Se
não ganhou coragem no fim-de-semana, como diz a canção de Sérgio Godinho
(fim-de-semana p’ra ganhar coragem), vai ter de conseguir agora enfrentar mais
uma semana negra. Negra até no clima, com chuva e temperaturas ambiente mais baixas
que o desejado. Seja como for desejamos-lhes que passem a semana o melhor
possível. Não só o dia de hoje.
O
tema lá por fora é o Brasil e o golpe de Estado em curso. Aqui no Expresso
Curto Henrique Monteiro, nosso servidor do precioso líquido, traz essa
abordagem ao de leve. Melhor fez o nosso Flávio Mattel no despacho que fez do
Brasil sobre o tema, aproveitando uma colagem ao Correio do Brasil. Está aqui
em baixo no PG. Sirva-se. Ele diz que “É
GOLPE SIM! DILMA MAIS PRÓXIMO DE SER DESTITUÍDA”.
Dilma
cai no golpe apesar da ilegalidade? Só se não lutarem! Os nosso irmãos brasileiros estão divididos, o Brasil dividido com tanta intensidade. É o que convém aos saudosistas das
ditaduras coronelianas. A vingança dos muito ricos e sabujos da extrema direita está
a produzir os resultados esperados. Os brasileiros apoiantes dos golpistas vão
arrepender-se. Mas quando aí chegarem, a esse estado de espírito e de desespero,
já será tarde. Não existe base legal para destituir Dilma Rousseff, a não ser o
golpe político-institucional em curso. Flávio Mattel diz de suas considerações,
apoiado no Correio do Brasil e na sua vivência patriótica. Está convidado a ler.
A
idoneidade de Isabel dos Santos e dos seus está posta em causa no negócio da
bancaria. Caixa Bank quer comprar BPI mas não quer nada com Isabel. Nem os
abutres a querem, o que é sintomático. Quanto mais alto sobe… maior será o
trambolhão. Já diziam os meus avós. É isso. Parece que estamos a assistir à
queda dos que em Angola tiveram galinhas de ovos de ouro por terem sido uns
frenéticos ladrões – se quisermos não ter papas na língua. Contudo estes tempos
estão ainda longe de assistirmos à queda dos Dos Santos e do seu regime. E
depois? O que virá a seguir? Guerra em Angola? Esse é o fantasma que perdura
nas ameaças e que põe os angolanos tementes. E depois? Ocorrerá que os
angolanos melhorarão? São estes medos que fazem com que a mascarada democracia
do regime de Eduardo dos Santos perdure. Na oposição ao regime, mesmo carregada
de razões, não se vislumbra um partido político nem um líder que aglutine as
aspirações e necessidades prementes dos angolanos. Ainda Sérgio Godinho: “p'ra
melhor está bem, está bem. P'ra pior já basta assim”. É uma carga de trabalhos,
fazer as contas e baterem certas. Mas indubitavelmente o regime angolano
vigente vai ter de cair e o MPLA vai ter de proceder ao saneamento da escumalha
corrupta que faz parte do seu recheio. O MPLA tem de voltar às raízes para não
continuar a autodestruir-se. A sua credibilidade ou idoneidade está muito em
baixa. Como acontece com Isabel e seus pares. Vá ler.
Muito
mais temas são trazidos por Henrique Monteiro neste Expresso Curto. Acabemos
com esta já longa introdução. Lugar ao Expresso e às atualidades em formato
curto. Bom dia. (MM / PG)
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Henrique
Monteiro – Expresso
Isabel
dos Santos rompe acordo, Caixa Bank quer comprar BPI e Dilma cai no Parlamento
Pode
ter sido porque o Banco de Portugal e o Banco Central
Europeu não viram idoneidade bancária em nomes propostos por Isabel
dos Santos (o da própria está em análise) para a administração do BIC Portugal
(nomeadamente para substituir o CEOLuís Mira Amaral, que se reforma); há quem
diga que foi porque a Euronext, de que faz parte a Bolsa de Lisboa, não
permite a entrada do BFA angolano no leque de empresas cotadas.
O BPI diz que a culpa é da parte angolana que não cumpriu o que
estava acordado. Esta nada diz, por enquanto, salvo que havia ainda assuntos
pendentes...
Fosse o que fosse foi súbita e inesperadamente quebrado o acordo do espanhol (catalão) Caixa Bank com a filha do presidente de Angola. A ideia era os catalãesficarem com as ações da angolana no BPI e, em troca, o angolano BFA passava para o controlo de Isabel, deixando o BPI de ter lá interesses, como exigia o Banco Central Europeu. Se não está a perceber bem porque razão o BCE impunha menos exposição do BPI a Angola, é normal. Deve ser a isto que se chama alta finança, embora, se faça de golpes baixos. Alguns deles são aqui referidos por João Vieira Pereira, diretor-adjunto do Expresso, nesta intervenção na SIC.
