quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O Teatro de Marionetas do Porto faz 30 anos. A festa está quase a começar


A festa vai ser em grande e longa. Começa este mês e só termina no final do ano, com a reposição de 12 peças.

Os últimos trinta anos foram sinónimos de vitalidade e para o futuro deseja estabilidade. Isabel Barros faz assim a ponte entre o passado e o que está para vir. Não está no Teatro de Marionetas do Porto desde o dia um, em 1988. Chegou cinco anos depois, movida por um sentimento maior. "Eu estava muito apaixonada e aproximei-me deste universo por via dessa paixão."

A partir do final da década de 80 percorreu todos os contratempos e todas as vitórias ao lado de João Paulo Seara Cardoso, que idealizou o Teatro de Marionetas do Porto, lhe deu corpo e vida até 2010. Isabel Barros pegou na direção do projeto, em plena crise. A criação do Museu de Marionetas, desejado por Seara Cardoso, foi o desígnio que abraçou como imperativo.

"Viver é uma luta e trabalhar nestas áreas também. Houve anos complicados como em 2009, com os cortes no apoio às artes."

"Fausto" é a primeira peça a regressar ao palco. Até dezembro serão repostas peças, mas em outubro há uma estreia prometida e já tem nome: "Quem sou eu" e envolve a população sénior da freguesia de Campanha, no Porto, que vai ter um papel ativo quer na interpretação, quer, até, na escrita do texto."

No próximo mês, a 4 de fevereiro será lançado o livro "As Marionetas Não Morrem". A obra conta a vida do teatro da abertura à criação do museu. João Paulo Seara Cardoso é o protagonista da história, na continua a marcar presença.

"A sua forma de estar e trabalhar era muito forte e está presente de forma implícita", afirma Isabel Barros.

Rui Queiroz de Matos é um dos 10 elementos da equipa. Ator de formação, nunca se imaginou entre marionetas, até ao dia em que se cruzou com João Paulo Seara Cardoso. Na peça "Fausto" manipula vários bonecos, mas nunca escondido, nem na sombra. Rui Queiroz de Matos diz que esta transparência perante o público também o cativou para trabalhar com marionetas.

"O João Paulo idealizou um teatro com marionetas e não de marionetas. O foco é tudo: o boneco, o ator, a dança, a música, o vídeo... O ator não está escondido."

Rui partilha o palco, em "Fausto", com Mário Moutinho, veterano e que acompanhou o início deste projeto. De João Paulo Seara Cardoso recorda a paixão de sempre por marionetas e o legado que deixou.

Com as reposições agendadas para os próximos meses, o Teatro de Marionetas do Porto faz a festa dos 30 anos. Isabel Barros antevê o cruzamento de muitas gerações. O público, diz a diretora, é fiel e com o passar dos anos, os filhos do passado vêm agora no papel de pais.

Para os anos que se seguem, Isabel Barros expressa dois desejos: estabilidade e tranquilidade.

Sónia Santos Silva | TSF

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