A festa vai ser em grande e
longa. Começa este mês e só termina no final do ano, com a reposição de 12
peças.
Os últimos trinta anos foram
sinónimos de vitalidade e para o futuro deseja estabilidade. Isabel Barros faz
assim a ponte entre o passado e o que está para vir. Não está no Teatro de
Marionetas do Porto desde o dia um, em 1988. Chegou cinco anos depois, movida
por um sentimento maior. "Eu estava muito apaixonada e aproximei-me deste
universo por via dessa paixão."
A partir do final da década de 80
percorreu todos os contratempos e todas as vitórias ao lado de João Paulo Seara
Cardoso, que idealizou o Teatro de Marionetas do Porto, lhe deu corpo e vida
até 2010. Isabel Barros pegou na direção do projeto, em plena crise. A criação
do Museu de Marionetas, desejado por Seara Cardoso, foi o desígnio que abraçou
como imperativo.
"Viver é uma luta e
trabalhar nestas áreas também. Houve anos complicados como em 2009, com os
cortes no apoio às artes."
"Fausto" é a primeira
peça a regressar ao palco. Até dezembro serão repostas peças, mas em outubro há
uma estreia prometida e já tem nome: "Quem sou eu" e envolve a
população sénior da freguesia de Campanha, no Porto, que vai ter um papel ativo
quer na interpretação, quer, até, na escrita do texto."
No próximo mês, a 4 de fevereiro
será lançado o livro "As Marionetas Não Morrem". A obra conta a vida
do teatro da abertura à criação do museu. João Paulo Seara Cardoso é o
protagonista da história, na continua a marcar presença.
"A sua forma de estar e trabalhar
era muito forte e está presente de forma implícita", afirma Isabel Barros.
Rui Queiroz de Matos é um dos 10
elementos da equipa. Ator de formação, nunca se imaginou entre marionetas, até
ao dia em que se cruzou com João Paulo Seara Cardoso. Na peça
"Fausto" manipula vários bonecos, mas nunca escondido, nem na sombra.
Rui Queiroz de Matos diz que esta transparência perante o público também o
cativou para trabalhar com marionetas.
"O João Paulo idealizou um
teatro com marionetas e não de marionetas. O foco é tudo: o boneco, o ator, a
dança, a música, o vídeo... O ator não está escondido."
Rui partilha o palco, em
"Fausto", com Mário Moutinho, veterano e que acompanhou o início
deste projeto. De João Paulo Seara Cardoso recorda a paixão de sempre por marionetas
e o legado que deixou.
Com as reposições agendadas para
os próximos meses, o Teatro de Marionetas do Porto faz a festa dos 30 anos.
Isabel Barros antevê o cruzamento de muitas gerações. O público, diz a
diretora, é fiel e com o passar dos anos, os filhos do passado vêm agora no
papel de pais.
Para os anos que se seguem,
Isabel Barros expressa dois desejos: estabilidade e tranquilidade.
Sónia Santos Silva | TSF
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