Sem este acordo, o BPI fica sujeito a uma multa do BCE. O prazo, aliás, estava esgotado desde 10 de abril. Há um ano que se discutia esta situação e em cima da data limite pareceu estar resolvido (de acordo com a velha tradição dos três países - Espanha, Portugal e Angola - de deixar tudo para a última hora)... só que não está.
Também as relações entre os dois países (não esquecer que António Costa e Marcelo fizeram força na direção de um acordo que chegou a ser anunciado há uma semana) vão esquentar. O Governo português mandou para o Belém uma lei preparada há dois meses que desbloqueia os direitos de voto em de todos os Bancos (afeta oito instituições incluindo o BCP, diz o 'DN'). Se for aprovada permite que os espanhóis passem a dominar o BPI através de uma OPA, o que até agora a posição angolana podia vetar. Aliás. todos os jornais dão como certa essa OPA do Caixa Bank sobre a totalidade do capital do banco BPI (o Observador diz que a oferta é de 1,113 euros por ação) e o 'Correio da Manhã' titula mesmo "Isabel empurrada para fora do BPI". Mas, a solução, que Marques Mendes considerou de uma" violência enorme" contra Isabel dos Santos, deixa também vulneráveis bancos como o BCP a outras OPA; se mais acima ouvirem tudo o que Vieira Pereira disse à SIC reparam que o Millennium está muito barato...
Posto isto, o principal lesado é, para já, o próprio BPI, banco tido no mercado como sério e competente. Se não sobrar nada para os contribuintes, vamos com sorte.
Mas num domingo carregado de emoções não futebolísticas (dessas falaremos mais abaixo), Dilma foi derrotada na Câmara dos Deputados do Brasil. Se é daqueles que quer conhecer logo o resultado - 367 a favor do impeachment, 137 contra, sete abstenções e duas ausências) -, além de quem votou o quê, veja este gráfico do Estado de São Paulo que o Expresso publica. Se quer conhecer melhor o resultado e os passos seguintes, leia este texto. Se quer ter uma ideia da confusão que foi a votação e do estilo dos deputados do nosso país-irmão, veja este vídeo. O The New York Times tem, igualmente, um artigo organizado pelos passos até à destituição que vale a pena espreitar. E aqui até vê quem foram os vira-casacas de última hora.
Entretanto já se sabe que no Senado a maioria é igual, com 45 senadores dispostos a votar o impeachment (seriam precisos 41) e queDilma e a sua equipa ficaram decepcionados com as traições.
Posto isto vamos ao restante que se passou, acaso este não fosse um domingo sui-generis.
Fosse o que fosse foi súbita e inesperadamente quebrado o acordo do espanhol (catalão) Caixa Bank com a filha do presidente de Angola. A ideia era os catalãesficarem com as ações da angolana no BPI e, em troca, o angolano BFA passava para o controlo de Isabel, deixando o BPI de ter lá interesses, como exigia o Banco Central Europeu. Se não está a perceber bem porque razão o BCE impunha menos exposição do BPI a Angola, é normal. Deve ser a isto que se chama alta finança, embora, se faça de golpes baixos. Alguns deles são aqui referidos por João Vieira Pereira, diretor-adjunto do Expresso, nesta intervenção na SIC.
Sem este acordo, o BPI fica sujeito a uma multa do BCE. O prazo, aliás, estava esgotado desde 10 de abril. Há um ano que se discutia esta situação e em cima da data limite pareceu estar resolvido (de acordo com a velha tradição dos três países - Espanha, Portugal e Angola - de deixar tudo para a última hora)... só que não está.
Também as relações entre os dois países (não esquecer que António Costa e Marcelo fizeram força na direção de um acordo que chegou a ser anunciado há uma semana) vão esquentar. O Governo português mandou para o Belém uma lei preparada há dois meses que desbloqueia os direitos de voto em de todos os Bancos (afeta oito instituições incluindo o BCP, diz o 'DN'). Se for aprovada permite que os espanhóis passem a dominar o BPI através de uma OPA, o que até agora a posição angolana podia vetar. Aliás. todos os jornais dão como certa essa OPA do Caixa Bank sobre a totalidade do capital do banco BPI (o Observador diz que a oferta é de 1,113 euros por ação) e o 'Correio da Manhã' titula mesmo "Isabel empurrada para fora do BPI". Mas, a solução, que Marques Mendes considerou de uma" violência enorme" contra Isabel dos Santos, deixa também vulneráveis bancos como o BCP a outras OPA; se mais acima ouvirem tudo o que Vieira Pereira disse à SIC reparam que o Millennium está muito barato...
