terça-feira, 10 de novembro de 2015

Portugal. HOJE É DIA DO CATRAPUM! ZÁS! CATRAPAZ!



Que hoje vai ser um dia memorável não há dúvidas. É a vontade de uns cumprida ao ver o governo de Cavaco, com Passos e Portas, a cair redondinho numa rejeição do parlamento, e outros a não quererem mudança mas que continue tudo na mesma e que Portugal seja vendido em saldos enquanto milhões de portugueses entraram na miséria ou estão a lá chegar por mais que lutem para que tal não aconteça. Nem uns nem outros vão esquecer este dia.

E depois? O que vem a seguir? Perguntem ao Cavaco. Cavaco vai manter o máximo de tempo possível este seu governo em gestão. Há muito ainda para vender de Portugal e dos portugueses aos seus comparsas da alta finança. Há muito ainda para roubar aos portugueses. Para Cavaco o que importa é fazer render o peixe, ganhar tempo, usar esse tempo para mais esbulho. Passos e Portas, seus executantes fiéis e concordantes, vão estar mais uns tempos em gestão por conta de Cavaco. Não se pense que ele daqui por uma semana ou duas empossará um governo de iniciativa maioritária da esquerda. Nem pensar. É muito provável que vejamos pelo Natal manifestações em Belém a exigir a Cavaco que indigite Costa em PM e emposse rapidamente o governo. Cavaco é uma doença que Portugal contraiu com consequências de regresso ao passado, ao autoritarismo, à direita saudosa do salazarismo. O que vem a seguir não vai ser coisa mole. Antes pelo contrário. Desiludam-se os que julgam que os tempos vão ser melhores a partir da queda do governo dos salafrários que por quatro anos exauriram Portugal e os portugueses. Vêm aí tempos de muita luta. A não ser que os portugueses já não tenham forças para lutar devido à fome, à fraqueza, às anemias, à miséria para que esta súcia de malfeitores antipatrióticos nos empurraram. Ânimo. Mais um esforço. A luta continua!

No final desta anotação. Vem aí o Expresso Curto. Nicolau Santos. De lacinho, distinto. Fiquem sabendo: ele é um grande e bom jornalista e melhor ainda como pessoa. Claro que não é perfeito, mas quem é que é perfeito? Nem Deus, um metediço que segundo dizem está em todo o lado e mete-se piolho por costura na nossa vida. Às vezes é mau. Até o ministro cheio de rabos de palha, que é da Admnisitração Interna, um tal Calvão, dá a perceber que Ele também é mau como as cobras. Olhem para Albufeira, ficou arrasada!

Hoje é dia do Catrapum! Zás! Catrapaz! Amanhã não sabemos.

Redação PG / MM

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Nicolau Santos - Expresso

Bom dia.

Este vai ser um dia amargo para uns e de alegria para outros. Vai repetir-se algo que só aconteceu em 1987, quando o primeiro governo (minoritário) de Cavaco Silva sucumbiu a uma moção de censura apresentada pelo PRD na Assembleia da República. Sabe-se o que se seguiu. O Presidente Mário Soares convocou eleições e o PSD conseguiu duas maiorias absolutas. Hoje voltamos a esse passado longínquo. O governo PSD/CDS vai, tudo o indica, sucumbir às quatro moções de censura ao seu programa que serão apresentadas pelos partidos da ala esquerda do Parlamento.

Ontem, o tom na Assembleia da Republica foi quente e muito crispado, com as bancadas de PSD e CDS a insistirem que quem ganhou as eleições foi a coligação Portugal à Frente e que, portanto, deveria ser o Governo que dela emana a governar; e os representantes das bancadas à esquerda a sustentarem que é totalmente legítimo um governo apoiado por PS, PCP, BE e Verdes, porque dispõe de uma maioria no parlamento.

Foi «um combate de golpes sujos e facadas», diz o Público, fazendo o relato do que ontem se passou na longa sessão parlamentar, que só terminou perto das 21 horas, ao fim de seis horas de sessão. As acusações sucederam-se de parte a parte. Paula Teixeira da Cruz falou em«usurpação eleitoral» e acenou com «um novo resgate».Costa Neves, o ministro dos Assuntos Parlamentares, disse que «a prioridade do PS é o poder a todo o custo para salvar a cabeça do líder». O presidente do PS, Carlos César, retorquiu, afirmando que«só a direita que se dá mal com a democracia não aceita a maioria» e que o PSD queria rebocar o PS «como um andarilho». E na sua coluna no Jornal de Notícias, a deputada do BE, Mariana Mortágua, recorre a Luís de Sttau Monteiro para intitular a sua crónica, «Felizmente há luar», para escrever, preto no branco: «Hoje é o dia de despedir Passos e Portas». E Ferreira Fernandes, no Diário de Notícias, acrescenta mesmo: «Passos tem, mais encanto na hora da despedida».

