quinta-feira, 7 de abril de 2016

LÍDER DE PARTIDO DA OPOSIÇÃO NA GUINÉ EQUATORIAL DIZ-SE IMPEDIDO DE VIAJAR



O líder do partido da oposição Candidatura Independente da Guiné Equatorial disse estar impedido de viajar para Bata, na parte continental do país, onde pretendia realizar uma manifestação no domingo, que foi proibida.

O líder do partido da oposição Candidatura Independente da Guiné Equatorial disse hoje à Lusa estar impedido de viajar para Bata, na parte continental do país, onde pretendia realizar uma manifestação no domingo, que foi proibida.

O partido Candidatura Independente (CI) convocou uma manifestação “democrática, popular e pacífica” para domingo em Bata para exigir a sua “legalização”.

Contactado pela Lusa, o líder do partido da oposição, Gabriel Nzé Obiang Obono, afirmou hoje ter recebido informações de que “o governador proibiu a manifestação”.

O partido reclama a sua legalização, depois de o Governo equato-guineense ter aberto um processo de regularização das forças políticas da oposição. “O Governo veio dizer que temos de mudar o nome do partido”, explicou o responsável partidário, que regressou à Guiné Equatorial em outubro de 2014, depois de 13 anos exilado em Espanha.

“Fizemos todos os procedimentos conforme a lei e no momento de aprovar o partido, o Governo vem dizer que temos de mudar o nome. Estivemos na mesa de diálogo [promovida há um ano pelo Presidente, Teodoro Obiang] com este nome. O ministro do Interior aprovou o nome, e no Conselho de Ministros, sem estarem apoiados em qualquer lei, dizem que devemos mudar o nome do partido por razões políticas”, afirmou.

Gabriel Obono salientou que “no Conselho de Ministros são todos membros do partido governamental”, o Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), e questionou: “Como é que eles vão influenciar o nome de um partido contrário?”.

O CI pretende reclamar o direito de participar nas eleições presidenciais previstas para o próximo ano, adiantou. “Queríamos manifestar-nos em Bata por esta causa, para que possamos participar na democracia”, disse.

No entanto, Gabriel Obono disse estar impedido de viajar de Malabo (capital da Guiné Equatorial, na parte insular do país) para Bata (na parte continental, onde se localiza a residência oficial do Presidente, Teodoro Obiang, no poder desde agosto desde 1979).

“Comprámos os bilhetes ontem. Agora dizem que o PDGE reservou todo o avião e que o nosso bilhete fica suspenso até às 18:00. Eu corro perigo ao chegar a Bata de noite. Queríamos um voo de dia, porque eu sei que à noite me podem assassinar. Há insegurança, pode haver atentados”, disse, acrescentando: “São manobras do regime. Fazem barbaridades”.

Para Gabriel Obono, no seu país existe “uma ditadura irracional”.

O responsável do partido da oposição afirmou que o Governo “quer ganhar as eleições à força”.

“Faz falta uma intervenção internacional. Não há liberdades nem reformas”, criticou.

O partido de Teodoro Obiang realiza entre os dias 10 e 12 de novembro um congresso extraordinário para preparar o programa do partido para concorrer às eleições presidenciais do próximo ano, que também elegerá o candidato a chefe de Estado para os próximos os próximos anos.

Em comunicado divulgado esta terça-feira, a CI referiu que convocou uma manifestação para 08 de novembro na “Praça da Liberdade”, em Bata, “com o firme propósito de exigir ao Governo” do Presidente “o reconhecimento dos direitos civis e políticos, legalizando o partido”.

A Guiné Equatorial, o único país de língua espanhola no continente africano, integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde julho de 2014.

Lusa, em Observador – Foto: Paulo Novais

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