Posto isto, o principal lesado é, para já, o próprio BPI, banco tido no mercado como sério e competente. Se não sobrar nada para os contribuintes, vamos com sorte.
Mas num domingo carregado de emoções não futebolísticas (dessas falaremos mais abaixo), Dilma foi derrotada na Câmara dos Deputados do Brasil. Se é daqueles que quer conhecer logo o resultado - 367 a favor do impeachment, 137 contra, sete abstenções e duas ausências) -, além de quem votou o quê, veja este gráfico do Estado de São Paulo que o Expresso publica. Se quer conhecer melhor o resultado e os passos seguintes, leia este texto. Se quer ter uma ideia da confusão que foi a votação e do estilo dos deputados do nosso país-irmão, veja este vídeo. O The New York Times tem, igualmente, um artigo organizado pelos passos até à destituição que vale a pena espreitar. E aqui até vê quem foram os vira-casacas de última hora.
Entretanto já se sabe que no Senado a maioria é igual, com 45 senadores dispostos a votar o impeachment (seriam precisos 41) e queDilma e a sua equipa ficaram decepcionados com as traições.
Posto isto vamos ao restante que se passou, acaso este não fosse um domingo sui-generis.
OUTRAS
NOTÍCIAS
Um tremor de terra no Equador com a magnitude 7,8 na escala de Richter, o mais forte das últimas décadas provocou o caos na faixa costeira do país. Registado às 23h 58m de Lisboa (18h 58m locais) de sábado a 170 km da capital, Quito, é responsável já por centenas de mortos e destruição completa de alguma localidades, não só devido ao sismo como aos aluimentos de terras que se lhe seguiram. Imagens podem ser vistas nesta reportagem do The New York Times.
Depois de 14 horas de reunião em Doha, os países produtores de petróleo da OPEP a que se juntaram Rússia e México, não chegaram a qualquer conclusão, salvo marcar nova reunião em junho. As consequências não serão risonhas.
Também nos Açores, embora de fraca dimensão, um tremor de terra e um tornado criaram algum receio na população. No entanto não há danos a registar.
Na sequência de uma ideia da editora Bárbara Bulhosa e do dirigente do Bloco João Semedo, uma autêntica frente para apoiar os ativistas angolanos presos vai ser constituída. A 5 de maioPacheco Pereira, Ana Gomes e Marisa Matias estarão com as personalidades citadas, e outras como Ricardo Sá Fernandes,Ricardo Araújo Pereira, José Eduardo Agualusa ou Pilar del Rio numa sessão pública de apoio aos 17 presos políticos do casoLuaty Beirão. Algo que Angola também não verá com bons olhos, mas tem de habituar-se a que não pode fazer parte do mundo sem que o mundo olhe para o que lá vai...
Bruxelas mantém as reservas com as reversões de medidas do anterior Governo tomadas pelo atual Governo; está ainda preocupada com o aumento do salário mínimo e com o cumprimento dasmetas do défice. Recomenda no relatório final da terceira missão pós-programa de assistência que deve ser conhecido hoje, que o Executivo prepare medidas efetivas para tomar, se for necessário. A este respeito, Passos Coelho pede explicações ao Governo.
O FC Porto voltou às vitórias com uns expressivos 4-0 sobre oNacional da Madeira. Está agora a 10 pontos do Sporting, que depois de ter vencido fora o Moreirense (1-0) lidera à condição com um ponto de avanço e espera o jogo do Benfica, hoje, em casa contra o Vitória de Setúbal.
Entretanto, no clube de Pinto da Costa, foi eleito... Pinto da Costa. Os candidatos eram... Pinto da Costa. Enfim, o palpite aqui não era difícil, Sobretudo para quem ocupa o lugar há 34 anos. Mas os resultados foram fraquinhos.
O Leicester, depois de um dramático empate em casa com o West Ham, continua à frente da Liga Inglesa, com oito pontos de avanço sobre o Tottenham, que tem um jogo a menos. O Leicester que estava na divisão inferior há dois anos e que no ano passado parecia condenado à descida (ganhou sete dos últimos nove jogos) é agrande surpresa da Europa. Pela negativa, o velho campeão europeu (1982) Aston Villa está condenado à descida, apesar de contar com sete campeonatos ingleses (o último dos quais em 1981). Faltam quatro jornadas para o fim do campeonato. Em Espanha, o Barcelona sofreu mais uma derrota desta vez em casa, contra o Valência, o que permitiu que o Atlético de Madrid, que afastou os catalães das meias-finais da Liga dos Campeões, o igualasse no cimo da tabela. O Barça perdeu três jogos consecutivos e há quatro que não ganha. O Real Madrid, agora apenas a um ponto já sonha. Faltam cinco jornadas.
