O
antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano afirmou hoje em Maputo que a
auditoria às dívidas ocultas vai ajudar a promover a transparência na gestão
dos recursos públicos e a reconquistar a credibilidade internacional do país.
As
recomendações do relatório da auditoria "vão ajudar a melhorar o uso do
nosso dinheiro e dos nossos recursos", disse Chissano, em declarações a
jornalistas, na Praça dos Heróis, onde esteve presente nas celebrações do dia
da independência nacional.
oaquim
Chissano, que chefiou o Estado entre 1986 e 2005, assinalou que a divulgação do
sumário do relatório da auditoria internacional independente à dívida pública
de Moçambique também vai ajudar o país a recuperar a confiança dos parceiros
internacionais.
"A
confiança está a ser reconquistada", acrescentou Joaquim Chissano.
Por
seu turno, Armando Guebuza, sucessor de Joaquim Chissano e cujo Governo
avalizou as chamadas dívidas ocultas, escusou-se a comentar o relatório,
afirmando que ainda não leu o documento.
"Não
li o relatório", declarou Armando Guebuza, aos jornalistas, na Praça dos
Heróis, em Maputo.
A
Procuradoria-Geral da República de Moçambique (PGR) divulgou, no sábado, o
sumário do relatório da auditoria que a firma norte-americana Kroll realizou
aos mais de dois milhões de dólares (1,7 mil milhões de dólares) que o Governo
moçambicano avalizou entre 2013 e 2014, a favor de uma empresa de pesca de atum
e de duas firmas ligadas à segurança marítima.
Segundo
a PGR, a auditoria às dívidas ocultas de Moçambique deixou por esclarecer o
destino dos dois mil milhões de dólares contraídos por três empresas estatais
entre 2013 e 2014.
"Lacunas
permanecem no entendimento sobre como exatamente os 2.000 milhões USD foram
gastos, apesar dos esforços consideráveis" para esclarecer o assunto,
refere a PGR em comunicado sobre a investigação feita pela consultora
internacional Kroll.
Por
outro lado, "a auditoria constatou que o processo para a emissão de
garantias pelo Estado parece ser inadequado, sobretudo no que respeita aos
estudos de avaliação que devem ser conduzidos, antes da sua emissão",
acrescenta-se.
O
escândalo das dívidas ocultas rebentou em abril de 2016 - a dívida de 850
milhões de dólares da Ematum era conhecida, mas não as de 622 milhões dólares
da Proindicus e de 535 milhões de dólares da MAM - e atirou Moçambique para uma
crise sem precedentes nas últimas décadas.
Os
parceiros internacionais suspenderem apoios, a moeda desvalorizou a pique e a
inflação subiu até 25% em 2016, agravando a vida naquele que é um dos países
mais pobres do mundo.
O
reatamento das ajudas internacionais ficou dependente da realização desta
auditoria independente às dívidas.
O
Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou, no sábado, que vai enviar uma
missão técnica a Maputo em julho, para avaliar a situação, tendo considerado
que a auditoria às dívidas ocultas de Moçambique deixou pontos por esclarecer.
"O
relatório sumário contém informação útil sobre como os empréstimos foram
contraídos e sobre os ativos adquiridos pelas empresas. Contudo, persistem
lacunas de informação, em particular no que respeita ao uso dos fundos dos
empréstimos", justificou o FMI, em comunicado.
Lusa
| Notícias ao Minuto | Foto Lusa
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