quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Portugal. Assassinos de colarinho branco. Morte de David Duarte pode ser julgada como homicídio




Tragédia que culminou com a morte do jovem de 29 anos teve lugar no Hospital de São José, em Lisboa, durante o último fim de semana.

David Duarte, de 29 anos, esperou dias para ser operado a um aneurisma na cabeça. A intervenção era urgente, mas como o hospital de S. José não tem equipa de neurocirurgia a trabalhar ao fim de semana, o jovem teve de esperar por segunda-feira. Contudo, não resistiu e morreu antes de chegar à mesa de operações, na madrugada de domingo para segunda-feira.

O caso está a gerar polémica e já levou a Procuradoria-Geral da República a abrir uma investigação ao sucedido. O presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro, e os administradores hospitalares Teresa Sustelo (Lisboa Central) e Carlos Martins (Lisboa Norte) demitiram-se.

Fonte do Ministério Público revelou ao Diário de Notícias que, se da investigação se concluir que David Duarte morreu por falta de meios hospitalares, então o caso passará a ser tratado como homicídio negligente, negligência médica ou omissão de auxílio. Porém, o mais provável é que a acusação seja de crime por homicídio negligente.

E quem serão os culpados? Explica o DN que os arguidos poderão ser os médicos, a administração do hospital, a Administração Regional de Saúde e até o Ministério da Saúde.

Ao que o Diário de Notícias apurou, o Hospital de S. José não só não tem equipas de neurocirurgia escaladas para trabalhar ao fim de semana, como também não tentou entrar em contacto com o Hospital de Santa Maria a fim de perceber se esta unidade hospitalar teria médicos disponíveis para levar a cabo a operação que tinha carácter urgente.

Indica também o Expresso que este não foi o primeiro caso mortal a ocorrer no S. José. Este ano já tinha morrido uma mulher também na sequência de uma hemorragia cerebral. O ano passado foram três as vítimas mortais que não resistiram ao rebentamento de aneurismas por terem de esperar que houvesse uma equipa médica disponível para levar a cabo as respetivas cirurgias.

“Eram todos menos jovens, com familiares menos proativos, tendo, por isso, passado despercebidos”, disse ao Expresso fonte do hospital que acrescentou que todos os pacientes que acabaram por morrer tinham grande probabilidade de sobreviver se tivessem sido operados a tempo.

Notícias ao Minuto - Título PG

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