Os portugueses são racistas? O programa E Se Fosse Consigo? procura responder à pergunta. Estreia hoje pelas 20h50, em simultâneo na SIC e na SIC-Notícias. O programa de Conceição Lino traz testemunhos de quem sabe o que é o racismo porque já o sentiu e, a partir de uma situação encenada, procura avaliar até que ponto o que cada um diz coincide com aquilo que faz.E Se Fosse Consigo? leva cada espectador a questionar-se sobre as reações que teria na mesma situação.
E é bom não esquecer o que num mundo perfeito seria a notícia de abertura: a exposição de Amadeo de Sousa-Cardoso no Grand-Palais, em Paris,de 20 de abril a 18 de julho. Imagens e pormenores aqui.
FRASES
“Creio que neste momento transcende já a possibilidade de o Governo poder ter qualquer tipo de intervenção útil. Fizemos o que nos competia fazer, congratulámo-nos com o acordo que foi anunciado, lamentamos agora que ele não se confirme”, António Costa sobre a quebra de acordo entre Isabel dos Santos e o Caixa Bank para uma solução acionista do BPI
“O labirinto das relações difíceis entre os acionistas do BPI transferiu-se para o Governo e para o Presidente da República. António Costa já veio afirmar que o tema transcende, agora, a sua capacidade de intervenção. É tarde para sacudir a água do capote. Se o banco se vir forçado a suportar as coimas que o BCE prometeu, o assunto deixou de estar na mera esfera das relações entre um regulador e um regulado. Aterrou em cima da secretária do primeiro-ministro, por iniciativa própria”, João Cândido da Silva, no artigo ‘Ser dono disto tudo não é um mar de rosas’, no Observador
"António Costa não só não esteve mal, como esteve muito bem no caso BPI". Luís Marques Mendes, na SIC
"Verifica-se que o acordo se encontra questionado. Naturalmente aquilo que o Presidente da República entende é que, do mesmo modo que, dentro do que estava ao seu alcance, tudo fez para que se criassem as condições para que houvesse um acordo firme e rápido, da mesma maneira está atento a prosseguir o interesse nacional",Marcelo Rebelo de Sousa, ainda acerca do BPI e do acordo Isabel dos Santos Caixa Bank
"A presidenta não se demite, ela não se acovardou. Ela vai continuar lutando", José Eduardo Cardoso, advogado-geral da União sobre Dilma, depois da aprovação do impedimento ontem no Brasil (ou hoje de madrugada em Lisboa.
"A luta ainda não acabou. É preciso manter a mobilização nas ruas e no Congresso", Aécio Neves, presidente do PSDB
O QUE EU ANDO A LER
Secção que preferiria chamar o que ando a tentar ler, quando tenho tempo. Nesse momento, depois de ler jornais, assistir a noticiários televisivos, trabalhar nas crónicas que escrevo, participar nas reuniões que devo e muitos etc. pego em Ian Morris, um historiador britânico de 56 anos, professor na Universidade de Stanford, na Califórnia, autor de vários best sellers na área, como O domínio do Ocidente(2013) que, infelizmente não tem o título orginal “Por que domina o Ocidente – por enquanto” (Why the West rules – for now), considerado o livro do ano pela revista ‘The Economist’.
O mesmo Ian Morris saiu agora, também através da Bertrand, um calhamaço de mais 700 páginas intitulado Guerra! Para que Serve? com o subtítulo “O papel do conflito na civilização, dos primatas aos robôs” (que desta vez segue à risca o título em inglês). Algo me dizia que um outro autor do Expresso Curto já recomendou este livro, mas andei à procura e não encontrei (se acaso aconteceu, peço desculpa pela repetição). De qualquer modo, o livro vale a pena. Faz o repositório de vários conflitos no mundo (incluindo adescrição presenciada, em 1960, por cientistas de chimpanzés de uma comunidade procurarem deliberadamente um chimpanzé de outra tribo e matá-lo, sem qualquer objetivo previsível. Este crime abriu um conflito de três anos… E o mais curioso é que na Idade da Pedra se estima que um entre cada cinco a 10 seres morriam violentamente devido a conflitos. Hoje em dia, apesar das armas de destruição maciça, das armas nucleares e de todo o arsenal esse número é inferior a uma pessoa em cada 100. “Estranhamente a matança tornou o mundo mais seguro”. Parece um contrassenso, mas o mundo está cheio de coisas que não parecem o que são.
E é tudo. Logo às seis da tarde chega o Expresso Diário. Mais cedo, por volta desta hora, temos mais um Curto.
Bom dia e boa semana de trabalho!
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