Mudanças promovidas pelo
Presidente João Lourenço, em 2017, geraram otimismo e expetativas entre os
cidadãos. Mas, para economista Josué Chilundulo, não garantem melhoria de vida
para as famílias.
O ano de 2017 não foi fácil para
muitos angolanos, por causa da crise económica e financeira que continua a
assolar o país. Muitas empresas fecharam as portas e centenas de cidadãos
caíram no mundo do desemprego. Nascimento Alberto Correia é um destes
desempregados.
"Já estou há seis meses
desempregado. Este período todo, ficamos sem trabalhar e temos que desenrrascar
a vida. Agora, vamos ver como será o próximo ano com esse novo Presidente, o
novo líder que temos agora. Estamos a ver que está a mudar um pouco", diz.
João Lourenço tomou posse como
Presidente da República de Angola, a 26 de setembro de 2017, na sequência das
eleições gerais de 23 de agosto - ganhas pelo Movimento Popular de Libertação
de Angola (MPLA).
No seu discurso de fim de ano,
garantiu que 2018 será melhor para os angolanos.
Tomás Alberto Badila é lavador de
automóveis numa das ruas do município de Viana, em Luanda. Está otimista.
"Eu espero que o Governo
melhore tudo de bom que está a prometer para juventude. A juventude tem
uma força, tem uma boa força", avalia.
Heranças de 2017
Desde que se tornou chefe de
Estado, João Lourenço efetuou várias exonerações. Uma das mudanças aplaudidas
pelos cidadãos foi a retirada de Isabel dos Santos, filha do Presidente
cessante, do cargo de Presidente do Conselho de Administração da Sonangol -
principal fonte de receitas do Orçamento Geral do Estado (OGE).
Mas será que, com todas essas
mudanças, o bolso dos angolanos também sairá beneficiado? Ou o cinto vai
apertar ainda mais?
"Por conceito, as
exonerações e nomeações não têm uma relação objetiva com a mudança ou, se
quisermos, com a melhoria do bem-estar das famílias em Angola. A razão de ser
delas, pelo menos é isso que se transparece, é a questão da busca da eficiência
governativa. Isso é igual a termos um Governo mais pragmático, mais próximo dos
cidadãos e um Governo mais sensível", responde o economista angolano Josué
Chilundulo.
Muitos angolanos entram com
incertezas em 2018, apesar do renascimento da esperança - fruto dos sinais que
estão a ser dados pelo novo Governo. Josué Chilundulo diz que espera sentir as
mudanças na prática.
"O que nós temos estado a
perceber é que, do ponto de vista prático, as intenções na generalidade estão
descritas. Mas a dinâmica como estas políticas públicas vão ser transformadas é
que deixam algunspontos de interrogação", considera o economista.
Momento ainda é de crise
O mercado cambial angolano
debate-se com a escassez de divisas.
Uma das saídas apontadas por
alguns especialistas é a desvalorização do kwanza, a moeda nacional.
Para o Josué Chilundulo,
"qualquer implementação deste processo nos próximos seis meses implicaria
o sacrifício das famílias angolanas".
"Estamos com a inflação
acumulada muito acima dos 40%. Temos um índice de desemprego muito elevado. A
pobreza agudizou-se. Somos uma economia que depende, exclusivamente,
da importação. Temos baixo nível de rentabilização das famílias. Mais
grave do que tudo isso é que, por enquanto, tudo que se produz neste país
depende também de importações", explica.
O economista aponta alguns passos
que devem ser dados para se melhorar a economia angolana em 2018.
"Primeiro passo é qualidade
do gasto público. É o Estado direcionar o seu gasto, a ponto de provocar um
efeito multiplicador sobre as empresas prestadoras de serviço ao Estado.
Segundo aspecto é o Estado desenvolver uma política protetora aos pequenos
pontos de produção que existem", conclui.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche Welle
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