões e não voltar ao activo.

A nível das províncias de Sofala, Manica, Zambézia e Tete há iniciativas idênticas e já levaram mais de 200 ex-guerrilheiros da Renamo a renunciar a vida de
bicho-do-mato.

O Ministério dos Combatentes atende, em todo o país, 169 mil combatentes entre veteranos da luta de libertação num universo de 76 mil e cerca de 97 mil que são combatentes da defesa da soberania e democracia.

Massangai disse que o pelouro procederá ao registo a tramitação das respectivas pensões e a emissão do seu cartão de identificação que é a fonte primária para o acesso aos demais benefícios entre eles o financiamento de projectos através do Fundo da Paz e Reconciliação Nacional.

Questionado sobre a autenticidade ou não da informação por eles avançada como sendo ex-guerrilheiros da Renamo, o porta-voz disse que o Estado tem instituições especializadas na busca de informação e as pessoas ao se entregar são submetidas a uma triagem visando aferir se são mesmo pessoas desse grupo, aliás, casos existem de homens que se entregam com as suas armas.

O apelo do governo foi sempre no sentido de a Renamo apresentar as listas que nunca foram disponibilizadas, daí não haver nenhuma base para falar do número exacto de guerrilheiros da Renamo ainda nas matas, mas porque o apelo é no sentido de manter a paz todos devem se juntar ao movimento.


(AIM) LE/DT

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