A
oposição no exílio da Guiné Equatorial acusou hoje o Presidente
equato-guineense de "violar" os requisitos da adesão do país à CPLP,
denunciando que Teodoro Obiang Nguema mantém a pena de morte e a violação dos
Direitos Humanos.
Numa
entrevista à agência Lusa, em Lisboa, o líder da Coligação Restauradora do
Estado Democrático (Cored, oposição exilada em Paris), Raimundo Ela Nsang,
disse que Obiang, ao discursar no III Congresso Extraordinário do Partido
Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), que decorreu em Malabo de 10 a 12 deste
mês, demonstrou que não tem qualquer intenção de revogar a pena de morte no
país.
Num
vídeo que o secretário-geral da Cored apresentou à Lusa, com imagens que já
estão no Youtube, pode ver-se e ouvir-se Obiang a discursar no congresso do
PDGE e a defender que quem mata duas ou três pessoas "não pode ficar
impune com vida".
No
vídeo, pode ouvir-se também Obiang, no poder desde agosto de 1979, a defender
que, aos delinquentes mais perigosos do país, se devem "cortar os
tendões" dos pés para que possam ser identificados mais facilmente pela
população.
"Além
de ser uma afronta à CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, de que a
Guiné Equatorial se tornou o nono membro em julho de 2014), constitui uma
violação aos Direitos Humanos", frisou Raimundo Nsang, que está em
digressão por vários países da Europa para apelar à comunidade internacional
que exerça pressões diplomáticas para obrigar Obiang a abandonar o poder.
Em
Portugal, depois de França e Alemanha, e face à incerteza política, o
secretário-geral da Cored não conseguiu resultados palpáveis com os partidos
políticos portugueses, prometendo voltar assim que a situação ficar
ultrapassada, com a formação de um Governo.
No
entanto, e questionado pela Lusa sobre o que pode Portugal fazer pela
democratização da Guiné Equatorial, Raimundo Nsang apelou a Lisboa para que, em
conjunto com os restantes países da União Europeia (UE), concerte esforços para
que Obiang deixe o poder antes das eleições gerais de 2016, cuja data está
ainda por fixar.
Segundo
o secretário-geral da Cored, que se afirmou disposto a candidatar-se às
presidenciais se o país abrir verdadeiramente ao pluralismo político, é
intenção de Obiang concorrer a novo mandato de sete anos para, depois, a meio,
abdicar em nome de um dos filhos.
Raimundo
Nsang considerou "revoltante" ver a pobreza que grassa no país,
"graças à distribuição de fortunas por homens do regime", e insistiu
no fim do "regime ditatorial" do Presidente equato-guineense, para
que se possam realizar eleições livres.
Para
a Cored participar nesse ato eleitoral, sublinhou o líder da antiga coligação
formada em 2013 e transformada em partido em maio deste ano, terá de se alterar
a Lei dos Partidos Políticos (os exilados não poderão participar em votações
caso estejam há cinco anos nessa situação), terá de haver a supervisão das
eleições pela comunidade internacional, um novo recenseamento eleitoral
biométrico e a presença de representantes da oposição nas mesas de voto.
"Obiang
terá uma oportunidade de sair de forma honrosa se cumprir estas condições, pois
nunca ganhará o poder com eleições livres", disse Raimundo Nsang, acusando
o Presidente equato-guineense de ter "infiltrado" pessoas da sua
confiança nos vários partidos da oposição que, no caso da Cored, já foram
identificados e expulsos.
A
acompanhar Raimundo Nsang na digressão está o representante do partido na
Alemanha, Carlos Aiyngono, e o líder do recém-criado partido são-tomense Ordem
Liberal Democrata (OLD), Albertino Francisco, antigo ministro da Juventude e
Desportos de São Tomé e Príncipe.
Lusa,
em RTP
Ver vídeo na RTP - Presidente da Guiné-Equatorial defende corte de membros a
criminosos para combater a delinquência
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