quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Portugal. COSTA É AMIGO DOS BANCOS



A ajuda dos contribuintes ao BANIF não é só ao BANIF, é a todos os outros bancos e isto não nos foi explicado por quem decidiu a operação. Costa, chame-se ele primeiro-ministro António ou governador Carlos, tem de se explicar melhor.

Paulo Baldaia – TSF, opinião

O desastre provocado pela inactividade do anterior governo no caso BANIF está à vista de todos. Agora é tempo de olhar para a resolução que compromete o actual governo e o Banco de Portugal. O preço a pagar pelos contribuintes é estranhamente elevado, tendo em conta a dimensão do banco. Não houve um português que fosse que não estranhasse o valor a pagar pelos contribuintes (pode ultrapassar os três mil milhões de euros). Surpresa total para todos? Para o Santander não terá sido, porque foram eles a impor as condições do negócio.

Como o Santander só quis o "filet mignon", no anúncio da resolução ficámos com a sensação de que poderíamos recuperar algum dinheiro quando vendêssemos a entremeada, os tais activos que por serem desinteressantes transitaram para o "veículo". É, aliás, esclarecedor que o próprio ministro das finanças, falando para portugueses que chumbam no mais simples teste de literacia financeira, nos procure explicar sem tradução esta operação apressada. Veículo, explica qualquer dicionário, é um meio de transporte. Ora, este veículo a que chamaram Navigest foi pago pelos contribuintes e devia transportar os rendimentos da venda dos activos directamente para os cofres do Estado. Pois, mas segundo nos disse ontem Jorge Tomé, em entrevista à SIC-Notícias, a Navigest é do Fundo de Resolução e é para lá que vai o dinheiro. Tomé disse mais, disse que foi tudo vendido a preço de saldos e que haverá mais-valias garantidas. Para o Fundo!

O Fundo de Resolução é um organismo autónomo que pertence ao Estado, mas deve ser financiado pelos bancos do sistema. O tal sistema a que os contribuintes têm sido chamados a ajudar. O que o dito "veículo" vier a fazer de receita será contabilizado como receita do Estado, porque o Fundo é do Estado mas vai desonerar os bancos que o deviam financiar. Tão simples como isto. A ajuda dos contribuintes ao BANIF não é só ao BANIF é a todos os outros bancos e isto não nos foi explicado por quem decidiu a operação. Costa, chame-se ele primeiro-ministro António ou governador Carlos, tem de se explicar melhor.

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