Na sua crónica na Rádio Renascença, Morais Sarmento, ex-ministro do PSD, não faz a coisa por menos: António Costa vai levar o país a um novo resgate. E o governador do Banco de Portugal não dura três meses. Por sua vez, Vera Jardim, um dos mais destacados militantes socialistas e crítico da solução governativa apoiada por forças de esquerdas, acredita mesmo assim que o Governo do PS vai durar quatro anos.

«Direita travestida de oposição, esquerda em pose de Governo»: foi assim que o Público sintetizou o primeiro dia do debate, onde o que mais irritou PSD e CDS foi o facto de António Costa se ter mantido em silêncio durante todo o debate, remetendo para a intervenção que fará hoje no final da maratona parlamentar, evitando assim entrar em confronto direto com Passos Coelho. Um silêncio que «repugnou» Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do PSD: «Repugna-me mesmo, e assumo as palavras, repugna-me que algum dirigente político, ainda por cima com a pretensão de ser primeiro-ministro, mesmo perdendo as eleições, não tenha uma palavra ao país num dia como o de hoje. É um atentado à democracia».

Cá fora, a crispação também sobe de tom. Às 13 horas, em frente à Assembleia, chegam os manifestantes que apoiam o Governo PSD/CDS. Para as 15 horas está convocada uma manifestação da CGTP. Para prevenir males maiores, a PSP admite criar um corredor que separe os dois lados.

Bom, mas se quer conhecer as 71 alterações que o PS teve de fazer ao seu programa originalpara contemplar as reivindicações de BE e PCP e chegar a um acordo parlamentar de apoio ao futuro governo socialista então tem mesmo de ler o trabalho que nada menos do que sete jornalistas do Expresso (Ana Sofia Santos, João Silvestre, João Palma-Ferreira, Joana Madeira Pereira, Margarida Fiúza, Miguel Prado e Sónia Lourenço) prepararam e que pode ler noExpresso Diário.

Pois bem, e agora? O que acontece a seguir se o programa de Governo for mesmo chumbado hoje na Assembleia da República? Bom, então nada melhor do que ler o texto do diretor do Expresso, Ricardo Costa, que se intitula precisamente «O que acontece a seguir». Para já, o Presidente da República entrará de novo em ação, ouvindo todos os partidos com assento parlamentar. Depois, logo se verá, se ficamos com um governo de gestão até o novo Presidente vir desatar o nó ou se Cavaco, mesmo a contra-gosto, dará posse a um governo do PS apoiado pela esquerda. Mas fique calmo: o Expresso avisa que a decisão pode ser demorada.

Claro que lá fora a nossa situação é seguida com atenção, mas para já o mote comum é de desdramatizar. A Wolfgang Schauble, ministro alemão das Finanças, até lhe deu para a poesia: «a vida é sempre cheia de incerteza e essa é a [sua] beleza». Schäuble disse estar «completamente convencido» de que Portugal, que foi «tão bem sucedido» ao longo dos últimos anos, irá continuar neste caminho de sucesso, independentemente do que aconteça.

Quanto ao presidente do Eurogrupo e ministro das finanças holandês, Jeroen Dijsselbloem,disse estar preparado para qualquer cenário e que em qualquer país há sempre um governo legítimo e é com ele que «vamos trabalhar». E isto num dia em que a bolsa portuguesa caiu mais de 4% e os juros da dívida nacional a dez anos subiram para 2,88% - coisa que o economista Ricardo Paes Mamede defende nada ter a ver com o que se está a passar na Assembleia da República.

Como não podia deixar de ser, voltámos a ser notícia na imprensa internacional. O alemão Die Welt escreve que «a Europa treme perante uma nova Grécia» e o norte-americano Wall Street Journal pergunta se «Portugal é a Grécia?»

O espanhol El Mundo titula que «a esquerda lusa e o fim da disciplina da troika assustam o mercado» e antecipa que este cenário poderá encontrar reprodução na vizinha Espanha, caso o Podemos integre o próximo Governo espanhol. Ainda em Espanha, o El Paissublinha o fim de «40 anos de distanciamento» entre os partidos de esquerda. O britânico Financial Times recorre a analistas do Citigroup para mostrar o receio de que «a trajetória do défice que consta no programa do PS irá provavelmente enfrentar uma oposição de Bruxelas, colocando de novo no mercado preocupações sobre a sustentabilidade orçamental portuguesa». A mesma linha segue aBBC. De uma forma surpreendente, a agência Bloomberg, ao analisar o revisto cenário macroeconómico do PS, deixa uma nota importante aos investidores: «Prevê-se que o défice orçamental fique abaixo do limite da União Europeia de 3% do PIB até 2019».

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