A
ajuda dos contribuintes ao BANIF não é só ao BANIF, é a todos os outros bancos
e isto não nos foi explicado por quem decidiu a operação. Costa, chame-se ele
primeiro-ministro António ou governador Carlos, tem de se explicar melhor.
Paulo
Baldaia – TSF, opinião
O
desastre provocado pela inactividade do anterior governo no caso BANIF está à
vista de todos. Agora é tempo de olhar para a resolução que compromete o actual
governo e o Banco de Portugal. O preço a pagar pelos contribuintes é
estranhamente elevado, tendo em conta a dimensão do banco. Não houve um português
que fosse que não estranhasse o valor a pagar pelos contribuintes (pode
ultrapassar os três mil milhões de euros). Surpresa total para todos? Para o
Santander não terá sido, porque foram eles a impor as condições do negócio.
Como
o Santander só quis o "filet mignon", no anúncio da resolução ficámos
com a sensação de que poderíamos recuperar algum dinheiro quando vendêssemos a
entremeada, os tais activos que por serem desinteressantes transitaram para o
"veículo". É, aliás, esclarecedor que o próprio ministro das
finanças, falando para portugueses que chumbam no mais simples teste de
literacia financeira, nos procure explicar sem tradução esta operação
apressada. Veículo, explica qualquer dicionário, é um meio de transporte. Ora,
este veículo a que chamaram Navigest foi pago pelos contribuintes e devia
transportar os rendimentos da venda dos activos directamente para os cofres do
Estado. Pois, mas segundo nos disse ontem Jorge Tomé, em entrevista à
SIC-Notícias, a Navigest é do Fundo de Resolução e é para lá que vai o
dinheiro. Tomé disse mais, disse que foi tudo vendido a preço de saldos e que
haverá mais-valias garantidas. Para o Fundo!
O
Fundo de Resolução é um organismo autónomo que pertence ao Estado, mas deve ser
financiado pelos bancos do sistema. O tal sistema a que os contribuintes têm
sido chamados a ajudar. O que o dito "veículo" vier a fazer de
receita será contabilizado como receita do Estado, porque o Fundo é do Estado
mas vai desonerar os bancos que o deviam financiar. Tão simples como isto. A
ajuda dos contribuintes ao BANIF não é só ao BANIF é a todos os outros bancos e
isto não nos foi explicado por quem decidiu a operação. Costa, chame-se ele
primeiro-ministro António ou governador Carlos, tem de se explicar melhor.
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