O
primeiro-ministro defendeu hoje que o modelo de economia competitiva que
pretende construir "não pode assentar em baixos salários e na limitação
dos direitos dos trabalhadores", considerando o combate à precariedade uma
prioridade absoluta.
"Cada
posto de trabalho que corresponda a uma necessidade permanente do Estado tem de
originar um vínculo estável e digno", refere António Costa num artigo de
opinião no Diário de Noticias de hoje, Dia do Trabalhador.
António
Costa considera que "pôr fim às situações de precariedade laboral no setor
público é essencial para termos um Estado mais eficiente, capaz de prestar
melhores serviços".
O
Estado, acrescenta, tem de ser o primeiro a dar o exemplo, mas o combate à precariedade
deve envolver toda a sociedade.
Na
opinião do primeiro-ministro deve ser reforçada a fiscalização, melhorados os
instrumentos de verificação de vínculos ilegais e promovida a estabilidade
laboral através de incentivos às empresas.
Em
paralelo com as medidas de combate à precariedade, defende o primeiro-ministro,
a dignificação do trabalho e das relações laborais pressupõe a valorização do
diálogo social e a criação de condições que permitam reforçar a negociação
coletiva.
António
Costa considera fundamental a aposta nas qualificações dos jovens, mas também
dos adultos.
"Só
uma sociedade qualificada tem a capacidade de aproveitar as oportunidades da
revolução tecnológica", refere António Costa adiantando que o caminho
"tem de ser feito assegurando que a necessidade de flexibilidade económica
não se constrói sobre os escombros do Estado Social".
O
primeiro-ministro considera assim fundamental reforçar o diálogo social e a
negociação coletiva, de forma a assegurar que as alterações provocadas pelos
avanços tecnológicos se refletem num ajustamento positivo das relações
laborais.
"O
aumento da competitividade, neste quadro de transformação tecnológica, não
poderá perder de vista a defesa da dignidade do trabalho", adverte António
Costa, adiantando que "não há industria 4.0 sem recursos humanos
qualificados e estes só existem com trabalho digno".
A
produtividade do mundo de hoje, defende, constrói-se com diálogo social,
atraindo e fixando recursos humanos qualificados e investindo na formação ao
longo da vida.
"Agora
e no futuro, temos de garantir que o trabalho será sempre trabalho com
direitos", disse, acrescentando que "não foi um acaso histórico que a
primeira grande manifestação popular depois do 25 de Abril tenha sido no Dia do
Trabalhador" e que o seu legado "nunca fez tanto sentido".
O
artigo do primeiro-ministro surge um dia depois de o líder da CGTP, Arménio
Carlos, não excluir a hipótese de avançar com uma greve geral.
Numa
entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, Arménio Carlos declarou que
"todas as hipóteses estão em cima da mesa", remetendo para o Governo
a responsabilidade pela "resolução atempada dos problemas".
"Pela
nossa parte, estamos disponíveis para a resolver pela via da negociação. Não
podemos é continuar a assistir a que os mesmos que falam no diálogo social e na
importância do diálogo social depois deem cobertura ao bloqueio da negociação
da contratação coletiva", especificou Arménio Carlos.
Lusa
| Notícias ao Minuto
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