quarta-feira, 2 de março de 2016

CONSELHO DE SEGURANÇA APROVA AGENDA DE ANGOLA



Os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovaram ontem a agenda de trabalhos, acto que marcou oficialmente o arranque dapresidência de Angola, durante este mês, à frente do órgão responsável pela paz e segurança global.

O país vai ser o porta-voz do Conselho, sem deixar de se pronunciar como membro. Os 30 dias na presidência incluem manter o órgão em funcionamento regular e ficar à frente de operações que incluem tratar dos conflitos actuais.

A presidência rotativa inclui debates abertos e uma sessão especial sobre segurança alimentar. O representante permanente de Angola nas Nações Unidas, Ismael Martins, disse ontem à Rádio ONU que há uma proposta de resolução do Conselho de Segurança sobre a região africana dos Grandes Lagos.

“A agenda principal da nossa sessão pública éa paz internacional, principalmente a prevenção de conflitos nos Grandes Lagos”, disse o diplomata, acrescentando que os conflitos têm estado muito presentes em países como a República Democrática do Congo, Burundi, Sudão do Sul, República Centro Africana e Ruanda. 

“Precisamos de pôr esses países a dialogar, olhando para a riqueza, primeiro em termos de recursos humanos, mas também os recursos naturais”, afirmou Ismael Martins,prometendo um estímulo ao diálogo nos conflitos africanos e a necessidade de acção para o desenvolvimento dessas áreas.

“A nível do Conselho, temos tido sessões sobre a Síria, o Iraque e o Iémen, quase diariamente sobre a situação humanitária, para condenar vários actos bárbaros. Portanto, chega! Durante a nossa presidência vamos continuar a dar atenção a estes conflitos e tentar encontrar as soluções mais adequadas”, sublinhou.

O papel da mulher na prevenção de conflitos africanos é o destaque de um debate aberto marcado para o fim do mês. A reunião vai seguir-se aos eventos da Comissão sobre o Estatuto da Mulher.“Teremos uma sessão sobre o papel da mulher na resolução de conflitos em África, no dia 28, com a participação de várias mulheres, já que em Março as Nações Unidas e Nova Iorque se transformam em cidade das mulheres”, disse o diplomata.

Angola pretende encerrar o mês de liderança do Conselho com uma reunião informal onde os 15 Estados-Membros e especialistas vão abordar a segurança alimentar. Marcado para o dia 29, conta com a participação do director-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e a Alimentação (FAO), José Graziano da Silva.

Compromisso do país

Em Janeiro, durante a cerimónia de cumprimentos de ano novo ao corpo diplomático, o Presidente da República garantiu fazer “tudo o que estiver ao seu alcance” para que o país corresponda às expectativas depositadas na gestão dos assuntos que constam da agenda das Nações Unidas.

“Vivemos num mundo global e plural, onde a concertação, o diálogo e a negociação motivados por uma firme vontade política devem ser o principal factor de aproximação e de relacionamento entre os Estados e as nações”, disse o Chefe de Estado angolano, para acrescentar: “acredito, com efeito, que o espírito de abertura para o diálogo, a tolerância e a prevalência da razão ou bom senso são a chave para a resolução dos problemas que hoje afectam a Humanidade”.

José Eduardo dos Santos lembrou que o mundo inteiro atravessa um período de crise económica e financeira que é agravada pela proliferação de conflitos e guerras locais e sub-regionais, de que decorrem consequências humanitárias muito graves. “Os conflitos no Médio Oriente, por exemplo, e a intensificação do terrorismo, em particular, são aqueles que, pela sua dimensão e envolvimento, têm merecido maior atenção mundial”, disse, sublinhando a urgência para que se obtenha uma solução abrangente e inclusiva, capaz de pôr termo aos problemas e assim viabilizar a estabilidade de toda a região e remover a causa principal do crescimento do número de refugiados que se dirigem para a Europa.

“Os conflitos candentes, que continuam a existir em África, são a principal preocupação dos povos deste continente. Tanto as Nações Unidas como a União Africana devem dedicar especial atenção às crises na Líbia, no Mali, na República Centro Africana, no Sudão, no Sudão do Sul, na Somália e no Burundi”, disse o Presidente angolano. José Eduardo dos Santos afirmou que a paz deve ser a primeira prioridade de todos os países e em todos os continentes, de modo a não se comprometer o destino comum. “Esse destino não pode ser outro senão o do progresso, desenvolvimento e harmonia entre os povos”.

Expansão do português

O embaixador angolano junto das Nações Unidas, Ismael Martins, revelou que a língua portuguesa vai ser ouvida durante várias sessões do Conselho de Segurança, durante a presidência angolana deste órgão. Ismael Martins destacou um aumento de interesse de vários representantes internacionais pelo idioma, durante o mês em que vai presidir rotativamente o órgão responsável pela paz e segurança globais.

Na ONU, os debates são realizados em inglês e francês, que têm o estatuto de línguas de trabalho e permitem a tradução dos documentos produzidos nas sessões. Os dois idiomas são também oficiais com o espanhol, o russo, o chinês e o árabe, o que torna possível a tradução simultânea nas intervenções.

O diplomata angolano disse que é notória a boa vontade em relação ao português, falado por cerca de 250 milhões de pessoas. “Somos vistos como um grupo aberto. Estamos nos vários continentes e essa nossa presença nos vários continentes não é rejeitada, pelo contrário, é aceite”, disse o embaixador.

O incentivo ao uso da língua portuguesa na organização foi reiterado pelo Presidente de Portugalao discursar na Assembleia Geral de 2015.Cavaco Silva reiterou que o idioma deve ser uma das línguas oficiais das Nações Unidas.

O esforço para promover o idioma e a sua diversidade geográfica tem sido feito por vários representantes da CPLP, que nos últimos anos falam português nos debates gerais do principal órgão que toma decisões das Nações Unidas.

Jornal de Angola

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